Mamona
Importância socioeconômica
Autores
Maria Auxiliadora Lemos Barros - Embrapa Algodão
Gilvan Alves Ramos - Embrapa Algodão
O óleo extraído das sementes de mamona (Ricinus communis L.) é um dos mais nobres existentes no mercado mundial, e o Brasil é um dos seus maiores produtores. Os preços do óleo de rícino praticados na última década no mercado mundial são compensadores, para a produção e comercialização, o que deu novo status à ricinoquímica (indústria química que utiliza o óleo de mamona para a fabricação de qualquer produto). Esta indústria tem se modernizado após ser alvo de renovado interesse empresarial de produtores, de exportadores e de industriais.
A importância social do cultivo da mamoneira no Brasil está no envolvimento de grandes contingentes de agricultores familiares, especialmente no Semiárido baiano. O destaque entre as regiões produtoras é Irecê, no Estado da Bahia. Nessa região a mamona é grande empregadora de mão de obra, no período de entressafra das culturas de grãos.
Nos últimos dez anos mantiveram-se praticamente inalterados parâmetros, como área plantada, produtividade e produção, indicando que ações da indústria ricinoquímica nas compras com preços mínimos acima dos apresentados pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), bem como os avanços tecnológicos permitidos pelo sistema nacional de inovação, viabilizaram regularmente as atividades dos agentes produtivos e abasteceram o mercado interno, mantendo o nível das históricas exportações de óleo de mamona. Na década passada, a indústria ricinoquímica comprou a produção de bagas de mamona, que garantiu as atividades regulares das indústrias sem maiores sobressaltos diante da movimentação que a cultura da mamona teve por meio de ações do governo federal, como o “Selo Combustível Social”, com as reduções tributárias, PIS/PASEP e COFINS, e que eram formas de se buscar a introdução da produção de biodiesel no Semiárido brasileiro.
Contudo, e independente disso, as informações seguintes divulgadas pelo governo federal demonstram que a produção de mamona continua estratégica para o Brasil atual: - “... quando for produzido o biodiesel puro (B100) haverá a diminuição das emissões de monóxido de carbono (CO) no território nacional em 48%; as de dióxido de enxofre (SO2) , causadores da chuva ácida, em 100%, e as de fumaça preta (material particulado que causa problemas respiratórios) em 47%. Outra vantagem importante será a substituição de importações. O Brasil consome 37 bilhões de litros de diesel por ano, dos quais 6 bilhões de litros (cerca de 15%) são importados, ao custo anual de US$ 1,2 bilhão. O Brasil ainda tem a necessidade de importar diesel comum, uma vez que boa parte do óleo extraído no País não tem qualidade para produção daquele combustível”. Passada quase uma década da instituição do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, ainda é necessário manter incentivos para que investimentos na utilização de mamona como matéria-prima para biodiesel não sejam atraídos para outras oleaginosas.