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Mamona
Mercado
Conteúdo atualizado em: 23/02/2022
Autores
Gilvan Alves Ramos - Embrapa Algodão
Maria Auxiliadora Lemos Barros - Embrapa Algodão
Os maiores produtores de baga e óleo de mamona no panorama internacional são Índia, China, Brasil e Moçambique, que ditam os preços do produto no mercado internacional. O mercado mundial é de aproximadamente 800.000 t (oitocentas mil toneladas). Considerando a capacidade de produzir e exportar produtos da mamoneira, a liderança isolada é da Índia, que é quem concorre com o Brasil; diferentemente da China, pois a economia chinesa consome toda sua produção internamente, ou seja, ela não participa desse mercado internacional. Trata-se de um mercado ditado por uma série de fatores, os quais fizeram o preço se elevar desde 2004, graças principalmente à redução da safra americana de soja e ao crescente aumento da importação de oleaginosas pela China.
No Brasil um pequeno excesso de oferta pode causar uma grande queda nos preços. O Brasil conta com capacidade instalada de cerca de 160 mil toneladas/ano nas principais empresas esmagadoras de baga de mamona, considerando-se, para fins de cálculo, 200 dias úteis de processamento industrial.
A questão da disponibilidade de matéria-prima estará equacionada pelo aumento sustentado da produção interna de bagas de mamona, o que atende às necessidades das principais empresas esmagadoras existentes na Bahia, São Paulo e Minas Gerais.
Para que toda a problemática da cadeia produtiva da mamona seja resolvida em prazo mais longo, torna-se essencial que sejam estabelecidos relacionamentos entre os produtores da matéria-prima e os empresários da indústria de esmagamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades de continuação de existência de cada um deles. Na história das Políticas Públicas dirigidas para a cultura da mamoneira, os agricultores familiares, em especial os do Semiárido, foram desafiados por diversas vezes pelos governos a plantar sob promessa das produções serem compradas por preços melhores que os historicamente praticados no mercado; ao não se cumprir o que estava estipulado nessas políticas, terminou por frustrar e gerar descrença em relação ao potencial econômico da oleaginosa. Atualmente, o Programa de Biodiesel da Petrobras (PBio) tem a missão de reanimar o mercado, colocando dinheiro para compras de safras; criando mercado cativo onde haja tradicionalmente plantios de mamona; oferecendo acompanhamento técnico adequado, distribuição de sementes com potencial de produtividade e colheita e armazenagem garantidas; dando segurança aos agricultores, tudo sob contrato de 5 anos; e com a Petrobras dando a contrapartida financeira. O objetivo é estruturar a cadeia produtiva da mamona a partir da agricultura familiar brasileira. A Petrobras procura trabalhar com a parceria dos governos estaduais (Emater, etc.) e com as cooperativas de produção dos agricultores familiares. No entanto, a estrutura organizacional dos agricultores familiares ainda é muito frágil, não existindo organizações que possam facilitar a implementação dos projetos de forma representativa.