Doenças

Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autores

Dartanhã José Soares - Embrapa Algodão

Wirton Macedo Coutinho - Embrapa Algodão

Alderi Emídio de Araújo - Embrapa Algodão

 

MOFO-CINZENTO

Agente causal: Botryotinia ricini (Godfrey) Whetzel [= Amphobotrys ricini (N.F. Buchw.) Hennebert].

Condições favoráveis: Ocorrência de temperaturas amenas (20 °C – 24 °C) e alta umidade (maior que 85%) durante o florescimento.

Sintomas e desenvolvimento da doença: O patógeno afeta principalmente as inflorescências da planta em qualquer estágio de seu desenvolvimento, causando, inicialmente, pequenas manchas de coloração cinza-azulada. Em condições climáticas favoráveis, o fungo se desenvolve abundantemente sobre as flores femininas e masculinas antes da antese (abertura) ou frutos em desenvolvimento. Partes da inflorescência afetadas pelo fungo podem se desprender e, quando em contato com outros órgãos da planta (folhas, pecíolos, raque), podem produzir novos pontos de infecção. O patógeno é facilmente disperso pelo vento, o que pode ser observado pelo desprendimento de nuvens de esporos (unidades propagativas do fungo). O patógeno pode ainda ser disseminado por insetos e pela semente. Dependendo do estágio em que ocorre a doença, esta pode afetar o teor de óleo e a qualidade das sementes. No início da ocorrência da doença usualmente se observa a presença do patógeno em poucas inflorescências ou frutos; no entanto, se persistirem condições climáticas favoráveis, em poucos dias a doença pode afetar todas as plantas da lavoura.

Manejo: Não existe cultivares resistentes a esta doença disponíveis no Brasil, assim como não existem fungicidas registrados para a cultura; contudo, estudos têm permitido concluir que procimidona e iprodiona são eficientes no controle do patógeno, desde que aplicados quando constatados os primeiros sintomas da doença. Ressalta-se, entretanto, que, dependendo das condições climáticas, a relação custo/benefício não é vantajosa, por causa da necessidade de aplicações sucessivas destes fungicidas. Dessa forma, a melhor estratégia disponível é o plantio em locais ou em épocas desfavoráveis a ocorrência da doença, evitando que o florescimento coincida com a época chuvosa.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 1. Sintomas iniciais do mofo-cinzento.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 2. Inflorescência destruída pelo mofo-cinzento.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 3. Sintomas do mofo-cinzento nos frutos.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 4. Sintomas do mofo-cinzento no pecíolo foliar.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 5. Sintomas do mofo-cinzento na folha.

 

 

PODRIDÃO NEGRA DO CAULE


Agente causal: Macrophomina phaseolina (Tassi) Goid.

Condições favoráveis: Baixa umidade do solo associado a altas temperaturas provocam estresse na planta e favorecem a ocorrência da doença; assim como o cultivo sucessivo de plantas hospedeiras aumenta a quantidade de inóculo do patógeno no solo, favorecendo a infecção.

Sintomas e desenvolvimento da doença: Os sintomas na parte aérea usualmente se confundem com aqueles da murcha de Fusarium e são caracterizados pelo amarelecimento das folhas e murcha da planta, podendo ou não haver escurecimento do caule. Na parte subterrânea, os sintomas são mais característicos, e pode ocorrer necrose parcial ou total da raiz e do colo da planta, com o desprendimento da camada cortical da raiz; com o decorrer do tempo, a podridão evolui da raiz em direção ao caule, tornando-se parcial ou totalmente enegrecida. Nesta fase, é mais fácil distinguir a podridão de Macrophomina da murcha de Fusarium, uma vez que pode ser observada, na parte interna do caule, a presença de pequenas estruturas negras arredondadas que correspondem aos microescleródios do fungo. O patógeno sobrevive por vários anos no solo e em restos de cultura e é capaz de infectar uma ampla gama de plantas, como, por exemplo, feijão, girassol, gergelim entre outras.

Manejo: Não existem informações sobre variedades resistentes a esta doença no Brasil. O tratamento químico das sementes pode retardar o desenvolvimento da doença, mas não protege a planta durante todo o ciclo da cultura. A melhor estratégia para controlar a doença é o plantio em locais livres do patógeno, além de um manejo adequado da irrigação, eliminação dos restos culturais, e a rotação de culturas com espécies não hospedeiras, principalmente gramíneas. Por se tratar de um patógeno que sobrevive no solo, não se recomenda o controle químico das plantas infectadas.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 6. Planta de mamoneira com sintomas de podridão do caule causado por Macrophomina phaseolina. sdadaçflksfsf

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 7. Detalhe do caule de uma planta infectada por M. phaseolina onde é possível observar a presença de microescleródios do fungo.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 8. Detalhe interno do caule de uma planta de mamoneira em estágio avançado de infecção por M. phaseolina nota-se adensa presença de pontuações negras que correspondem aos microescleródios do fungo.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 9. Planta de mamoneira apresentando sintomas da podridão negra causada por M. phaseolina onde é evidente o enegrecimento do sistema radicular e da região do colo da planta.

 

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 10. Planta de mamoneira apresentando sintomas da podridão negra causada por M. phaseolina onde é evidente o enegrecimento do sistema radicular e da região do colo da   planta.

 

 

MURCHA DE FUSARIUM


Agente causal: Fusarium oxysporum f.sp. ricini L.W. Gordon

Condições favoráveis: Solos de textura leve (arenosos) e temperaturas amenas (22 ºC  26 ºC) associadas à presença de nematoides, que causam ferimentos nos tecidos radiculares da planta, são fatores preponderantes para o estabelecimento do patógeno. Temperaturas mais elevadas podem favorecer a expressão dos sintomas.

Sintomas e desenvolvimento da doença: Os sintomas iniciais da doença são caracterizados pela perda de turgescência, amarelecimento e queda das folhas mais velhas; com a evolução dos sintomas, é possível observar o amarelecimento generalizado da planta, levando a morte parcial de ramos ou de toda planta. À medida que a doença progride, pode haver enegrecimento externo do caule, o que muitas vezes é confundido com sintomas da podridão negra causada por M. phaseolina. Nesta fase, para se distinguir a murcha de Fusarium da podridão negra é necessário observar o caule internamente. No caso da murcha de Fusarium, ocorre o escurecimento dos vasos condutores da planta, podendo ser observada também a presença de micélio (estruturas do fungo) esbranquiçado no interior dos entrenós, diferentemente da podridão negra, onde se observa, internamente, a presença de pontuações negras arredondadas, que são as estruturas de resistência (microescleródios) de M. phaseolina. O patógeno sobrevive por vários anos no solo e em restos de cultura sua dispersão ocorre principalmente pelo transporte de partículas de solo contaminado, pela movimentação de máquinas no campo de cultivo, e por meio de sementes contaminadas.

Manejo: Cultivares com níveis elevados de resistência ainda não estão disponíveis comercialmente no Brasil. Recomenda-se o tratamento químico das sementes, de forma a eliminar o patógeno associado às mesmas ou visando retardar a infecção após a semeadura; é aconselhável também a prática da rotação de culturas e a eliminação dos restos culturais, visando à redução da densidade de inóculo do patógeno no solo. Por se tratar de um patógeno que sobrevive no solo, não se recomenda o controle químico das plantas infectadas.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 11. Planta de mamoneira com sintomas de murcha de Fusarium. (escurecimento externo do caule e morte dos ramos laterais).

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 12. Planta de mamoneira com sintomas avançados de murcha de Fusarium (escurecimento externo do caule e morte dos ramos laterais).

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 13. Corte transversal do caule evidenciando o escurecimento dos vasos condutores da planta, por causa da infecção por Fusarium oxysporum f. sp. ricini.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 14. Caule da mamoneira sem casca, evidenciando o escurecimento dos tecidos internos, por causa da infecção por Fusarium oxysporum f. sp. ricini.

 

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 15. Secção interna do caule de uma planta de mamoneira em estágio avançado de infecção por Fusarium oxysporum f. sp. ricini evidenciando a presença do micélio do fungo em seu interior.

 

 

MANCHA DE ALTERNARIA

Agente causal: Alternaria ricini (Yoshii) Hansf.

Condições favoráveis: Temperaturas amenas (22 ºC   26 ºC) e alta umidade relativa (maior que 80%).

Sintomas e desenvolvimento da doença: No Brasil a mancha de Alternaria causa problema principalmente na fase inicial do cultivo, provocando a morte prematura dos cotilédones e retardando assim o estabelecimento da cultura. Nesta fase, são observadas manchas irregulares de coloração marrom e má formação dos cotilédones. Na planta adulta as manchas são geralmente circulares a elípticas, de coloração marrom, inicialmente isoladas, as quais, à medida que envelhecem, podem coalescer (unirem-se) e afetar grande parte do limbo foliar. Em ataques severos pode haver queda prematura das folhas. O fungo pode também afetar os frutos, provocando lesões marrom-escuras deprimidas e eventualmente o chochamento dos mesmos.

Manejo: Não existem informações sobre cultivares resistentes a esta doença no Brasil. Recomenda-se o tratamento químico de sementes para reduzir a ocorrência da doença nos estágios iniciais do desenvolvimento da planta. Pulverizações da parte área também podem ser realizadas, ressalta, entretanto, que não existem produtos registrados para o controle desta doença na mamoneira.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 16. Sintomas de mancha de Alternaria em folha cotiledonar de mamoneira.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 17. Sintomas de mancha de Alternaria em folhas de mamoneira.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 18. Sintomas de mancha de Alternaria em folhas de mamoneira.

 

MANCHA BACTERIANA

Agente causal: Xanthomonas axonopodis pv. ricini (Yoshii & Takimoto 1928) Vauterin, Hoste, Kersters & Swings 1995.

Condições favoráveis: Chuvas e ventos, alta temperatura (26 ºC   30 ºC) e alta umidade relativa (maior que 85%).

Sintomas e desenvolvimento da doença: A doença ocorre principalmente nas folhas, onde são observadas inicialmente pequenas manchas circulares de coloração escura com um halo aquoso. À medida que os sintomas evoluem, as manchas geralmente adquirem um formato irregular, sendo muitas vezes delimitadas pelas nervuras, principalmente na face abaxial das folhas. Com o coalescimento (união) das lesões, grandes áreas do limbo foliar podem ser afetadas. Dependendo das condições climáticas, o halo aquoso pode ser mais ou menos pronunciado, o que pode facilitar o diagnóstico da doença. A dispersão do patógeno ocorre principalmente por meio de respingos de água (chuva ou irrigação).

Manejo: Não existem cultivares resistentes a esta doença disponíveis no Brasil. O que se recomenda é a utilização de sementes sadias provenientes de campos isentos da doença e o plantio em locais desfavoráveis ao seu desenvolvimento.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 19. Sintomas de mancha de bacteriana causada por X. axonopodis pv. ricini.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 20. Sintomas de mancha bacteriana evidenciano a presença do halo "encharcado" (anasarca).

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 21. Sintomas de mancha bacteriana evidenciano a delimitação das lesões pelas nervuras (manchas-angulares).

 

 

MANCHA DE CERCOSPORA

Agente causal: Cercospora ricinella Sacc. & Berl.

Condições favoráveis: Temperaturas amenas (22 ºC   26 ºC) e períodos de alta umidade relativa (superior a 80%) alternados com períodos mais secos.

Sintomas e desenvolvimento da doença: A doença caracteriza-se por pequenas manchas deprimidas, circulares a elípticas, com centro esbranquiçado e margens marrom-escuras. À medida que os sintomas evoluem, as manchas tornam-se maiores e eventualmente coalescem (unem-se). As folhas mais velhas são afetadas com mais frequência; no caso de infecções severas, pode ocorrer desfolha severa.

Manejo: Não existem informações sobre variedades resistentes a esta doença no Brasil, assim como não existem fungicidas registrados para a cultura. O que se recomenda é evitar o plantio de cultivares que tenham apresentado níveis elevados da doença em plantios anteriores e propiciar uma adubação equilibrada às plantas.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 22. Sintomas da mancha de Cercospora em diferentes níveis de severidade.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 23. Sintomas da mancha de Cercospora em diferentes níveis de severidade.

 

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 24. Detalhe dos sintomas da mancha de Cercospora evidenciando as lesões com centro esbranquiçado e margens marrom-escuras.

 

MURCHA BACTERIANA

Agente causal: Ralstonia solanacearum (Smith 1896) Yabuuchi, Kosako, Yano, Hotta & Nishiuchi 1996.

Condições favoráveis: Solos de textura leve e temperaturas elevadas (26 ºC   32 °C).


Sintomas e desenvolvimento da doença: Um dos primeiros sintomas da doença é caracterizado pela murcha da planta nas horas mais quentes do dia, o que pode ser facilmente confundido com deficiência hídrica. À medida que os sintomas evoluem, observa-se a murcha permanente, associada à queima e queda prematura de folhas, o que pode culminar com a morte da planta. Diferentemente da murcha de Fusarium, a murcha bacteriana não causa escurecimento dos vasos condutores, sendo facilmente diagnosticada por meio de um corte no caule, onde se observa exsudação (escorrimento) do pus bacteriano.

Manejo: Recomenda-se evitar o plantio em áreas com o histórico da doença, usar material propagativo sadio, fazer rotação com culturas não hospedeiras, principalmente gramíneas, e realizar um manejo adequado da irrigação, evitando o escorrimento superficial da água.

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 25. Planta de mamoneira com sintomas iniciais da murcha bacteriana causada por Ralstonia Solanacearum.

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 26. Planta de mamoneira com sintomas avançados da murcha bacteriana causada por Ralstonia Solanacearum.

 

 

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 27. Corte longitudinal em caude de planta de mamoneira evidenciando a exsudação do pus bacteriano  (setas).

             

Foto: Dartanhã J. Soares Figura 28. teste diagnóstico (teste do copo) da murcha bacteriana onde se observa a exsudação do pus bacteriano  (seta).