Brasil

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Pedro Carlos Gama da Silva - Embrapa Semiárido

Rebert Coelho Correia - Embrapa Semiárido

 

O processo de expansão da cultura da manga no Brasil ocorre principalmente a partir de meados dos anos 80 e se estende por toda década de 90. A produção brasileira de manga (em geral), segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, revela um crescimento da produção da ordem de 38,23 % no período de 1990 a 2000. De um total de 1.557 milhões de frutos colhidos (equivalente a 389 mil toneladas)1 em 1990, depois de seguidos anos (1991 e 1992) de desempenho estagnacionista, observou-se uma pequena recuperação a partir de 1993, quando o volume produzido ascendeu, gradativamente, do patamar de 1.610 milhões de frutos (402 mil toneladas) para 2.153 milhões de frutos (538 mil toneladas), em 2000.

No Brasil, a manga é cultivada em todos as regiões fisiográficas, com destaque para o Sudeste e para o Nordeste. Os dados do Tabela abaixo revelam um crescimento da área cultivada de manga nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, em detrimento das regiões Norte e Centro-Oeste que apresentaram uma produção decrescente na década de 90. A região Sudeste, que em 2000 detinha 42,42 % da área plantada com manga no país, revelou um crescimento 23,17 % da área cultivada no período de 1990 a 2000. Nessa região destaca-se o estado de São Paulo com uma participação 31,46 % da área cultivada nacional.

1 Essa transformação foi feita com base na relação entre os valores expressos pelo IBGE em número de frutos e as quantidades catalogadas pela FAO em toneladas, proposto Leite et al. (1998). Para o período considerado as conversões entre número de frutos e peso foram feitas na base de 250 gramas / fruto.

 

Evolução da área plantada de manga no Brasil, por região, período 1990-2000.

Região/Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Norte 1785 1803 1902 2065 1968 2004 2027 1464 1505 1437 1572
Nordeste 17122 17261 19590 21339 25252 24776 26960 29980 32366 33049 35186
Sudeste 23024 25335 26485 28044 28280 28302 31098 31298 31191 26409 28893
Sul 412 420 445 441 525 519 531 500 564 634 770
Cento-Oeste 3202 2442 893 2377 2039 1559 1810 1890 2046 2055 1686
Brasil 45545 47261 49315 54266 58064 57160 62426 65130 67672 63584 68107

Fonte: IBGE/Produção Agrícola Municipal.

 

No Nordeste, a manga é cultivada em todos os estados, em particular nas áreas irrigadas da região semi-árida, que apresentam excelentes condições para o desenvolvimento da cultura e obtenção de elevada produtividade e qualidade de frutos. Em 2000, a área cultivada de manga, na região nordestina, representou 51,66% da área cultivada total brasileira e revelou um crescimento da ordem 104,65 % no período compreendido entre os anos de 1990 e 2000. As principais áreas cultivadas de manga estão localizadas nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, que participaram, respectivamente, com 38,54 %, 18,17 % e 12,14 % do total da região nordestina.

No Censo Frutícola, realizado pela Codevasf, em 2001, foram levantados 32,3 mil hectares com mangueiras na região Nordeste, dos quais 23,7 mil hectares, ou seja, 73,41 %, sendo cultivados com variedades melhoradas, onde a Tommy Atkins responde por uma área de 20,2 mil hectares. Aqui vale ressaltar que essas novas áreas implantadas na região ainda não se encontram em plena produção. Quando se analisam os estágios produtivos revelados no referido Censo, verifica-se que 67,00 % de toda área cultivada, ainda encontra-se em formação ou em fase de produção crescente.

A especialização da região na produção de manga teve seu impulso inicial na perspectiva de ocupação do mercado externo, mas o mercado nacional ainda absorve a maior parcela da produção. A existência de um mercado interno de grande dimensão confere ao setor uma relativa autonomia na organização do processo de produção. A complementaridade do mercado doméstico tem uma grande importância para as atividades exportadoras, seja como amortizador das instabilidades do mercado internacional, seja absorvendo os produtos que não atendem aos critérios de qualidade exigidos por este mercado.