Manga
Brasil
Autores
Pedro Carlos Gama da Silva - Embrapa Semiárido
Rebert Coelho Correia - Embrapa Semiárido
O processo de expansão da cultura da manga no Brasil ocorre principalmente a partir de meados dos anos 80 e se estende por toda década de 90. A produção brasileira de manga (em geral), segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, revela um crescimento da produção da ordem de 38,23 % no período de 1990 a 2000. De um total de 1.557 milhões de frutos colhidos (equivalente a 389 mil toneladas)1 em 1990, depois de seguidos anos (1991 e 1992) de desempenho estagnacionista, observou-se uma pequena recuperação a partir de 1993, quando o volume produzido ascendeu, gradativamente, do patamar de 1.610 milhões de frutos (402 mil toneladas) para 2.153 milhões de frutos (538 mil toneladas), em 2000.
No Brasil, a manga é cultivada em todos as regiões fisiográficas, com destaque para o Sudeste e para o Nordeste. Os dados do Tabela abaixo revelam um crescimento da área cultivada de manga nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, em detrimento das regiões Norte e Centro-Oeste que apresentaram uma produção decrescente na década de 90. A região Sudeste, que em 2000 detinha 42,42 % da área plantada com manga no país, revelou um crescimento 23,17 % da área cultivada no período de 1990 a 2000. Nessa região destaca-se o estado de São Paulo com uma participação 31,46 % da área cultivada nacional.
1 Essa transformação foi feita com base na relação entre os valores expressos pelo IBGE em número de frutos e as quantidades catalogadas pela FAO em toneladas, proposto Leite et al. (1998). Para o período considerado as conversões entre número de frutos e peso foram feitas na base de 250 gramas / fruto.
Evolução da área plantada de manga no Brasil, por região, período 1990-2000.
Região/Ano | 1990 | 1991 | 1992 | 1993 | 1994 | 1995 | 1996 | 1997 | 1998 | 1999 | 2000 |
Norte | 1785 | 1803 | 1902 | 2065 | 1968 | 2004 | 2027 | 1464 | 1505 | 1437 | 1572 |
Nordeste | 17122 | 17261 | 19590 | 21339 | 25252 | 24776 | 26960 | 29980 | 32366 | 33049 | 35186 |
Sudeste | 23024 | 25335 | 26485 | 28044 | 28280 | 28302 | 31098 | 31298 | 31191 | 26409 | 28893 |
Sul | 412 | 420 | 445 | 441 | 525 | 519 | 531 | 500 | 564 | 634 | 770 |
Cento-Oeste | 3202 | 2442 | 893 | 2377 | 2039 | 1559 | 1810 | 1890 | 2046 | 2055 | 1686 |
Brasil | 45545 | 47261 | 49315 | 54266 | 58064 | 57160 | 62426 | 65130 | 67672 | 63584 | 68107 |
Fonte: IBGE/Produção Agrícola Municipal.
No Nordeste, a manga é cultivada em todos os estados, em particular nas áreas irrigadas da região semi-árida, que apresentam excelentes condições para o desenvolvimento da cultura e obtenção de elevada produtividade e qualidade de frutos. Em 2000, a área cultivada de manga, na região nordestina, representou 51,66% da área cultivada total brasileira e revelou um crescimento da ordem 104,65 % no período compreendido entre os anos de 1990 e 2000. As principais áreas cultivadas de manga estão localizadas nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, que participaram, respectivamente, com 38,54 %, 18,17 % e 12,14 % do total da região nordestina.
No Censo Frutícola, realizado pela Codevasf, em 2001, foram levantados 32,3 mil hectares com mangueiras na região Nordeste, dos quais 23,7 mil hectares, ou seja, 73,41 %, sendo cultivados com variedades melhoradas, onde a Tommy Atkins responde por uma área de 20,2 mil hectares. Aqui vale ressaltar que essas novas áreas implantadas na região ainda não se encontram em plena produção. Quando se analisam os estágios produtivos revelados no referido Censo, verifica-se que 67,00 % de toda área cultivada, ainda encontra-se em formação ou em fase de produção crescente.
A especialização da região na produção de manga teve seu impulso inicial na perspectiva de ocupação do mercado externo, mas o mercado nacional ainda absorve a maior parcela da produção. A existência de um mercado interno de grande dimensão confere ao setor uma relativa autonomia na organização do processo de produção. A complementaridade do mercado doméstico tem uma grande importância para as atividades exportadoras, seja como amortizador das instabilidades do mercado internacional, seja absorvendo os produtos que não atendem aos critérios de qualidade exigidos por este mercado.