Semi-Árido

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Pedro Carlos Gama da Silva - Embrapa Semiárido

Rebert Coelho Correia - Embrapa Semiárido

 

A cultura da manga reveste-se de especial importância econômica e social, na medida em que envolve um grande volume anual de negócios voltados para os mercados interno e externo, e destaca-se entre as culturas irrigadas da região como a que, embora não apresente um elevado coeficiente de geração de empregos diretos, quando comparado com outras fruteiras, mas confere oportunidades de ocupações que se traduzem em empregos indiretos.

A produção manga voltada para o mercado de produtos de qualidade passa a exigir, cada vez mais, novas tecnologias, mão-de-obra qualificada e serviços especializados, tanto no processo produtivo, quanto nas atividades pós-colheita (embalagem, empacotamento e classificação). Todo esse processo tem sido acompanhado por mudanças caracterizadas por um conjunto de inovações, na organização da produção e do trabalho, dando origem às diversas formas de relações contratuais, que se manifestam sob forma de prestação de serviços. Esta dinâmica passou a envolver um grande contingente de trabalhadores qualificados, um número significativo de técnicos e firmas, entre outros profissionais especializados, vinculados a essas empresas ou prestando serviços por conta própria. Tratam-se de novos atores sociais, que ao lado dos fruticultores, devem ser considerados como essenciais ao setor produtivo.

Cabe ressaltar que a mangueira é cultivada por diferentes estratos de produtores, com uma participação significativa dos pequenos, que ainda produzem de forma extensiva as variedades locais ou primitivas e, principalmente, dos pequenos fruticultores dos projetos públicos de irrigação, que plantam as variedades do tipo exportação . Trata-se de uma grande massa de pequenos produtores com grande capacidade de abastecimento do mercado doméstico e baixo potencial de inserção no mercado externo.

A participação da pequena produção na cadeia produtiva da manga está intimamente relacionada ao abastecimento doméstico e à construção e ampliação de um circuito regional de produção-distribuição-consumo de frutas, ligado ao pequeno varejo tradicional das feiras e quitandas das cidades do Nordeste e Norte do País. Trata-se de um circuito regido por acordos e contratos informais, que se desenvolve paralelamente aos formados por estruturas integradas, organizados em redes de caráter nacional, patrocinados pelas grandes empresas produtoras de frutas, cooperativas, atacadistas, quase sempre pautados em relações contratuais bem definidas, entre esses distintos agentes das cadeias produtivas.

O estrato de produtores que cultiva até três hectares com mangueiras, representa 86,66 % dos mangicultores do Nordeste, mas só respondem por cerca de 28,08 % da área cultivada na região. A maior parte da produção está concentrada nos estabelecimentos dos médios e grandes produtores instalados nos projetos públicos ou nas propriedades privadas dos pólos frutícolas situados na região. Os produtores que cultivam acima de 10 hectares de manga, muito embora representem apenas 3,88 % do total dos produtores do Nordeste, são responsáveis por cerca de 51,18 % de toda área cultivada de manga na região. De fato são as médias e grandes empresas, com melhor inserção no mercado internacional e maior capacidade de absorção de riscos, que se lançam nesses novos empreendimentos.

 

Número de produtores por estrato de área cultivada com manga no Nordeste, ano 2001.

Estados 0 a 3 Ha 3 a 10 Ha 10 a 50 Ha 50 a 100 Ha Mais 100 Ha
Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área Produtores Área
Alagoas 2614 1607,1 21 116 6 148 - - 1 110
Bahia 3452 4102 476 3297,5 132 4040 15 1202,7 9 1497,4
Ceará 117 138,1 8 52 4 72 - - 1 165
Maranhão 33 37 1 8 3 100 - - - -
Paraíba 40 48,9 22 124,5 22 434 1 60 - -
Pernambuco 1211 1473,9 264 1638,2 92 2394,4 7 557 5 627,4
Piauí 172 181,5 27 177,1 14 476,3 4 356 3 374
R.G. Norte 236 247,9 56 344,2 19 523 4 261 - -
Sergipe 755 600,4 14 116,7 16 436,3 - - 1 140
Total 8819 8692 962 6418,8 336 9320,1 36 2813,8 23 3708,8

Fonte: Codevasf/Censo Frutícola 2001.