Estudos de mercado

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

José Lincoln Pinheiro Araújo - Embrapa Semiárido

 

A manga, que é uma das principais frutas tropicais do planeta, registrou em 2005 uma produção mundial de aproximadamente 28 milhões de toneladas, com o continente asiático respondendo por 75% do total, vindo em seguida a América (Central e do Sul), com 12%. Em termos de país, a Índia é o maior produtor, com 54% da produção de manga do planeta, e o Brasil, com uma produção anual de 850 mil toneladas, ocupa a sétima posição no ranking dos produtores. A manga ainda é uma fruta típica de consumo doméstico, visto que apenas 3,4% de sua produção é exportada. Entretanto, a última década registrou uma significativa ampliação das exportações mundiais dessa fruta, que passou de 335 mil toneladas anuais, em 1995, para 908 mil, em 2004, sendo a Ásia, os Estados Unidos e a União Européia os principais mercados importadores.

O Brasil, que é o segundo maior exportador de manga, concentra maciçamente seus embarques internacionais para os mercados norte americano e europeu. Com relação ao primeiro, trata-se de um mercado exigente (a manga deve sofrer um tratamento hidrotérmico) e que registra grandes oscilações de preço ao longo do ano. A maior parte das transações de manga dos Estados Unidos é proveniente do México, Peru, Equador e Brasil. A principal janela de mercado para a fruta brasileira nos Estados Unidos é durante os meses de setembro a novembro e nos primeiros meses do ano, período em que praticamente não concorre com a fruta mexicana, produto que lá é imbatível, devido à proximidade entre as zonas de produção e os centros de consumo. Já o mercado europeu, é conhecido por apresentar menores variações do preço que o norte-americano por causa da estabilidade de oferta, sendo a principal janela de mercado para nossa manga no período de setembro a dezembro, época da safra brasileira. As preferências estão bastante definidas em alguns paises da União Européia. Assim, a variedade Tommy Atkins pela sua coloração é mais aceita na Alemanha e nações do Norte da Europa. Já os países do Sul da Europa, valorizam mais as variedades Kent, Haden e Keitt, por serem de melhor sabor e menos fibrosas. Além do Brasil, os principais exportadores da manga para a Europa são México, África do sul, Peru e Israel. Na Ásia, o mercado alvo da manga brasileira é o Japão, embora, tal mercado não represente um potencial muito grande, além do consumo de manga ser pequeno (100 gramas/habitante/ano), a grande distância que separa os dois países encarece muito a oferta (frete aéreo), limitando as quantidades comercializáveis.

Atualmente, o mercado internacional de manga vem registrando um considerável aumento no grau de concorrência, uma significativa redução dos preços, além de uma diminuição na sazonalidade da oferta. Este quadro exige que os mangicultores brasileiros produzam frutos de acordo com a qualidade e a preferência demandada pelos clientes, sob pena de vir a perder fatias de mercado. Outro procedimento a ser tomado é a execução de trabalhos de prospecção de mercado em países do hemisfério Norte (leste europeu e Canadá) e também em paises da América do Sul, que contam com importantes centros de consumo e que praticamente não conhecem a manga, como é o caso da Argentina e do Chile.

No tocante ao mercado interno, o produtor de manga deve considerá-lo como um dos mais importantes mercados-alvo. Trata-se de uma fruta que é consumida no país inteiro, embora em quantidades diferenciadas. A região sudeste absorve cerca de 47% da oferta brasileira de manga, vindo em seguida o Nordeste, com aproximadamente 34%. A maior oferta do produto é no último trimestre do ano, época que concentra as safras dos principais pólos de produção da fruta do país. Para os produtores do Vale de São Francisco, a grande estratégia de mercado é, aproveitando a favorabilidade ambiental, executar adequadamente a técnica da indução floral para lançar o produto no segundo trimestre do ano, período em que a manga alcança as melhores cotações de preço.

A estratégia de penetração e consolidação no mercado interno e externo da manga passa por uma maior eficiência tanto na produção como na comercialização, visto que há a necessidade premente de diversificar a oferta, de produzir alimentos com segurança, de melhorar a coordenação da cadeia, desde a produção ao consumo final, e de realizar campanhas promocionais e estudos de prospecção em mercados potenciais. Diante do exposto, é fundamental que o produtor se associe a organizações detentoras de inteligência tecnológica e comercial capazes de orientá-lo em seu direcionamento.