Manga
Sazonalidade da oferta e demanda
Autor
José Lincoln Pinheiro Araújo - Embrapa Semiárido
O mercado internacional de manga é abastecido durante todo o ano, mas concentra sua oferta durante o período de abril a setembro. Nessa época do ano, os preços de mercado se mantêm baixos. É exatamente nesse período que o México exporta sua produção, para os Estados Unidos (80%) e a Europa (20%). Também é nesse período que ocorre a comercialização no mercado externo de outros grandes exportadores como a Índia, o Paquistão e Filipinas. Durante os meses de outubro a dezembro e entre o mês de janeiro até março, a oferta diminui, refletindo em preços mais satisfatórios. Os países que cobrem estes períodos de demanda são relativamente poucos, sendo o Brasil o exportador mais representativo, seguido do Equador e Peru.
Períodos de oferta de manga no mercado mundial.
Nota: Verde = Concentração das exportações brasileiras de manga para o mercado norte americano.
Vermelho = Concentração das exportações brasileiras de manga para o mercado europeu.
Laranja = Exportações pontuais da manga brasileira principalmente para o mercado europeu.
O Brasil, mais precisamente o Vale do São Francisco, por possuir condições climáticas favoráveis e por dispor de tecnologia para manejar a floração da mangueira, pode exportar durante todo o período em que há uma menor concentração na oferta de manga no mercado internacional. Entretanto, para obter uma melhor cotação de preço, os exportadores brasileiros concentram suas exportações no mercado norte americano, entre os meses de agosto até meados de novembro e, para o mercado europeu, de meados de novembro até o final de dezembro. Com relação ao mercado norte americano, os produtores brasileiros, nestes dois últimos anos, têm ampliado o período de exportação, já que antes só começava a partir do mês de setembro, para não coincidir com o final da safra mexicana. De janeiro até março, o Brasil exporta um volume relativamente pequeno de manga, que é basicamente destinada ao mercado europeu. Nesta época, os preços no mercado interno alcançam maiores cotações.
O desenvolvimento de novas tecnologias no cultivo da mangueira tem ampliado, significativamente, as exportações, como é o caso do Equador e do Peru, que no momento são os principais concorrentes da manga brasileira. A tendência é uma redução da sazonalidade e conseqüente ampliação de concorrência. Nesse contexto, a regularidade no fornecimento e a qualidade, a preços competitivos, são requisitos essenciais para manter as exportações. Um fato favorável ao produto nacional, com relação aos nossos principais concorrentes, principalmente os sul-americanos, são as condições climáticas das zonas de cultivo. Isto porque o excesso de chuva e a alta umidade, nas regiões onde são exploradas a mangueira no Equador, Peru e Venezuela, reduzem o grau de coloração da fruta e favorecem a incidência de antracnose. Já no Vale do São Francisco, onde é cultivada praticamente toda manga brasileira direcionada para o mercado internacional, registra baixa precipitação e umidade relativa e um elevado grau de luminosidade, fatores que concorrem efetivamente para uma adequada qualidade mercadológica, no aspecto de coloração como de sanidade vegetal.