Seca da mangueira

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Selma Cavalcanti Cruz de Holanda Tavares - Embrapa Solos

 

A infecção pode acontecer através da copa ou das raízes. Quando ocorre através da copa, a seca da planta inicia-se pelos galhos finos da parte externa, progredindo lentamente em direção ao tronco, até atingi-lo, matando toda a planta. O fungo só consegue infectar a copa se for introduzido. Desta forma, o principal disseminador é um besouro, normalmente encontrado sob o córtex de galhos e troncos. Os sintomas são amarelecimento, murcha e seca dos galhos, que geralmente têm início num ramo da extremidade da copa. Os sintomas da seca da mangueira ou mal-do-Recife (causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata) podem ser confundidos com os causados por outro fungo denominado Lasiodiplodia theobromae e vice-versa. A diferença está na infecção de fora para dentro do lenho, causada pelo último, e de dentro do lenho para fora, quando causada pelo primeiro.

 

Foto: Embrapa Semi-Árido

Figura 1. Sintoma da seca da mangueira na parte aérea e no tronco. 

 

O controle preventivo mais coerente é através da medida de exclusão, ou seja, com auxílio de medidas legais de Defesa Vegetal, para impedir que a doença entre em áreas ou regiões isentas do problema. Como exemplo de medida de exclusão, recomenda-se impedir o transporte e a recepção de mudas produzidas em locais onde a doença ocorre para locais em que não ocorre. O monitoramento do pomar com visitas periódicas, principalmente nos meses de maior precipitação e calor, é uma medida conveniente.

As práticas culturais iniciam-se com a aquisição de mudas de locais ou regiões onde não ocorre a doença. Em locais isentos do problema, mas sob risco, como acontece no Vale do São Francisco, ao ser observada alguma ocorrência, recomenda-se a eliminação da planta infectada, retirando-se todas as raízes, e queimando-as imediatamente. No local da planta eliminada, suspender a irrigação, colocar cal e manter o solo limpo, sem vegetação, durante um tempo ainda não determinado, mas, por precaução, orienta-se que sejam anos.

Em locais onde a doença já ocorre, as infecções via parte aérea são resultantes da disseminação através do vetor. Neste caso, o controle consiste em eliminar os galhos e ramos doentes 40 cm abaixo do local infectado, devendo o produtor certificar-se da sanidade do ramo que vai permanecer na planta. Para tanto, deve guiar-se pela coloração clara do lenho e pela ausência de estrias escuras no seu interior. Caso contrário, a poda deverá ser feita mais abaixo. Os galhos podados devem ser imediatamente queimados, a fim de evitar que os besouros infectados sejam liberados e que outros besouros incidam. Deve-se pincelar o local de poda com uma pasta cúprica + carbaril, a 0,2%. As ferramentas de poda devem ser imediatamente desinfetadas com uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) a 2%, para evitar a transmissão do fungo a outras plantas.

O controle da infecção, via sistema radicular, só é possível mediante porta-enxertos resistentes. O único impasse é o número de raças que o fungo apresenta, podendo uma cultivar de mangueira, resistente numa região, comportar-se como suscetível em outra, dependendo da raça do fungo que prevalece naquele local. A variedade de porta-enxerto Jasmim é considerada resistente a várias raças do fungo, embora seja suscetível a uma outra raça encontrada em Ribeirão Preto-SP. Outros estudos têm apontado as cultivares Carabao e Manga D´agua como resistentes. A variedade Espada é um pouco tolerante e a Coquinho, muito suscetível. Os resultados de avaliação das copas, de um modo geral, apresentam alguma tolerância para as cultivares Rosa, Sabina, São Quirino, Oliveira Neto, Espada, Jasmim, Keitt, Sesation, Kent, Irwin e Tommy Atkins.