Verrugose

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Carlos Alberto Tuão Gava - Embrapa Semiárido

 

Também conhecida por sarna da mangueira, é causada pelo fungo Elsinoe mangiferae Bitanc. et Jenkins. Esta doença usualmente não é de muita importância nos pomares, porém pode causar danos em frutificações no período úmido do ano. Embora a doença somente se desenvolva na epiderme dos frutos, eles perdem valor comercial graças a sua aparência.

Elsinoë mangiferae é um patógeno de plantas da família Anacardiaceae, entre elas manga e caju. A doença foi observada pela primeira vez na Flórida e Cuba, em 1942. Além de Cuba e Estados Unidos, E. mangiferae tem sido relatado em Barbados, México e Taiwan. No Brasil, existem registros da doença no estado de Goiás.

 

SINTOMAS

O fungo ataca folhas, flores, frutos e brotações. No estágio inicial, os sintomas nas folhas assemelham-se à antracnose, apresentando lesões marrons escuras a pretas arredondadas e algumas poucas lesões angulares. À medida que evoluem, as manchas adquirem centro acizentado com bordas estreitas e negras podendo apresentar deformações. Os sintomas típicos da doença são manchas escuras nas folhas, podendo provocar o encarquilhamento e queda prematura das folhas. Nos frutos, a infecção inicial apresenta aparência marrom acinzentada, evoluindo para lesões de coloração marrom escura e rachaduras.

FOLHAS: Os sintomas apresentam-se na superfície abaxial como pequenas manchas circulares ou angulosas, marrom-escuras a negras, de 1-2 mm de diâmetro. A produção de conídios lhes dá uma coloração olivácea e aspecto aveludado. Com o aumento de tamanho, atingem até 5 mm de diâmetro, e se tornam cinzas, com bordas estreitas e escuras, e no seu centro formam-se os ascocarpos do fungo. Sob ataque severo, as folhas se deformam e podem cair prematuramente.

FRUTOS: Nos frutos jovens, formam-se lesões cinzas a marrom-acinzentadas com margens escuras irregulares; com o aumento de tamanho do fruto, as lesões também crescem, dando-lhes uma aparência rachada e corticenta.

RAMOS: Ramos lesionados apresentam pústulas (grandes manchas) irregulares de coloração acinzentada.

 

BIOECOLOGIA

O fungo sobrevive nos ramos, folhas e frutos infectados que permanecem na planta de um ano para outro. Os propágulos são disseminados pelos respingos da água da chuva ou da irrigação por aspersão e pelo vento, podendo ser transportados à longa distância dentro do pomar ou entre pomares vizinhos. O fator determinante no desenvolvimento da doença é a presença de água na superfície das estruturas reprodutivas produzidas pelo fungo.

Insetos e ácaros também podem ser agentes disseminadores da doença. Borbulhas para enxertia e portadoras de infecção ainda não desenvolvidas ou frutos com sintomas superficiais podem constituir fontes de disseminação do inóculo a grandes distâncias.

 

CONTROLE

A incidência de verrugose no Vale do São Francisco é comumente de baixa importância, o que a torna uma doença secundária. O fungo é sensível aos mesmos produtos utilizados para o controle da antracnose, portanto um programa ajustado de controle da antracnose reduz a incidência da verrugose.

Por tratar-se de uma doença de importância secundária, existe pouca informação sobre a disponibilidade de variedades resistentes.

Deve-se manter um estrito controle da doença nos viveiros. Evitar a irrigação por aspersão no período de floração e de maior brotação de folhas novas; realizar podas de manutenção visando facilitar a circulação de ar, a qual evita a permanência da água na superfície dos tecidos suscetíveis por períodos muito longos.

A principal via de controle dessa doença é a pulverização com fungicidas na época de formação de folhas novas e das panículas florais. Essas pulverizações devem ser mantidas durante crescimento inicial dos frutos, quando plenamente desenvolvidos os frutos não são suscetíveis à doença.