Moscas-das-frutas
Autor
Flávia Rabelo Barbosa - Consultora autônoma
As moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata) fazem parte de um grupo de pragas responsáveis por grandes prejuízos econômicos na cultura da mangueira, não só pelos danos diretos que causam à produção, como também, pelas barreiras quarentenárias impostas pelos países importadores.
O monitoramento da população de moscas-das-frutas é feito utilizando-se armadilhas McPhail e Jackson. A primeira é utilizada para a coleta de adultos de Anastrepha spp. e, a segunda, confeccionada em papelão parafinado e de cor branca, para a coleta de adultos de Ceratitis. Modelos alternativos de armadilhas McPhail podem ser confeccionados com embalagens plásticas descartáveis, do tipo frasco de soro, garrafas de água mineral e outros recipientes.
Tipos de atrativos
Atrativo alimentar: na armadilha McPhail, utiliza-se hidrolisado de proteina enzimático na concentração de 5%. Outros atrativos também são utilizados nessas armadilhas, como vinagre de vinho e sucos de uva, de pêssego, goiaba, manga e outros.
Atrativo sexual: para atrair C. capitata, utiliza-se para feromônio sexual na armadilha tipo Jackson, que é específico para machos desta espécie. Em intervalos de três a quatro semanas, o atrativo é substituído, assim como o cartão adesivo colocado na parte interna inferior da armadilha.
Controle Químico
Para menor impacto dos inseticidas sobre os inimigos naturais, recomenda-se que sejam utilizados na forma de isca tóxica, isto é, atrativo alimentar (hidrolisado de proteína ou melaço de cana-de-açúcar ou suco de frutas) mais inseticida e água. A aspersão é feita com uma brocha de parede ou pulverizador com bico em leque. Deve-se aspergir a isca num volume de 150 a 200 mL da calda em cada metro quadrado de copa da árvore. A aplicação deve ser feita em ruas alternadas e na periferia do pomar. Recomenda-se a utilização de produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
Controle Cultural
A coleta e a destruição dos frutos maduros na planta ou caídos no chão devem ser realizadas para impedir a emergência de adultos das moscas-das-frutas. Tais frutos deverão ser colocados em uma vala, de 50 a 70 cm de profundidade, ou serem destinados à alimentação animal.
Também é de fundamental importância o controle das moscas-das-frutas em plantas hospedeiras, cultivadas ou nativas, próximas aos plantios comerciais de mangueira, bem como a eliminação de hospedeiros alternativos que possam favorecer o desenvolvimento populacional da praga.
Controle Biológico
O controle natural das moscas-das-frutas, por meio de parasitóides e predadores, não é suficiente para regular a população, pois a ação desses inimigos naturais é bastante prejudicada pelo uso intensivo e por aplicações não-criteriosas de inseticidas. No Submédio São Francisco, a população de parasitóides é extremamente baixa e a única espécie nativa encontrada até o momento é Doryctobracon areolatus (Hymenoptera: Braconidae). Mas, brevemente, a Biofábrica Moscamed Brasil, em Juazeiro-BA, produzirá e liberará semanalmente o parasitóide exótico Diachasmimorpha longicaudata, na região do Submédio do Vale do São Francisco.
A ação do D. longicaudata ocorre com a localização da larva no interior do fruto. A larva ao se alimentar produz vibrações que são percebidas pelo parasitóide através de suas antenas. A fêmea introduz o ovipositor no fruto e realiza a postura no interior do corpo da larva. Ao entrar em fase de pupa no solo, o conteúdo corporal é consumido pela larva do parasitóide, que, finalizada sua fase larval, transforma-se em pupa dentro do pupário da mosca. Assim, ao invés de emergir um adulto de mosca-das-frutas, emerge um parasitóide.
Utilização da Técnica do Macho Estéril
É a utilização de machos de moscas-das-frutas esterilizados por meio de radiação gama, para serem liberados na área de produção. Os machos esterilizados irão competir com os machos selvagens da mesma espécie, reduzindo, consequentemente, os acasalamentos férteis e a população da praga a cada geração.
A primeira biofábrica de insetos estéreis do país, localizada em Juazeiro-BA, tem capacidade inicial para produzir 200 milhões de moscas-das-frutas por semana.
Tratamento Hidrotérmico
Com o objetivo de minimizar os riscos de introdução de espécies exóticas de moscas-das-frutas, os Estados Unidos e o Japão impõem barreiras quarentenárias para a entrada de nossa manga. Uma das exigências impostas é o tratamento pós-colheita denominado tratamento hidrotérmico, que consiste em imergir os frutos em água a 46ºC por 75 ou 90 minutos, para frutos com pesos até 425 g e de 426 a 650 g, respectivamente, com o objetivo de matar ovos e/ou larvas de moscas-das-frutas presentes.