Podas anuais ou de produção
Autores
Maria Aparecida do Carmo Mouco - Embrapa Semiárido
João Antônio Silva de Albuquerque - Consultor autônomo
As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva da planta. Nesta prática, estão incluídas as atividades de limpeza, levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura, além da poda lateral e de topo.
a) Poda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada rigorosamente uma vez ao ano e tem os objetivos de eliminar material doente ou infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol (necessário para o amadurecimento das gemas e para a coloração dos frutos); e dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos manejos.
Quando a poda de limpeza ou de pós-colheita não é feita, espera-se a brotação espontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte.
b) Levantamento da copa da planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem até 0,70 m de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas daninhas, na melhor distribuição da água de irrigação por aspersão e evita que os frutos dos ramos baixos entrem em contato com o solo.
Desenho: Embrapa Semi-Árido.
Figura 1. Tipos de poda de produção.
c) Abertura central da planta (poda central de iluminação) - Consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação. Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (na proporção de 1:2) logo após a poda, a fim de se evitar rachaduras provocadas pelo sol.
d) Poda lateral - É realizada para manter um espaçamento adequado entre as fileiras de plantas, permitindo a passagem de máquinas e veículos, usados nas pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento de 8,0 m x 5,0 m deve ter uma rua com largura de 3,6 m.
e) Poda de topo - Efetuada para manter a altura da planta num limite adequado à condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0 m x 5,0 m, a altura máxima da planta deve ser de 4,4 m.
f) Poda de equilíbrio - Esta poda é realizada nas árvores que já alcançaram sua maturação fisiológica, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem.
Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita relação entre o incremento da folhagem e a produção de frutos. Esta relação vai se modificando com os anos até alcançar um ponto em que os novos incrementos da folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos e sim para reduzi-la. Essa perda da eficiência produtiva da planta pode ser minimizada por meio da poda da folhagem.
No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta e que comprometem a adequada aeração e iluminação. O melhor momento para executar essa prática é imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas jovens, que normalmente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do desenvolvimento da copa das árvores.
g) Correção da arquitetura - Com relação à arquitetura, procura-se definir determinada forma para as plantas. As mais utilizadas são as formas piramidal e vaso aberto (taça).
Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço disponível, é necessário realizar uma poda de manutenção, que permita conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal, é recomendada principalmente para espaçamentos menores e deve ser feita logo após a colheita, seletivamente, cortando os brotos situados na parte alta da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se todos os brotos verticais. A variedade Kent se adapta muito bem a este tipo de poda.
Foto: Embrapa Semi-Árido.
Figura 2. Mangueira podada na forma piramidal.
Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa, eliminando os ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o tronco. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna.
Foto: Embrapa Semi-Árido
Figura 3. Mangueira após a poda em vaso aberto.