Estatística de Produção

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Jason de Oliveira Duarte - Embrapa Milho e Sorgo

 

1. Panorama Internacional 

1.1 - Produção de Milho

Os maiores produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, a China e o Brasil que, em 2005, produziram 282,3, 139,4, e 35,1 milhões de toneladas, respectivamente (Tabela 1.1).

 

Tabela 1.1 - Principais países produtores de milho (2001-2005).

País/Ano

Produção (1.000 t)

2001

2002

2003

2004

2005

Estados Unidos

241.485

228.805

256.905

299.917

282.311

China

114.254

121.497

115.998

130.434

139.498

Brasil

41.955

35.933

48.327

41.806

35.113

Argentina

15.365

15.000

15.040

15.000

20.482

México

20.134

19.299

19.652

22.000

18.012

Índia

13.160

10.300

14.720

14.000

14.172

França

16.408

16.440

11.991

16.391

13.849

Indonésia

9.347

9.654

10.886

11.225

12.013

África do Sul

7.772

10.076

9.705

9.965

11.715

Itália

10.554

10.554

8.702

11.375

10.427

Fonte: FAOSTAT – Agriculture (2007)

 

De uma produção total no ano de 2005 de cerca de 708 milhões de toneladas (USDA, 2006), cerca de 75 milhões são comercializadas internacionalmente (aproximadamente 10% da produção total, em 2005, com uma expectativa de 11,5% em 2006). Isso indica que o milho destina-se principalmente ao consumo interno. Deve-se ressaltar que, devido ao seu baixo custo de mercado, os custos de transporte afetam muito a remuneração da produção obtida em regiões distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da produção a maiores distâncias, ou em condições em que a logística de transporte é desfavorável.

 

O mercado mundial de milho é abastecido basicamente por três países, os Estados Unidos (54 milhões de toneladas de exportações, em 2006), a Argentina (9,4 milhões de toneladas, em 2006) e, mais recentemente, o Brasil (4,5 milhões de toneladas, em 2006). A principal vantagem desses países é uma logística favorável, que pode ser decorrente da excelente estrutura de transporte (caso dos EUA), proximidade dos portos (caso da Argentina). O Brasil participa eventualmente desse mercado, porém a instabilidade cambial e a deficiência da estrutura de transporte até aos portos têm prejudicado o país na busca de uma presença mais constante no comércio internacional de milho.

 

Os principais consumidores são o Japão (16,6 milhões de toneladas, em 2006), Coréia do Sul (8,5 milhões de toneladas, em 2006), México (6,8 milhões de toneladas, em 2006) e Egito (4,4 milhões de toneladas, em 2006). Outros importadores relevantes são os países do Sudeste de Ásia (4,4 milhões de toneladas, em 2006) e a Comunidade Européia (2,6 milhões de toneladas, em 2006). Nesses dois últimos casos, além das importações, ocorre um grande montante de trocas entre os países que compõem cada um desses blocos.

 

Um fato importante a destacar é que a China vem gradativamente diminuindo seus estoques (formados, em grande parte, como política derivada da Guerra Fria), por meio de uma agressiva política de exportação. Como a produção chinesa não tem sido suficiente para atender uma demanda crescente, a China deverá, em uma primeira fase, reduzir as exportações e, em uma segunda fase, passar de exportadora a importadora líquida de milho, em um curto período de tempo. Essa situação abrirá um mercado de cerca de oito ou nove milhões de toneladas adquiridas anualmente por países asiáticos que tradicionalmente compravam da China.

 

Para finalizar, está ocorrendo um processo de incremento de produção de etanol a partir do milho, nos Estados Unidos, o que pode aumentar o consumo interno desse cereal e reduzir as quantidades disponíveis para exportação no país que é responsável por mais de 50% da quantidade comercializada internacionalmente.

 

 

1.2 - Suínos e aves 

As principais utilizações do milho no mundo são as atividades de criação de aves e suínos. Existem previsões de que a demanda mundial de carnes continue crescendo e estimativas apontam um consumo superior a 110 milhões de toneladas de carne suína e quase 70 milhões de toneladas de carne de frango até o ano de 2015.

 

A China é o país que mais produz e consome carne suína: aproximadamente 50 milhões de toneladas. O segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, com cerca de 9,5 milhões de toneladas. O Brasil é o sétimo produtor mundial (Tabela 1.2). O consumo per capita registrado no Brasil, de 12 kg/hab/ano, ainda é baixo, quando comparado com o observado na China, Estados Unidos e União Européia, que é de 30, 28 e 42 kg/hab/ano, respectivamente. O crescimento verificado nos últimos anos, na China, é impressionante, pois foi incorporada à produção uma quantidade quase equivalente ao total de carne suína produzida nos Estados Unidos. Com certeza, esse crescimento está exercendo uma forte pressão sobre a quantidade demandada de milho necessária para alimentação do rebanho suíno. 

 

Tabela 1.2 - Principais países produtores de carne suína (2001-2005).

País/Ano

Produção (1.000 t)

2001

2002

2003

2004

2005

China

42.982

44.358

46.233

48.118

51.202

Estados Unidos

8.691

8.929

9.056

9.312

9.392

Alemanha

4.074

4.110

4.239

4.323

4.499

Brasil

2.637

2.798

3.059

3.110

3.140

Espanha

2.989

3.070

3.190

3.176

3.130

Canadá

1.731

1.858

1.882

1.936

2.617

Vietnã

1.515

1.654

1.795

2.012

2.288

França

2.315

2.346

2.339

2.293

2.277

Dinamarca

1.716

1.759

1.762

1.810

2.014

Polônia

1.849

2.023

2.209

1.956

1.955

Total Mundial

92.082

95.249

98.473

100.484

104.333

Fonte: FAOSTAT – Agriculture (2007)

O custo de produção de carne suína na China (US$ 1,32/kg vivo), entretanto, é mais que o dobro do verificado no Brasil (US$ 0,62/kg vivo) e maior que o observado na União Européia (US$ 1,10/kg vivo) e nos Estados Unidos (US$0,77/kg vivo) (ROPPA, 2000). Além disso, os números de animais por km², que são de 50,6 na China; 36,8 na União Européia e 10,2 nos Estados Unidos, são substancialmente maiores que os aproximadamente 4,5 animais por km2 no Brasil. A alta densidade populacional de suínos traz sérias implicações ambientais, derivadas dos efeitos nocivos causados pela disposição dos dejetos dos animais no meio ambiente, e já afeta as decisões sobre a localização de novos empreendimentos voltados para a criação de suínos. Deve-se registrar que, mesmo no Brasil, essas considerações crescem de importância e têm direcionado a produção para áreas com menor concentração de animais e menor impacto ambiental da disposição dos resíduos, localizadas principalmente na região Centro-Oeste.

 

Com relação à produção de carne de frango, os Estados Unidos, com aproximadamente 16 milhões de toneladas, são o maior produtor mundial, seguidos pela China e Brasil (Tabela 1.3). A produção mundial é crescente, porém esse crescimento se distribui de maneira mais uniforme entre os principais produtores.

 

Tabela 1.3. Principais países produtores de carne de aves (2001-2005).

País /Ano

Produção (1.000 t)

 

2001

2002

2003

2004

2005

Estados Unidos

14.267

14.701

14.924

15.514

16.042

China

9.070

9.275

9.660

9.895

14.624

Brasil

6.208

7.050

7.760

8.668

8.510

México

1.928

2.076

2.116

2.225

2.457

Índia

1.250

1.400

1.600

1.650

1.973

Indonésia

900

1.083

1.118

1.191

1.423

Reino Unido

1.263

1.272

1.295

1.288

1.404

Federação Russa

862

938

1.030

1.152

1.345

Japão

1.216

1.229

1.239

1.242

1.338

Espanha

1.009

1.191

1.185

1.268

1.047

Total Mundial

61.523

64.262

65.874

68.322

78.444

Fonte: FAOSTAT – Agriculture (2007)
 

2 - Panorama nacional 

2.1 - Produção de milho

A produção de milho, no Brasil, tem-se caracterizado pela divisão da produção em duas épocas de plantio (Tabela 1.4). Os plantios de verão, ou primeira safra, são realizados na época tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto, na região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-Oeste (no Nordeste, esse período ocorre no início do ano). Mais recentemente, tem aumentado a produção obtida na chamada “safrinha” ou segunda safra. A “safrinha” se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo. Verifica-se um decréscimo na área plantada no período da primeira safra, em decorrência da concorrência com a soja, o que tem sido parcialmente compensado pelo aumento dos plantios na “safrinha”. Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios da “safrinha” vêm sendo conduzidos dentro de sistemas de produção que têm sido gradativamente adaptados a essas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras.
 

Tabela 1.4 - Produção brasileira de milho.

Safra

2004/05

2005/06

2006/07

2005/06

2006/07*

Produção (1.000 t)

Total

47.411

42.192

39.040

45.514

50.567

1ª Safra

34.614

31.617

29.319

31.809

36.542

2ª Safra

12.797

10.574

9.721

10.705

14.025

Área plantada (1.000 ha)

Total

13.226

12.822

12.297

12.963

13.836

1ª Safra

9.664

9.465

9.195

9.652

9.444

2ª Safra

3.563

3.357

3.102

3.311

4.392

Rendimento (kg.ha-1)

Total

3.585

3.291

3.175

3.279

3.655

1ª Safra

3.582

3.340

3.189

3.295

3.869

2ª Safra

3.592

3.150

3.134

3.233

3.193

* Preliminar

Fonte: CONAB (2007)

 

A baixa produtividade média de milho no Brasil (3.655 kg por hectare) não reflete o bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores que exploram lavouras comerciais, uma vez que as médias são obtidas nas mais diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades.

O milho é cultivado em praticamente todo o território, sendo que 92% da produção concentra-se nas regiões Sul (47% da produção), Sudeste (21% da produção) e Centro-Oeste (24% da produção). A participação dessas regiões, em área plantada e produção, vem-se alterando ao longo dos anos.

A evolução da produção de milho da primeira e segunda safras, nas principais regiões produtoras e respectivos estados, é mostrada nas Tabelas 1.5 e 1.6.

 

Tabela 1.5 - Produção de milho da primeira safra, no Centro-Sul do Brasil (em 1.000 t).

Região/UF

2004/05

2005/06

2006/07

2005/06

2006/07*

Centro-Oeste

  3.308

3.479

4.664

3.479

4.664

MT

   532

475

854

475

854

MS

   441

520

577

520

577

GO

  2.165

2.280

2.966

2.280

2.966

DF

   169

203

265

203

265

Sudeste

  9.466

8.993

9.657

8.993

9.657

MG

  6.068

5.186

6.201

5.186

6.201

ES

   119

84

92

83

92

RJ

    26

27

23

26

23

SP

  3.251

3.697

3.340

3.697

3.340

Sul

 10.926

15.482

18.622

15.482

18.622

PR

  6.537

7.756

8.804

7.756

8.804

SC

  2.818

3.178

3.863

3.178

3.863

RS

  1.571

4.547

5.954

4.547

5.954

Centro-Sul

 23.701

27.955

32.943

27.955

32.943

Brasil

 27.272

31.809

36.542

31.809

36.542

*Preliminar

Fonte: CONAB (2007)

Nota-se que a produção obtida na primeira safra (com exceção da safra de 2004/05, afetada por problemas climáticos), manteve-se relativamente estável, em que pese a redução da área plantada (e mesmo o deslocamento das melhores áreas e dos agricultores comerciais para a cultura da soja). Esse equilíbrio foi conseguido pelo incremento da produtividade agrícola nos principais estados produtores, nos quais a produtividade média na safra de verão (1a safra) já é superior a 4.500 kg/ha. A produtividade na safrinha (2a safra), embora menor que a da safra normal, tem mostrado tendência de crescimento, demonstrando a maior difusão de tecnologias de produção nessa época de plantio, apesar das restrições climáticas.

 

 

2.2 - Suínos e aves

Diferente do que acontece no mundo, onde a carne suína é a mais consumida, no Brasil a carne mais consumida é a de frango, seguida da carne bovina e da suína. A Tabela 1.7 mostra a evolução da produção de carnes no Brasil (os dados diferem dos das tabelas 1.2 e 1.3, devido à diferença de fontes).

 

Tabela 1.6 - Produção de milho brasileira, na segunda safra (em 1.000 t).

REGIÃO/UF

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07*

Nordeste

254

219

219

472

472

BA

254

219

219

472

472

Centro-Oeste

5.843

5.503

4.603

6.112

7.621

MT

2.456

2.768

2.938

3.553

4.598

MS

2.359

1.814

998

1.720

2.245

GO

1.002

896

636

808

753

DF

27

24

30

30

24

Sudeste

1.183

1.134

836

658

736

MG

120

98

104

94

119

SP

1.063

1.036

732

563

617

Sul

5.517

3.669

1.806

3.416

5.095

PR

5.517

3.669

1.806

3.416

5.095

Centro-Sul

12.543

10.306

7.246

10.187

13.453

Brasil

12.797

10.574

7.704

10.705

14.025

*Preliminar

Fonte: CONAB (2007).

 

A produção de carne de frango é o segmento do setor de proteínas animais que mais cresce no país, sendo impulsionado pelas exportações. Do total produzido em 2004, cerca de 71% destinaram-se ao mercado interno e 29% foram exportados. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e exportou, em 2004, para 136 diferentes países, sendo que os do Oriente Médio, Ásia e União Européia foram os que mais adquiriram o frango brasileiro.

Mais recentemente, verifica-se um forte incremento das exportações de carnes bovinas. A evolução das exportações brasileiras de carnes está mostrada na Tabela 1.8. As exportações de bovinos e aves foram as que mais cresceram.

Para atender a demanda por ração animal, estima-se que foram consumidas cerca de 28 milhões de toneladas de milho em 2006 (Tabela 1.9). Para 2015 estima-se que, para atender, primordialmente, o segmento de ração animal, a produção brasileira de milho terá que ser de aproximadamente 55 milhões de toneladas.

 

Tabela 1.7 - Evolução da produção de carnes no Brasil (em 1.000 t).

Ano

Aves

Suínos

Bovinos

1999

4.681,3

1.237,8

3.806,7

2000

5.082,0

1.348,5

3.899,8

2001

5.566,7

1.588,1

4.330,3

2002

6.068,9

1.881,1

4.699,6

2003

6.226,4

1.917,5

4.977,2

2004

7.031,5

1.867,6

5.906,2

2005

7865,8

2156,5

6.345,8

2006

8133,5

2297,9

6.859,5

Fonte: IBGE (2007).

 

Tabela 1.8 - Evolução das exportações brasileiras de carnes (em toneladas).

Tipo

2002

2003

2004

2005

2006

Carne suína “in natura”

449.202

458.031

502.754

617.057

518.643

Carne de peru “in natura”

89.151

110.446

134.338

118.837

78.991

Carne de frango “in natura”

1.599.924

1.922.046

2.424.513

2.761.972

2.585.713

Carne bovina industrializada

160.480

180.406

231.696

178.000

114.000

Carne bovina “in natura”

430.272

620.118

992.578

1.151.678

1.303.728

Fonte: MDIC/SECEX – Aliceweb (2007).

 

Tabela 1.9 - Consumo de milho por segmento (em milhões de toneladas)

Carne

2005

2006

Variação 06/05 (%)

Frango

14,60

15,0

2,7

Ovo

2,30

2,30

0

Suínos

8,40

8,40

0

Bovinos

1,21

1,23

1,6

Outros

1,49

0,7

-53

Rações

28,00

27,63

-1,3

Fonte: Sindirações 

 

Outro aspecto relevante que deve ser destacado é a localização das unidades industriais de suínos e aves. A região Sul ainda concentra a maioria da produção e vem apresentando crescimento dessa atividade. Mais recentemente, a produção de suínos e de frangos, na região Centro-Oeste, vem mostrando forte expansão, vinculada à crescente produção de soja e milho nessa região. Essa tendência é plenamente justificável, em razão do peso que representa o milho e a soja no custo final da ração, tanto para aves quanto para suínos. Além disso, o custo de transporte, especialmente no Brasil, onde são precárias as condições de infra-estrutura, onera muito o preço do milho quando transportado a longas distâncias, refletindo na elevação do custo da ração. Assim, há tendência de se consumir o milho o mais próximo possível das áreas de produção.