Insetos praga

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Marcos Botton - Embrapa Uva e Vinho

Dori Edson Nava - Embrapa Clima Temperado

 

No Brasil, as pragas economicamente importantes do pessegueiro são a mariposa-oriental, as moscas-das-frutas, a cochonilha-branca e o gorgulho-do-milho. As pragas secundárias podem adquirir status de principais dependendo da localização de alguns pomares.

Entre essas pragas se destacam: a) os pulgões, o piolho-de-são josé, a broca-das-rosáceas, a lagarta-das-fruteiras, os ácaros, os tripes e as formigas. Informações sobre as pragas secundárias poderão ser obtidas no livro “A cultura do Pessegueiro” ou no site www.cpact.embrapa.br.

Mariposa-oriental, Grapholita molesta

A mariposa oriental é originária da China e constitui-se em séria praga para diversas fruteiras, estando distribuída em quase todo o mundo. No Brasil, ocorre em toda a região Centro-Sul. Trata-se de um inseto polífago que ataca também marmeleiro, pereira e macieira.

Os adultos medem cerca de 12 mm de envergadura e de 6 a 7 mm de comprimento. São de cor cinza-escura, com manchas nas asas, que encobrem todo o corpo, quando o inseto está pousado. Os ovos possuem cerca de 0,7mm de diâmetro e são colocados isoladamente nas folhas novas e nas brotações.

As lagartas recém-eclodidas, de cor branca, penetram nas brotações construindo uma galeria descendente e, próximo da pupação, adquirem cor branco-rosada. A pupa é protegida por um casulo de teia que, geralmente, fica em fendas da casca.

A duração do período ovo-adulto pode variar de 45 a 24 dias na faixa térmica de 20 a 30oC, respectivamente. Os danos causados se devem à alimentação dos ponteiros, sendo que uma larva alimenta-se de três a sete ramos da mesma planta, geralmente vizinhos um dos outros. O dano nos ramos é significativo em plantas jovens (com um a dois anos)., sendo de menor importância, após o início da produção. Os danos mais representativos são causados nos frutos.

Para o manejo da mariposa-oriental, deve-se realizar o monitoramento por meio da utilização do feromônio sexual. Recomenda-se instalar de 1 a 2 armadilhas  armadilhas por hectare, iscadas com feromônio sexual, a uma altura de 1,70m, colocando-as logo apos o inicio da brotação.

Semanalmente, deve-se realizar a inspeção da armadilha, e quando forem constatados mais de 20 insetos em cada uma delas, deve-se realizar a aplicação de inseticidas registrados no MAPA. Inseticidas reguladores de crescimento dos insetos específicos para lepidoptera foram recentemente registrados para o controle da praga, sendo alternativas interessantes para o manejo da grafolita. O uso de feromônios sexuais para controle também encontra-se disponível no mercado brasileiro

Mosca-das-frutas, Anastrepha fraterculus

A mosca-das-frutas sul-americana é a principal espécie que ocorre na região Sul do Brasil. Entretanto, nos pomares de pessegueiro localizados na região Sudeste também pode ocorrer a mosca-do-mediterrâneo, Ceratitis capitata.

Trata-se de um inseto polífago que infesta várias frutíferas nativas e cultivadas, migrando entre as diferentes frutíferas cultivadas numa determinada região. Os adultos são de cor amarela e asas transparentes, com manchas escuras de desenho característico.

A fêmea possui, no final do abdômen, um alongamento pontiagudo denominado de ovipositor. No macho, o abdômen termina de forma arredondada. As fêmeas medem aproximadamente 7 mm de comprimento e  16 mm de envergadura de asa, sendo o macho menor do que a fêmea.

As fêmeas colocam um ovo por punctura e as larvas, ao eclodir, alimentam-se da polpa, inviabilizando o fruto. A larva varia da cor branca à branco-amarelada e possui corpo liso, sem pernas. As larvas, quando totalmente desenvolvidas, medem de 7 a 9 mm de comprimento.

Ao término da fase larval, saem do fruto e pupam no solo a uma profundidade de até 5 cm. Os adultos emergem e após um período de aproximadamente 15 dias, quando ingerem alimentos proteicos para completar a maturação do aparelho reprodutor, iniciam a oviposição.

A duração do período ovo-adulto, semelhante ao que ocorre com os demais insetos praga, está relacionado à temperatura, ou seja, quanto mais elevada ela for, menor será o tempo para a mosca completá-lo. Em temperaturas em torno de 25ºC e 26ºC, o ciclo de A. fraterculus completa-se entre 26 a 30 dias.

O dano causado pela mosca-das-frutas ocorre, exclusivamente, no fruto. A larva, que se alimenta internamente da polpa do fruto, forma galerias e com a entrada de micro-organismos ocorre o apodrecimento e a queda dos frutos.

Para o manejo da mosca das frutas, devem-se utilizar uma série de medidas, dentro e fora do pomar, que auxiliam no seu controle. Entre essas medidas se destacam:

a) eliminar plantas silvestres que sejam, constantemente, infestadas pela mosca, ou usarem-se seus frutos para preparar suco para isca tóxica ou alimentação animal;

b) realizar o monitoramento com a utilização de armadilhas McPhail (2 a 4/ha) iscadas com proteína hidrolisada a 3% feromônio para ceratitis no pomar e em áreas com outras frutíferas nativas ou cultivadas;

c) realizar a catação e a destruição dos frutos remanescentes e temporões, após a colheita. Embora essas medidas auxiliem no manejo, torna-se necessário realizar o monitoramento e o controle da mosca-das-frutas sul-americana.

Devem ser instaladas de 2 a 4 armadilhas por hectare, dependendo da inclinação do terreno. As armadilhas devem ser instaladas antes do período de inchamento dos frutos (cerca de 40 dias antes da colheita) na altura média das plantas, colocando-se 300ml da solução.

As avaliações devem ser realizadas uma vez por semana por meio da contagem de moscas capturadas e a troca do atrativo alimentar. O nível de controle é de 0,5 MAD (mosca/armadilha/dia). Quando o valor for inferior a 0,5 recomenda-se fazer o controle com iscas-tóxicas.

A aplicação deve ser direcionada para plantas próximo das matas, nas bordas em cerca de 25% das plantas do pomar. E, quando for superior, realizar o controle com aplicação por cobertura. Os principais inseticidas utilizados para o controle da mosca são fosforados e piretroides.

Cochonilha-branca do pessegueiro, Pseudaulacaspis pentagona

A cochonilha-branca do pessegueiro está amplamente distribuída no Brasil e possui mais de 170 hospedeiros. A fêmea adulta é de coloração rósea amarelada, medindo, aproximadamente, 0,8 a 0,9mm de comprimento por 1,2 a 1,3mm de largura e protegida por uma carapaça branca, de forma circular, com cerca de 2 a 2,5mm de diâmetro.

Fêmeas não-fertilizadas ao longo das três semanas do período de maturidade sexual saem da carapaça e, sem tirarem o longo estilete do ponto inicial de inserção na planta, começam a secretar uma nova carapaça, que é mais branca e macia do que a primeira. Quando fertilizadas durante esse processo, as fêmeas param de produzir a carapaça e começam a produzir ovos.

O ciclo total da cochonilha-branca do pessegueiro é variável em função das condições de clima, sendo de 35 a 40 dias no verão e de 80 a 90 dias, no inverno. O número de gerações anuais varia de duas a três.

A dispersão da espécie dá-se pelo transporte das ninfas caminhadoras através do vento, pelas partes vegetativas das plantas e das mudas, pelas roupas dos trabalhadores e pelas próprias frutas e caixas que as contêm, entre outras formas.

O controle pode ser realizado com aplicação de inseticidas direcionado aos focos de infestação. Medidas auxiliares também são recomendadas, como a remoção de ramos infestados e das cochonilhas através do escovamento e a preservação dos inimigos naturais como parasitoides e predadores. A preservação desses agentes de controle biológico pode ser feito por meio do corte dos ramos infestados e exposição dos mesmos nas entrelinhas.

Gorgulho-do-milho, Sitophilus zeamais

Em diversas regiões produtoras de pêssego, tem-se verificado a incidência de adultos do gorgulho-do-milho atacando os frutos de pêssego nos pomares. O gorgulho do milho  é uma praga cosmopolita, característica de produtos armazenados.

O dano aos frutos é causado somente pelo gorgulho adulto, tanto macho como fêmea.  O ataque ocorre, unicamente, na parte basal do fruto, preferencialmente na cavidade peduncular, não  tendo sido constatado nenhum dano causado pelo gorgulho em outras partes do fruto. Os adultos removem pequenas quantidades da casca e polpa, podendo ser encontrados  de três a quatro gorgulhos por fruto. Os adultos  podem estar se alimentando ou, simplesmente, refugiando-se na cavidade peduncular.
As perdas são diretas, devido ao ataque do inseto nos frutos, e também podem ser indiretas, porque as lesões abrem pontos para o início de infecções fúngicas, como a podridão-parda, e, também, para o início do ataque de outros insetos secundários, principalmente da família Nitidulidae.

O maior aumento de gorgulhos no pessegueiro é observado no mês de janeiro, embora tenham sido, também, verificados antes e após esse período. Para o controle desse inseto recomenda-se realizar a colheita do milho na época indicada (logo após a final do estádio fenológico) e realizar o expurgo em paióis e armazéns, com a utilização de fosfina, uma vez que esses são as duas fontes de multiplicação do inseto.