Propagação

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Nelson Luiz Finardi - Consultor autônomo

 

Propagação por sementes

Propagação do pessegueiro por semente só é realizada visando-se à obtenção do porta-enxerto. Em geral, as plantas obtidas a partir de sementes apresentam variabilidade genética mais ou menos acentuada. Na produção do porta-enxerto, devem-se considerar os aspectos abordados a seguir:

Obtenção de semente (caroço)

Os caroços, na sua grande maioria, são oriundos das indústrias de conserva. O poder germinativo dessa semente é muito variável, dependendo da cultivar que a originou e dos cuidados dispensados.

Muita atenção deve ser dada para a limpeza dos caroços: após o descaroçamento dos frutos, eles devem ser limpos, retirando-se o resto da polpa que permaneça aderida, para se evitar fermentação. Para isso, são espalhados à sombra em camadas finas (± 10cm).

Durante os dias subsequentes (de três a quatro), são revolvidos duas a três vezes por dia e recebem água em abundância para facilitar a remoção da polpa, e evitar a sua fermentação. Após a limpeza, os caroços podem ser mantidos à sombra até fins de abril, quando são levados à sementeira ou plantados, diretamente, no viveiro. Podem também ser usados outros métodos para se limpar o caroço (por exemplo, lavadoras de hortaliças), desde que sejam eficientes para se atingir o objetivo almejado.

Plantio dos caroços

Para que a semente no interior do caroço germine, é necessário que ela receba frio úmido. Isso pode ser conseguido de maneira natural, no campo, ou artificialmente, em câmara fria.

O frio artificial é aplicado colocando-se os caroços ou apenas as sementes em câmaras frias ou geladeira. Em geral, a temperatura ideal que possibilita a posterior germinação é em torno de 4°C. Salienta-se que é necessário haver umidade junto à semente para a correta ação do frio. Procede-se da seguinte maneira: se os caroços estiverem secos, deverão ser imersos em água por 24 horas.

Depois, serão depositados em caixas de plástico ou madeira, cobertos com papel e colocados na câmara. Periodicamente, adiciona-se água para umedecer o papel. Normalmente, os caroços permanecem de dois a três meses nessas condições. Em geral, a entrada na câmara deve ocorrer em abril/maio, e a retirada, em julho/agosto.

Quando se observarem a abertura dos caroços e o início da germinação, ainda dentro da câmara fria, deve-se levá-los ao viveiro. Pode-se aplicar a mesma sequência descrita usando-se uma geladeira. Como o espaço é reduzido, recomenda-se a quebra dos  caroços, com cuidado, para não provocar danos à retirada das sementes, e, depois, colocá-las em sacos plásticos, com papel-toalha úmido, depositando-as na parte inferior da geladeira. Quando se observar o início da germinação, ainda na geladeira, elas deverão ser plantadas no viveiro.

Para o processo de germinação a campo, existem duas possibilidades: os caroços são plantados diretamente nas linhas definitivas do viveiro ou são plantados em canteiros (sementeiras) e, posteriormente, levados para o viveiro. O plantio direto dos caroços nas linhas do viveiro deve ser feito em abril/maio em solo bem preparado, corrigido e adubado.

A distância entre as filas é estabelecida pelo cultivador, usada, posteriormente, para a limpeza do viveiro. Em geral, recomendam-se distâncias de 1,0 a 1,5m. Os caroços são semeados na fila, bem juntos, podendo-se colocar até 200 caroços por metro linear. Quando ocorrer a germinação, será feito o raleio das mudinhas que estiverem muito próximas, deixando-se um espaço de 15 a 20cm entre elas, ocasião em que serão preenchidos os espaços onde houver falhas.

O plantio direto dos caroços propicia a vantagem de não ser necessário fazer-se o transplante da sementeira para o viveiro, mas apresenta a desvantagem da necessidade de se controlarem as invasoras e manter-se a umidade do solo em área muito extensa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O plantio dos caroços em sementeira é efetuado em canteiros com cerca de um metro de largura e comprimento variável. A terra deve ser bem preparada, e os caroços, semeados bem próximos colocados em um ou dois cômodos. Depois, cobrem-se os caroços com uma camada de terra de cerca de 2cm. A seguir, o canteiro é coberto com uma camada de palha para se manter a umidade e dificultar o surgimento de ervas daninhas. Na ocorrência de estiagem, o canteiro deve ser irrigado.

No final de julho, meados de agosto, nas condições do Sul do Brasil, ocorre a germinação das sementes, ocasião em que a palha deve ser removida. Faz-se o transplante das mudinhas, de preferência ainda com os cotilédones, para se evitarem maiores danos. São então plantadas com espaçamento de 15-20cm nas filas do viveiro.