Poda

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

José Francisco Martins Pereira - Consultor autônomo

 

Os objetivos da poda são: desenvolver ramificações primárias fortes e bem inseridas; manter o crescimento equilibrado com a produção, evitando a alternância entre colheitas e reduzindo o trabalho do raleio; estimular a formação de ramos novos e de gemas de flor, bem distribuídas na copa da árvore; melhorar a qualidade e tamanho dos frutos e uniformizar seu amadurecimento; livrar a árvore de ramos fracos, secos, “ladrões” e aqueles atacados por pragas e doenças; controlar a altura da planta, facilitando a colheita e outros tratos culturais.


Época
 
A época apropriada para a poda do pessegueiro é durante o período de repouso. Não deve ser muito cedo, a fim de se evitar um estímulo à brotação precoce, nem muito tarde, para se prevenir a perda de reservas juntamente com a brotação eliminada pela poda.

Plantas podadas após o período de dormência, com frutos em formação, produzem grande quantidade de frutos pequenos e têm seu desenvolvimento vegetativo reduzido, o que as leva ao definhamento.

De um modo geral, pode-se dizer que a época ideal para a poda começa 15 dias antes da floração, estendendo-se até quando as plantas apresentarem cerca de 25% de flores abertas. Entretanto, a poda pode ser realizada desde a queda das folhas, cerca de um mês antes do início da floração, até uma semana antes da plena floração sem que haja grande mudança na produção.


Tipos de Poda

Poda de formação
 
Esta poda tem por finalidade propiciar, à planta, uma altura de tronco e uma estrutura de ramos adequadas à exploração. É realizada durante os dois primeiros anos de idade da planta. A poda de formação mais usada no pessegueiro quando cultivado nos espaçamentos de 6 x 3m ou 6 x 4m é conhecida como poda em cone (ou vaso) invertido. Nesse tipo de poda, as ramificações primárias podem desenvolver-se em número de quatro a seis, distribuídas em diversas alturas, ficando a mais baixa de 25 a 30cm do solo.Para isso, em novembro ou dezembro, quando as brotações do tronco já alcançam de 10 a 20cm de comprimento, são selecionados quatro a seis ramos bem distribuídos, os quais formarão as ramificações principais da copa.

É aconselhável deixarem-se um ou dois ramos a mais, devido à possibilidade de perda de algum deles por efeito do vento, pássaros ou outros agentes. No inverno seguinte, eliminam-se, completamente, as brotações do tronco que não tenham sido previamente selecionadas. A poda deve, nesse estádio, ser conduzida com intensidade leve com a finalidade de se atingir a forma desejada, que é aquela que se aproxima de um cone invertido.

Os ramos principais selecionados devem ser reduzidos em até um terço de seu comprimento, cortados logo acima de um ramo lateral que se dirija para fora. Esse detalhe destina-se a abrir a copa. Os ramos laterais, que, em geral, já são frutíferos, devem sofrer uma redução em seu comprimento. Embora a forma de vaso seja a mais usual para condução do pessegueiro, algumas outras têm sido usadas especialmente em pomares de alta densidade.

A condução de plantas na forma de “Y” pode ser considerada como se fosse uma planta conduzida em vaso aberto pela metade. A planta se estrutura com duas pernadas que nascem do tronco, a uma altura de 25 a 30 cm do solo, separadas por um ângulo de 45 a 60º. À medida que se desenvolvem, estas ramas tendem a crescer verticalmente e continuar paralelas.

Sobre os ramos principais, mantêm-se os órgãos de frutificação de maneira similar aos outros tipos de condução. A disposição dos ramos em relação à fila, é muito importante para decidir o espaçamento entre plantas. A condução de plantas nas formas de “Y” não causa redução no tamanho dos frutos, mesmo em densidades reduzidas entre plantas na linha (1,5-2m).


Poda verde

Esta poda é praticada durante o período de vegetação, florescimento, frutificação e maturação dos frutos, tendo por finalidade melhorar sua qualidade e manter a forma da copa por meio da supressão de partes da planta. Em árvores novas, é recomendada a poda verde, realizada durante o período de crescimento para a eliminação dos ramos mal posicionados e “ladrões” ou para despontarem ramos, estimulando sua bifurcação e conduzindo a árvore à forma desejada.

Nas plantas em produção, é realizada com a finalidade de se suprimirem ramos nos quais o crescimento seja dirigido para o interior da copa, e ampliar-se a aeração e iluminação no interior da planta, promovendo-se o aumento de frutificação nas camadas inferiores dos ramos e melhorando-se a coloração da película dos frutos.Em pessegueiros podados no verão (poda verde), a poda de inverno deve ser antecipada. As árvores assim podadas produzem frutos com melhor coloração, obtendo-se também controle sobre o vigor da planta.


Poda de frutificação

Na poda de frutificação, visa-se a deixar um número limitado e equilibrado de ramos vegetativos e frutíferos, e a manter a forma da copa, interferindo-se na tendência natural da planta de crescer demasiadamente em altura. Os ramos formados no ano anterior podem ser classificados como vegetativos ou frutíferos. São vegetativos aqueles lenhosos e fortes, que se formam, principalmente, quando a árvore é nova, rejuvenescida ou demasiadamente vigorosa.Os ramos frutíferos são os chamados “mistos”, isto é, aqueles que possuem gemas vegetativas e floríferas, isoladas ou agrupadas. O ramo de ano do pessegueiro possui dois tipos de gemas: as vegetativas, que originam as folhas, e as floríferas ou frutíferas, que se desenvolvem para frutos.

As gemas vegetativas são menores, mais alongadas e pontudas, enquanto que as floríferas são quase esféricas, com escamas mais abertas e mais claras.Em determinadas cultivares, as gemas floríferas desenvolvem-se na base dos ramos mistos. Em outras, elas estão situadas na extremidade, mas podem, também, distribuir-se regularmente no ramo. A intensidade da poda depende da cultivar, do vigor e estado nutricional da planta e da distância entre gemas.

Inicia-se a poda de frutificação pela remoção de ramos quebrados, doentes, secos ou mal localizados. A seguir, eliminam-se os ramos paralelos e próximos um do outro, os ramos “ladrões”, os ramos que estão diretamente para cima ou para baixo e os que estão em forquilha, cujo ponto de inserção seja muito fraco (ângulo muito fechado). Finalmente, faz-se um desponte de, aproximadamente, um terço no lançamento do ano e o desponte dos ramos de frutificação.

Essa poda detalhada, ou seja, o desponte e o desbaste dos ramos de frutificação, depende da cultivar, basicamente da distância entre gemas floríferas nos ramos de um ano e, particularmente, da capacidade de frutificação efetiva que determinada cultivar apresente nas condições locais. Se a poda de frutificação for bem realizada e seguida de práticas culturais adequadas, o crescimento dos ramos será, em média, de 35 a 50cm.


Poda de renovação

Árvores mal conduzidas, debilitadas ou intensamente atacadas por doenças e/ou pragas podem ser recuperadas por uma poda de renovação. Logo após a colheita, elimina-se toda a copa com auxílio de serrote, deixando-se, somente, os ramos principais, com um comprimento de 30 a 50cm. Os cortes devem ser protegidos com pasta bordalesa. Após a brotação, são selecionados, em cada ramificação principal, dois ou três brotos, dirigidos para fora. Todos os ramos que se dirijam para o interior da copa devem ser eliminados. Desse ponto em diante, dá-se, à planta, a formação desejada.