Pêssego
Plantas daninhas
Autores
Antônio Roberto Marchese de Medeiros - Consultor autônomo
Flávio Luiz Carpena Carvalho - Consultor autônomo
É recomendável que o solo dos pomares, na linha de plantas, ou seja, na área efetivamente explorada pelo sistema radicular das frutíferas, seja mantido livre de qualquer tipo de vegetação que possa competir com o pessegueiro no período compreendido, principalmente, entre a floração e a maturação dos frutos; estendendo-se até a queda das folhas.
Capinas mecânicas, quando executadas a tempo, contornam a presença indesejável das plantas invasoras. Quando é utilizado o controle químico, em certos casos surgem dúvidas quando ocorrem chuvas após a aplicação. Sobre este aspecto, em experimento utilizando plântulas de feijão (Vigna sp.) em dois estádios de desenvolvimento: estádio I, apresentando apenas o primeiro par de folhas; e estádio II, caracterizando-se por apresentarem, além das folhas cotiledonares, as primeiras folhas trifoliadas, foram simulados diferentes períodos de chuva após a aplicação do herbicida glifosate, o qual foi utilizado na dosagem de 3 L/ha do produto comercial. Os períodos de chuva foram de 10 minutos para cada tratamento, e os intervalos foram: 1 minuto após a aplicação do herbicida; 1 hora após a aplicação; 2 horas após a aplicação; 6 horas após a aplicação; 7 horas após a aplicação do herbicida. Foi concluido que, quando as plântulas foram expostas à chuva um minuto após a aplicação do herbicida glifosate, leves sintomas da ação fitotóxica foram obtidos nas plântulas do primeiro estágio; não sendo observados sintomas nas plântulas do segundo estágio, as quais não diferiram visualmente das plântulas testemunhas (sem herbicida).A diferença da ação fitotóxica entre os dois estágios está relacionada ao desenvolvimento das plântulas.
Independente do estágio de desenvolvimento, a ocorrência de chuva uma hora após a aplicação, não alterou a ação do herbicida. Entretanto, recomenda-se que a aplicação de herbicidas pós-emergentes, seja feita em dias de sol.Sementes de espécies invasoras conservam, no solo, o poder germinativo durante muito tempo. A adoção de práticas culturais que impeçam as plantas invasoras de sementarem, fará com que, com o passar dos anos, o número de espécies seja reduzido. Há também que se levar em consideração que o corte das plantas, favorece a penetração da luz, induzindo a germinação de sementes de espécies que requeiram luminosidade para o desencadeamento do processo germinativo. Este fenômeno poderá proporcionar o aparecimento de espécies cujas sementes estavam submetidas a um processo de dormência. A eliminação das espécies invasoras deve se restringir à área explorada pelo sistema radicular das frutíferas. Em muitos casos, dependendo das espécies invasoras, do regime de chuvas e da disponibilidade de mão de obra, a capina manual torna-se impraticável ou ineficiente. Uma capina eficiente, seguida da aplicação de um herbicida pré-emergente, permite, em certas situações, que a área tratada fique livre das plantas invasoras por um período superior a cinco meses.Podem também ser utilizados herbicidas com ação pós-emergente; neste caso, entretanto, as invasoras devem ter altura máxima de 25 cm. Geralmente, herbicidas pós-emergentes não têm ação sobre as sementes, sendo inativados pelos coloides do solo. Herbicidas de ação pós-emergente, como o glifosate (ou similar) e o paraquat (ou similar), vem sendo utilizados no controle de plantas invasoras em pomares de pessegueiros.
Os herbicidas com ação pré-emergente mais utilizados são diuron (ou similar), a simazina (ou similar) e a orizalina (ou similar).É comum também, o uso de herbicida que contenha a mistura de diuron e paraquat com bons resultados. O herbicida glifosate é utilizado na dosagem de 1,5 a 4 l/ha do produto comercial , o herbicida paraquat, na dosagem de 2 a 3 l/ha do produto comercial. A maior ou menor dosagem do herbicida é variável, dependendo dos estádio de desenvolvimento da invasora, assim como da espécie de plantas invasoras.Quanto aos herbicidas de ação pré-emergente, são utilizados nas dosagens de 2 a 3kg/ha do produto comercial, variando em função da textura do solo e do teor de matéria orgânica (níveis mais altos requerem maiores dosagens). Muitas vezes, não é levado em consideração que a dosagem recomendada para a aplicação de um herbicida é feita em termos de área. Em um ha de pomar, sendo utilizado um espaçamento de 6m entre linhas, descontadas as irregularidades do terreno e as estradas, têm-se, em termos gerais, 15 linhas a cada 100 m. Considerando-se que a faixa a ser isenta de plantas invasoras seja de 1m para cada lado da planta, tem-se uma área de 30 x 100 metros em cada hectare de pomar. Ou seja, 1 ha de pomar equivale a 30% em área a ser tratada com herbicida, quando comparado a um cultivo anual.