Revestido com bio-filme

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Antônio Gomes Soares - Embrapa Agroindústria de Alimentos

 

A pupunheira é uma palmeira que se constitui como alternativa para a produção de palmito, tendo a vantagem de ser explorada em plantios organizados. O palmito é uma iguaria muito apreciada pela alta gastronomia no Brasil e no mundo.

Atualmente, a indústria de alimentos ainda se concentra na produção de palmito em salmoura. Entretanto, o palmito de pupunha minimamente processado, ou seja, pronto para consumo in natura e sem tratamento térmico, é uma alternativa viável que tem crescido no mercado consumidor. O tolete do palmito de pupunha é a parte mais nobre da palmeira e apresenta um preço médio de R$ 35,00 (trinta e cinco reais) o quilo quando comercializado na forma de minimamente processado.

Entretanto, a tecnologia empregada é rudimentar e ineficiente, fazendo com que o tempo de vida útil deste produto seja muito curto, com perdas consideráveis nos locais de comercialização. Desta maneira, os produtores de palmito de pupunha minimamente processado não conseguem comercializar o produto para regiões distantes dos locais de produção. Além disso, as embalagens de comercialização são inadequadas e incipientes, aumentando ainda as perdas do produto.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos, por meio de um projeto de pesquisa com a Embrapa Florestas, definiu um fluxograma de processamento mínimo para obtenção de produto minimamente processado que atende aos requisitos básicos de qualidade e segurança alimentar.

No processamento mínimo, o palmito recebe uma solução filmogênica comestível (revestimento comestível). O filme foi desenvolvido à base de polímero natural (gelatina), que tem a função de prolongar a vida útil do tolete de palmito de pupunha minimamente processado e assegurar a sua qualidade. Foram realizados testes sensoriais com consumidores que indicaram não haver alterações significativas no sabor, textura e aparência do produto.

Os revestimentos comestíveis são finas películas constituídas de diferentes substâncias naturais ou sintéticas que podem ser formadas diretamente na superfície do palmito de pupunha. São ferramentas interessantes para substituir o revestimento natural do palmito que pode ser retirado durante a limpeza e manuseio nas casas de embalagens ou até mesmo no campo. Esta proteção artificial pode prevenir a perda de umidade, diminuir a taxa de respiração do produto vegetal, manutenção do aroma, manutenção da aparência e carrear aditivos alimentares capazes de inibir a deterioração deste produto por microrganismos.

Desta forma, pode-se alcançar a extensão do tempo de vida útil permitindo que o produto seja comercializado em locais distantes da produção agroindustrial com elevado valor agregado. O uso desta tecnologia propicia aos produtores e às agroindústrias novas perspectivas de mercado tanto no Brasil como no exterior.

Foto: Antonio Gomes Soares
Palmito revestido com bio-filme
Figura 1. Palmito revestido com biofilme e embalado em plástico e caixa.