Equipamentos

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão

Wirton Macedo Coutinho - Embrapa Algodão

Waltemilton Vieira Cartaxo - Embrapa Algodão

Orozimbo Silveira Carvalho - Aposentado

Valinei Soffiati - Embrapa Algodão

João Luís da Silva Filho - Embrapa Algodão

Louriorlando Bidô da Costa - Embrapa Algodão

 

No Brasil, a extração da fibra era feita, de início, por meio de um instrumento simples, chamado farracho ou alicate, cujo processo, bastante rudimentar, baseava-se na raspagem da folha para a retirada da polpa ou da mucilagem que envolve a fibra, por meio de lâminas de ferro. Depois, com o aumento da área plantada, desenvolveram-se rotores raspadores, de acionamento mecânico. Esta máquina, denominada "motor de agave" ou "máquina Paraibana" ( Figura 2), é, ainda hoje, a principal desfibradora dos campos de sisal.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 1. Detalhe do corte das folhas de sisal.

 
Por sua simplicidade e rusticidade, a máquina Paraibana tem baixa capacidade operacional (em torno de 150 kg a 200 kg de fibra seca em um turno de 10 horas/dia) e produz grande desperdício de fibras (em média 20% a 30% da fibra contida na folha) e, sobretudo, envolve um número elevado de pessoas para a sua operacionalização, aumentando os custos de produção.

Além disso, pela sua rusticidade, a máquina Paraibana exige grande esforço do(s) puxador(es). O processo de desfibramento, na Bahia, é feito por uma única pessoa (puxador) e na Paraíba por duas pessoas, que trabalham em perfeita sintonia, da seguinte maneira: o primeiro operador segura a folha pela parte apical e a introduz na outra extremidade, aproximadamente 60% do seu comprimento, na boca de alimentação da máquina; em seguida, auxiliado pelo segundo operador, inverte a posição da folha e introduz a parte ainda não desfibrada, para completar a operação. Este procedimento também é feito quando o desfibramento é realizado por um único puxador. Em operação normal desfibram-se, em média, 20 a 30 folhas por minuto, ou 1.200 a 1.800 folhas por hora ou, ainda, 550 kg a 820 kg de folhas/hora.

A fadiga, aliada à falta de segurança da máquina, expõe os operadores a constantes riscos de acidentes, o que constitui um dos principais problemas da máquina e da operação propriamente dita. Nas regiões produtoras de sisal existe um grande número de pessoas com mãos mutiladas pela máquina Paraibana; no entanto, é importante salientar que este equipamento - por ser um dos únicos disponíveis no mercado, ter baixo custo aquisitivo, ser de fácil manutenção, de concepção simples e rústica - tem grande aceitação por parte dos produtores, principalmente dos pequenos e médios ou por pessoas que prestam serviços neste segmento.

Desde o aparecimento da máquina Paraibana, poucas modificações lhe foram introduzidas com o propósito de melhorar sua capacidade produtiva e reduzir os riscos de acidente.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 2. Máquina Paraibana desfibrando folhas de sisal em regiões produtoras do Estado da Paraíba.