Sisal
Mercado
Autor
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão
A área plantada com sisal no Brasil, no ano de 2010, alcançou a cifra de 290.000 ha para uma produção estimada de 235.759 toneladas de fibra (Tabela 1), no entanto, a produção brasileira de sisal já chegou a alcançar o montante de 314.314 toneladas em 1975.
Tabela 1. Área total plantada no Brasil.País |
Item |
Ano |
Área plantada (mil ha) |
Brasil |
Sisal |
2010 |
290.0 |
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA - nov. 2011 - GCEA/IBGE.
A atividade sisaleira é fortemente dependente da demanda externa por fibras ou manufaturados, por este motivo a maior parte de toda a produção nacional é destinada à exportação. Em 2006 verificou-se uma diminuição nas exportações desta fibra (Tabela 2), que rende cerca de 80 a 100 milhões de dólares em divisas para o Brasil. Contudo, esse cenário não é dos mais promissores, pois a comercialização concentra-se na fibra no estado bruto, com baixo valor agregado.
Mercado interno
Estima-se que o sisal oferece aproximadamente 850 mil postos de trabalho de forma direta e indireta, por meio de sua cadeia de atividades, que começa com a manutenção das lavouras, a colheita, o desfibramento e o beneficiamento da fibra, e termina com a industrialização e a confecção de artesanato.
Apesar do sisal ter pouca representatividade no valor das exportações brasileiras e na renda agrícola, a importância real da produção sisaleira na economia nordestina e, por extensão, na nacional, reside em sua capacidade de tornar produtivas regiões semiáridas, sem quaisquer outras alternativas econômicas e onde vivem comunidades das mais pobres do Brasil. Em extensas áreas nordestinas, o sisal, mesmo nas condições de insegurança e atraso em que é produzido, se constitui virtualmente em fator de sobrevivência e fixação para a população rural.
Estrutura da comercialização do sisal no Nordeste
O processo de comercialização do sisal é formado por uma cadeia de intermediários, característico de uma cultura que se desenvolve com baixo índice tecnológico e apresenta grande deficiência na infraestrutura básica para o beneficiamento. Desde o desfibramento, passando pelas fases do beneficiamento, da industrialização até a comercialização final, a fibra do sisal passa por uma extensa rede de intermediação.
Até bem pouco tempo atrás, muitos produtores de sisal contratavam os serviços de corte e desfibramento, efetuando o pagamento por quilo de fibra bruta seca produzida, entretanto, como forma de evitar o pagamento do salário-mínimo que a lei assegura aos trabalhadores, os ônus com a seguridade social e com possíveis mutilações, durante o processo de descorticação; hoje, o normal é o produtor negociar sua lavoura com o proprietário do motor (desfibrador), que, na maioria das vezes, utiliza a mão de obra familiar e, por exercer uma atividade itinerante, possuir reduzida capacidade econômica e o constante rodízio de pessoal, isenta-se dos encargos sociais.
Normalmente, o desfibrador estabelece uma relação financeira com o intermediário que financia todas as despesas do desfibramento e transporte, mediante seu comprometimento da entrega da fibra bruta. Este intermediário poderá ser o agente de compra que comercializa com a fibra bruta ou aquele que a beneficia em sua batedeira para depois entregá-la à indústria ou ao exportador. Estes agentes se distribuem nas regiões produtoras de sisal com o objetivo de facilitar a comercialização e o suprimento da matéria-prima às indústrias ou aos exportadores.
Mercado externo
A produção mundial de fibras declinou 18% no período de 1990 a 1996, em razão de problemas climáticos e da concorrência do polipropileno, e, a partir de 2007, especificamente o mercado de sisal e henequém continuou a se contrair, embora em um ritmo mais lento (Tabela 2), ainda em grande parte sob a influência da concorrência com as fibras sintéticas. A queda da produção e a competição na aquisição de fibras, particularmente entre produtores de manufaturados de alto valor, como carpetes, deverão, no decorrer dos próximos anos, provocar um pequeno aumento nos preços do sisal e dos manufaturados, em especial para a fibra africana, de qualidade superior a da brasileira.
Em nível mundial, os produtos feitos de corda, fabricados tradicionalmente com sisal e henequém, enfrentam uma retração de mercado em face da concorrência do polipropileno; entretanto, existem outros produtos com possibilidade de aumento de vendas, tais como: tecidos, carpetes, revestimentos para paredes e geotêxteis, polpa e papel, fios de qualidade e alvos, para dardos. O Brasil exporta, através do Nordeste, a maior parte da produção de sisal em forma de fibras e manufaturados.
A menor parte da produção brasileira de sisal é consumida internamente, sendo o destaque para as indústrias de pequeno e grande porte, na fabricação de fios, cordoalha, mantas e tapetes. Por ser um produto essencialmente de exportação, os preços internos do sisal são um reflexo dos preços internacionais da fibra, decrescentes desde da década de 1990, e no ano de 1992 atingiram o mais baixo nível nas duas últimas décadas.
Os principais importadores de fios agrícolas industrializados (“baler” e “binder twine”) são os Estados Unidos, países europeus e Canadá.
Países | Tipos | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 |
em 1.000 toneladas | |||||||
Brasil | Fibra | 55.3 | 52.6 | 52.6 | 27.1 | 27,4 | 30.5 |
Cordoaria | 35.0 | 38.4 | 33.0 | 43.0 | 31.1 | 24.6 | |
Outros Manufaturados | 15.6 | 16.5 | 11.7 | 10.3 | 9.1 | 11.2 | |
Total | 105.9 | 107.5 | 97.3 | 80.4 | 67.5 | 66.3 | |
| |||||||
Haiti | Fibra | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 |
Cordoaria | 1.5 | 1.5 | 3.0 | 3.0 | 3.5 | 3.5 | |
Total | 1.5 | 1.5 | 3.0 | 3.0 | 3.5 | 3.5 | |
| |||||||
Quênia | Fibra | 20.6 | 19.6 | 21.8 | 19.8 | 18.7 | 20.0 |
Cordoaria | 1.4 | 1.1 | 0.3 | 0.4 | 0.3 | 0.4 | |
Outros Manufaturados | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | |
Total | 22.0 | 20.7 | 22.1 | 20.1 | 19.0 | 20.4 | |
| |||||||
Madagascar
| Fibra | 6.7 | 7.8 | 7.3 | 6.6 | 5.9 | 7.8 |
Cordoaria | 1.1 | 1.0 | 1.0 | 1.2 | 0.7 | 0.7 | |
Total | 7.8 | 8.8 | 8.3 | 7.8 | 6.6 | 8.5 | |
| |||||||
México | Fibra | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 |
Cordoaria | 2.7 | 1.8 | 1.5 | 1.7 | 1.2 | 1.0 | |
Total | 2.7 | 1.8 | 1.5 | 1.7 | 1.2 | 1.0 | |
| |||||||
Moçambique | Fibra | 0.7 | 0.5 | 0.5 | 0.5 | 0.5 | 0.5 |
Cordoaria | 0.5 | 0.5 | 0.5 | 0.5 | 0.5 | 0.5 | |
Total | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | |
| |||||||
Tanzânia | Fibra | 11.7 | 11.9 | 8.2 | 9.0 | 8.2 | 11.6 |
Cordoaria | 2.7 | 3.1 | 3.6 | 2.4 | 5.3 | 6.2 | |
Polpa | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | |
Outros manufaturados | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | |
Total | 14.4 | 15.0 | 11.7 | 11.4 | 13.6 | 17.8 | |
| |||||||
China | Fibra | 0.1 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 | 0.0 |
Cordoaria | 4.4 | 5.5 | 6.7 | 7.5 | 6.3 | 7.3 | |
Total | 4.5 | 5.5 | 6.7 | 7.5 | 6.3 | 7.3 | |
| |||||||
Europa | Fibra | 7.8 | 5.5 |
|
|
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|
Outros manufaturado | 5.8 | 11.0 | 20.6 | 11.8 | 9.5 | 11.6 | |
Total | 23.5 | 16.6 |
|
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Outros Países | Fibra | 0.8 | 1.0 |
| |||
Cordoaria | 13.3 | 13.9 | 14.1 | 13.8 | 12.3 | 12.8 | |
Total | 14.2 | 14.9 |
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Produção Mundial | Fibra | 103.6 | 98.9 |
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Cordoaria | 94.0 | 94.4 | 96.0 | 95.6 | 79.8 | 80.0 | |
Total | 197.6 | 193.3 |
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* Podem incluir os dados oficiais, semioficiais ou estimados.