Mercado

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão

 

A área plantada com sisal no Brasil, no ano de 2010, alcançou a cifra de 290.000 ha para uma produção estimada de 235.759 toneladas de fibra (Tabela 1), no entanto, a produção brasileira de sisal já chegou a alcançar o montante de 314.314 toneladas em 1975.

Tabela 1. Área total plantada no Brasil.
 País

 Item

Ano

Área plantada (mil ha)

 Brasil

 Sisal

2010

290.0

Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA - nov. 2011 - GCEA/IBGE.

 

A atividade sisaleira é fortemente dependente da demanda externa por fibras ou manufaturados, por este motivo a maior parte de toda a produção nacional é destinada à exportação. Em 2006 verificou-se uma diminuição nas exportações desta fibra (Tabela 2), que rende cerca de 80 a 100 milhões de dólares em divisas para o Brasil. Contudo, esse cenário não é dos mais promissores, pois a comercialização concentra-se na fibra no estado bruto, com baixo valor agregado.

Mercado interno

Estima-se que o sisal oferece aproximadamente 850 mil postos de trabalho de forma direta e indireta, por meio de sua cadeia de atividades, que começa com a manutenção das lavouras, a colheita, o desfibramento e o beneficiamento da fibra, e termina com a industrialização e a confecção de artesanato. 

Apesar do sisal ter pouca representatividade no valor das exportações brasileiras e na renda agrícola, a importância real da produção sisaleira na economia nordestina e, por extensão, na nacional, reside em sua capacidade de tornar produtivas regiões semiáridas, sem quaisquer outras alternativas econômicas e onde vivem comunidades das mais pobres do Brasil. Em extensas áreas nordestinas, o sisal, mesmo nas condições de insegurança e atraso em que é produzido, se constitui virtualmente em fator de sobrevivência e fixação para a população rural.


Estrutura da comercialização do sisal no Nordeste

O processo de comercialização do sisal é formado por uma cadeia de intermediários, característico de uma cultura que se desenvolve com baixo índice tecnológico e apresenta grande deficiência na infraestrutura básica para o beneficiamento. Desde o desfibramento, passando pelas fases do beneficiamento, da industrialização até a comercialização final, a fibra do sisal passa por uma extensa rede de intermediação.
 
Até bem pouco tempo atrás, muitos produtores de sisal contratavam os serviços de corte e desfibramento, efetuando o pagamento por quilo de fibra bruta seca produzida, entretanto, como forma de evitar o pagamento do salário-mínimo que a lei assegura aos trabalhadores, os ônus com a seguridade social e com possíveis mutilações, durante o processo de descorticação; hoje, o normal é o produtor negociar sua lavoura com o proprietário do motor (desfibrador), que, na maioria das vezes, utiliza a mão de obra familiar e, por exercer uma atividade itinerante, possuir reduzida capacidade econômica e o constante rodízio de pessoal, isenta-se dos encargos sociais.
 
Normalmente, o desfibrador estabelece uma relação financeira com o intermediário que financia todas as despesas do desfibramento e transporte, mediante seu comprometimento da entrega da fibra bruta. Este intermediário poderá ser o agente de compra que comercializa com a fibra bruta ou aquele que a beneficia em sua batedeira para depois entregá-la à indústria ou ao exportador. Estes agentes se distribuem nas regiões produtoras de sisal com o objetivo de facilitar a comercialização e o suprimento da matéria-prima às indústrias ou aos exportadores.

 
Mercado externo


A produção mundial de fibras declinou 18% no período de 1990 a 1996, em razão de problemas climáticos e da concorrência do polipropileno, e, a partir de 2007, especificamente o mercado de sisal e henequém continuou a se contrair, embora em um ritmo mais lento (Tabela 2), ainda em grande parte sob a influência da concorrência com as fibras sintéticas. A queda da produção e a competição na aquisição de fibras, particularmente entre produtores de manufaturados de alto valor, como carpetes, deverão, no decorrer dos próximos anos, provocar um pequeno aumento nos preços do sisal e dos manufaturados, em especial para a fibra africana, de qualidade superior a da brasileira.
 
Em nível mundial, os produtos feitos de corda, fabricados tradicionalmente com sisal e henequém, enfrentam uma retração de mercado em face da concorrência do polipropileno; entretanto, existem outros produtos com possibilidade de aumento de vendas, tais como: tecidos, carpetes, revestimentos para paredes e geotêxteis, polpa e papel, fios de qualidade e alvos, para dardos. O Brasil exporta, através do Nordeste, a maior parte da produção de sisal em forma de fibras e manufaturados.
 
A menor parte da produção brasileira de sisal é consumida internamente, sendo o destaque para as indústrias de pequeno e grande porte, na fabricação de fios, cordoalha, mantas e tapetes. Por ser um produto essencialmente de exportação, os preços internos do sisal são um reflexo dos preços internacionais da fibra, decrescentes desde da década de 1990, e no ano de 1992 atingiram o mais baixo nível nas duas últimas décadas.

Os principais importadores de fios agrícolas industrializados (“baler” e “binder twine”) são os Estados Unidos, países europeus e Canadá.

 
Tabela 2. Fibras e manufaturados de sisal e henequém - exportação dos países produtores 2005/10*(1.000t).

Países

Tipos

2005

2006

2007

2008

2009

2010

em 1.000 toneladas

Brasil

Fibra

55.3

52.6

52.6

27.1

27,4

30.5

Cordoaria

35.0

38.4

33.0

43.0

31.1

24.6

Outros Manufaturados

15.6

16.5

11.7

10.3

9.1

11.2

Total

105.9

107.5

97.3

80.4

67.5

66.3

 

Haiti

Fibra

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Cordoaria

1.5

1.5

3.0

3.0

3.5

3.5

Total

1.5

1.5

3.0

3.0

3.5

3.5

 

Quênia

Fibra

20.6

19.6

21.8

19.8

18.7

20.0

Cordoaria

1.4

1.1

0.3

0.4

0.3

0.4

Outros Manufaturados

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Total

22.0

20.7

22.1

20.1

19.0

20.4

 

 

Madagascar

 

Fibra

6.7

7.8

7.3

6.6

5.9

7.8

Cordoaria

1.1

1.0

1.0

1.2

0.7

0.7

Total

7.8

8.8

8.3

7.8

6.6

8.5

 

México

Fibra

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Cordoaria

2.7

1.8

1.5

1.7

1.2

1.0

Total

2.7

1.8

1.5

1.7

1.2

1.0

 

Moçambique

Fibra

0.7

0.5

0.5

0.5

0.5

0.5

Cordoaria

0.5

0.5

0.5

0.5

0.5

0.5

Total

1.0

1.0

1.0

1.0

1.0

1.0

 

Tanzânia

Fibra

11.7

11.9

8.2

9.0

8.2

11.6

Cordoaria

2.7

3.1

3.6

2.4

5.3

6.2

Polpa

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Outros manufaturados

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Total

14.4

15.0

11.7

11.4

13.6

17.8

 

China

Fibra

0.1

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

Cordoaria

4.4

5.5

6.7

7.5

6.3

7.3

Total

4.5

5.5

6.7

7.5

6.3

7.3

 

Europa

Fibra

7.8

5.5

 

 

 

 

Outros manufaturado         

5.8

  11.0        

20.6

11.8

9.5

11.6

Total

        23.5     

       16.6     

             

 

 

 

 

Outros         Países

                      Fibra  

         0.8

       1.0     

  

     

Cordoaria

13.3

13.9

14.1

13.8

12.3

12.8

Total

14.2

14.9

 

 

 

 

 

Produção Mundial

Fibra

103.6

98.9

 

 

 

 

Cordoaria

94.0

94.4

96.0

95.6

79.8

80.0

Total

197.6

193.3

 

 

 

 

Fonte:FAO Statistical Bulletin (2011).

* Podem incluir os dados oficiais, semioficiais ou estimados.