Plantio

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Fabio Akiyoshi Suinaga - Embrapa Hortaliças

Wirton Macedo Coutinho - Embrapa Algodão

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão

 

Escolha da área

O sisal deverá ser plantado em solos de textura média, permeáveis, férteis e relativamente profundos, evitando-se áreas compactadas e encharcadas.

Material para plantio

O  sisal  é  propagado  por  bulbilhos  e  rebentos; os primeiros são produzidos no escapo floral e os segundos se originam de rizomas subterrâneos emitidos pela planta-mãe;  normalmente, os rebentos têm sido mais utilizados no plantio do sisal no Nordeste brasileiro.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 1. Rebentões para o plantio definitivo de sisal.

 

Caso sejam escolhidos rebentos como material para plantio, estes devem ser selecionados levando-se em consideração os seguintes aspectos:

  • A planta-mãe deve ser sadia, ter adequado desenvolvimento vegetativo e produtivo, assim como boas condições fitossanitárias.

  • Devem ser separados quanto à idade, tamanho e diâmetro do bulbo.

  • Descartar os rebentos advindos de plantas-mãe no final de ciclo, pois estes possuem menor longevidade.

  • Devem ser selecionados de acordo com a sua altura (40 cm a 50 cm) e número de folhas (entre 12 e 15).

Como dispensam enviveiramento, os rebentos são mais disponíveis que os bulbilhos, diminuindo despesas adicionais. Além disso, são resistentes às intempéries climáticas, podendo ser arrancados e armazenados por alguns dias em lugares frescos e abrigados do sol e do vento.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva

Figura 2. Viveiro de bulbilhos de sisal.
 

No caso de se optar por bulbilhos como material para plantio, estes deverão ser cultivados considerando-se os seguintes aspectos:

  • O viveiro deverá ser alocado em terreno fértil, de boa drenagem, propício à irrigação e próximo da área de plantio definitivo.

  • Os bulbilhos selecionados deverão apresentar tamanho superior a 10 cm, sendo, preferencialmente, isentos de espinho nos bordos laterais das folhas.

  • A planta-mãe deve ser produtiva, vigorosa e saudável.

O plantio em viveiro deverá ser feito no espaçamento de 20 cm entre plantas e de 50 cm entre linhas, onde a planta permanece neste local até atingir a altura de 40 cm a 50 cm.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 3. Plantio de bulbilhões em viveiro.

 

Na escolha do tipo das mudas para a formação do campo de sisal, deverão ser considerados fatores econômicos e a disponibilidade de material adequado na área, pois não existe diferença quanto a produtividade, qualidade de fibra e longevidade das plantas em sisalais formados por bulbilhos ou rebentos.

Em terrenos planos, recomenda-se que as linhas de plantio sejam orientadas no sentido norte-sul, a fim de evitar o sombreamento entre as plantas. É aconselhável, também, dividir a área em talhões de aproximadamente 2 ha, com o objetivo de facilitar a operação de colheita e o transporte das folhas.

 

O plantio das mudas poderá ser realizado em sulcos, com o auxílio de um sulcador tratorizado, em solos que permitam o tráfego de máquinas. Em terrenos com topografia acidentada, pode-se também plantar as mudas em covas, com o uso de enxadas ou enxadões. Na região Nordeste, a época adequada para o plantio é antes do início da estação chuvosa.

Escolha do material genético 

Dois  genótipos  são  utilizados  no  cultivo  de  sisal: Agave  sisalana  ou  sisal  comum,  amplamente cultivado na região Nordeste do Brasil, e o híbrido 11648 (Figuras 4 e 5). O comprimento da folha e a resistência da fibra são qualidades intrínsecas de A. sisalana; o híbrido 11648, entretanto, é mais resistente à seca, o que permite colheita praticamente durante todo o ano.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 4. Agave sisalana.

      

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva  Figura 5. Agave híbrido 11684.

 

Configuração e densidade do plantio

A melhor densidade de plantas varia com as condições de clima e solo. Em experimentos conduzidos durante 20 anos, a densidade de plantio teve influência na produção, na qualidade de fibra e no comprimento da folha.

 

Plantio em fileira simples

Na região Nordeste, particularmente no Estado da Paraíba, os agricultores preferem o sistema de plantio em fileira simples, cujo espaçamento mais utilizado é o de 2 m x 1 m, com uma população de 5 mil plantas/ha; entretanto, para cultivos mais tecnificados, recomendam-se espaçamentos mais largos, como 2,5 m x 0,8 m, ou 2,8 m x 0,7 m, que mantêm uma densidade de 5.000 plantas/ha, possibilitando a implantação de culturas intercalares nos dois primeiros anos, além de permitir que algumas operações sejam mecanizadas, como o roço e o transporte das folhas (Tabela 1).

 

Plantio em fileira dupla

Este sistema de plantio, desenvolvido em Java, adquiriu muitos adeptos no Brasil, principalmente nas grandes áreas em que são utilizadas práticas de cultivo mais elaboradas. O sistema permite maior proteção do solo quanto aos efeitos da erosão (Tabela 1); entretanto, torna os tratos culturais dispendiosos, em particular entre as fileiras duplas. Os espaçamentos mais recomendados para plantio em fileiras duplas são: 3 m x 1 m x 1 m, com 5 mil plantas/ha, e 4 m x 1 m x 1m, com 4 mil plantas/ha.

 

Tabela 1. Características do plantio de sisal em fileiras simples e duplas.

Características das operações

Fileira simples

Fileira dupla

Preparo do solo

Exige preparo comum, sem esmero na operação

Exige preparo bem feito com vistas a menor incidência possível de ervas daninhas

Densidade de plantio

Densidade alta e à medida em que a cultura é adensada, limita as operações mecanizadas para o controle das ervas daninhas

A densidade elevada de plantas permite a mecanização dos tratos culturais entre os pares de fileira dupla e os dificulta entre as fileiras formadoras desses pares

Consórcio

Permite o consórcio entre as fileiras nos três primeiros anos com culturas alimentares quando o consórcio é com bovinos, dependendo do espaçamento entre as plantas; permite o livre trânsito dos animais

Permite o consórcio entre as fileiras largas com culturas alimentares e forrageiras. O consórcio com bovinos apresenta limitações, por dificultar o trânsito dos animais por entre as plantas, principalmente na fileira dupla

Capinas

Facilidades no controle das ervas daninhas entre as linhas e as plantas

Dificuldades no controle das ervas daninhas, em particular entre as fileiras duplas e as plantas

Roço

Facilidade para utilizar a roçadeira no controle das ervas daninhas

Permite o uso da roçadeira somente nas fileiras de espaçamentos mais largos

Rebentões

Permitem melhor controle dos rebentões

Dificuldades no controle dos rebentões

Proteção ao solo

Menor proteção do solo contra a erosão

Maior proteção do solo contra a erosão

Corte e transporte das folhas

Maior facilidade de se proceder ao corte e ao transporte das folhas

Maior dificuldade de se proceder ao corte e ao transporte das folhas

Fonte: Odilon Reny R. F. da Silva et al. (2008).