Pragas e doenças

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Fabio Akiyoshi Suinaga - Embrapa Hortaliças

Wirton Macedo Coutinho - Embrapa Algodão

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão

 

Doenças

Embora a epiderme da folha de sisal com sua cutícula espessa e cerosa possa conferir uma barreira natural à penetração de microrganismos patogênicos, esta planta pode ser afetada por várias doenças capazes de causar sérios prejuízos à cultura.

Há várias doenças que afetam o sisal, mas apenas duas foram relatadas até o presente no Brasil: a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum agaves, que não se constitui propriamente em um problema fitossanitário de importância econômica, e a podridão-vermelha-do-tronco, ou simplesmente podridão-do-tronco do sisal, que tem afetado, de forma isolada, desde a década de 1970, os sisalais do Brasil nas principais áreas produtoras dos estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, atingindo níveis críticos a partir de 1998. A incidência da doença varia entre as regiões de cultivo; em algumas, não ultrapassa 5% da área e, em outras, pode alcançar 40% de infestação. As folhas de plantas afetadas pela podridão-do-tronco não se prestam ao desfibramento, e as plantas sintomáticas morrem com o progresso da doença.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 1. Planta de sisal sadia (esquerda) e com sintomas de podridão-do-tronco (direita).

 

A doença é caracterizada pelo escurecimento dos tecidos internos do tronco; as áreas afetadas variam da coloração cinza-escura ao rosa pálido e se estendem da base das folhas à base do tronco da planta. Em plantas com estágios avançados da doença, as folhas se tornam amareladas e o tronco completamente apodrecido. Embora seja fatal para a cultura, plantas de sisal infectadas pela doença podem sobreviver por algum tempo, em razão do apodrecimento resultante da colonização pelo(s) agente(s) etiológico(s) ocorrer de forma lenta. A podridão-do-tronco afeta plantas de sisal em todos os estágios fenológicos, desde rebentos a plantas no final do ciclo.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 2. Tronco de sisal com sintomas de podridão-do-tronco.

 

Os fungos relatados até o momento como causadores de podridões no tronco de sisal não penetram em tecidos não injuriados do hospedeiro, necessitando, portanto, de lesões de origem mecânica ou fisiológica; portanto, ferimentos causados na base das folhas por ocasião do corte dessas folhas para o desfibramento e aqueles causados abaixo da superfície do solo por instrumentos utilizados para realização de tratos culturais, como capinas, desbaste de touceiras ou mesmo a retirada de filhotes (rebentos) da planta-mãe para implantação de novos campos ou renovação de áreas, poderão constituir-se em importantes vias de penetração para esses patógenos, principalmente em plantas submetidas a algum tipo de estresse (deficiência hídrica e nutricional).

Não existe tratamento curativo para a podridão-do-tronco do sisal; entretanto, algumas medidas preventivas podem ser implementadas no manejo da doença, como arrancar e queimar plantas com sintomas da doença; plantar filhotes (rebentos) provenientes de campos sadios para implantação de novos campos; utilizar o resíduo do desfibramento como adubação orgânica para melhorar a fertilidade do solo, evitando-se estresses nutricionais à planta.