Rotação de culturas

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Fabio Akiyoshi Suinaga - Embrapa Hortaliças

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - Embrapa Algodão

Wirton Macedo Coutinho - Embrapa Algodão

 

A rotação de culturas

É uma prática que, além de gerar benefícios para a produtividade, promove a redução de doenças, tanto no sisal como nas demais culturas que entram no esquema de rotação, auxilia no controle de ervas daninhas, reduz a erosão e mantém a matéria orgânica no solo. Como o sisal é uma cultura perene, não se recomenda a sua rotação, e sim das outras plantas que são utilizadas no consorciamento.

O ciclo produtivo de uma planta de sisal varia de 8 a 10 anos. Para manter a lavoura produtiva por mais tempo, recomenda-se deixar, a partir da quarta colheita, um ou dois rebentos que estejam no mesmo alinhamento da fileira para substituir a planta-mãe.

 

Plantio consorciado

Tradicionalmente, na região Nordeste o agricultor consorcia culturas alimentares com culturas industriais. O sisal tem sido, até então, plantado isoladamente, principalmente pela falta de resultados de pesquisa que indiquem opções técnicas e econômicas viáveis.

Considerando-se os altos custos de produção da cultura, o plantio intercalar com culturas regionais pode ser alternativa interessante e capaz de proporcionar ao produtor uma renda extra no período improdutivo do sisal, além de minimizar os custos das capinas, exigidos pelas culturas envolvidas.

A Embrapa Algodão vem realizando estudos sobre a viabilidade produtiva e econômica da cultura do sisal agave Híbrido 11648 e a Agave sisalana, envolvendo o consórcio com culturas alimentares, como o milho e o feijão-vigna, utilizando diferentes espaçamentos da cultura principal (sisal) (Figuras 1 e 2).

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 1. Agave híbrido consorciado com milho.

                 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva  Figura 2. Agave híbrido consorciado com feijão-vigna.

 
Uma possibilidade é o plantio intercalar de forrageiras entre as fileiras do sisal, visando fornecer alimento aos animais nas épocas de maior escassez. Nesse sentido, a Embrapa Algodão vem testando o capim-buffel e a palma-forrageira consorciada com a Agave sisalana e com o Híbrido 11648, cujos resultados preliminares são bastante promissores (Figuras 3 e 4), observando-se que a palma-forrageira e o capim-buffel se encontram com excelente desenvolvimento, sem qualquer prejuízo para o sisal.
 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 3. Agave sisalana consorciado com capim-buffel.

         

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 4. Agave híbrido 11648 consorciado com planta forrageira.

 

Muito embora não se tenha dados da produção de fibras do sisal, os resultados alcançados com o consórcio da agave híbrido e da sisalana com culturas alimentares e forrageiras indicam que este procedimento pode ser usado com vantagem pelos produtores de sisal, com vistas a reduzir custos de produção no período em que esta fibrosa se encontra na fase de desenvolvimento, pois, além de propiciar a manutenção do sisal no limpo, oferece renda extra ao produtor; entretanto, a cultura intercalar não deve exercer competição drástica com o sisal, a ponto de prejudicar seu desenvolvimento e produção. No consórcio com o capim-buffel, em algumas configurações mais adensadas, tem-se observado concorrência entre as culturas; portanto, é necessário verificar o espaçamento adequado para evitar a competição por luz, água e nutrientes.

Outra forma de redução dos custos de produção do sisal e que pode ser usada pelos agaveicultores da região é o consórcio sisal + bovinos (Figura 5), por meio do pastoreio direto do animal no campo de sisal, com o aproveitamento do pasto natural e as folhas dos filhotes menores da agave como alimento. Esse tipo de consórcio é realizado a partir da primeira colheita, época em que o sisal está completamente formado, e proporciona um espaço maior para circulação dos animais.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 5. Consórcio sisal + bovinos.

 

Outra modalidade de consórcio é aquela feita com caprinos e ovinos (Figura 6), onde se observa que o caprino danifica as folhas do sisal, principalmente as mais tenras, enquanto o ovino, por ser um animal mais seletivo, permite o consórcio a partir do primeiro ano, sem dano à cultura.

 

Foto: Odilon Reny R. F. da Silva Figura 6. Consórcio sisal + caprinos e ovinos.