Soja
Aspectos a serem considerados
Autor
Antonio Garcia
Umidade e temperatura do solo
Especialmente nas regiões onde a primavera é precedida por períodos secos, a semeadura só deve ser iniciada após as chuvas terem reposto a necessidade de água do solo. Na maioria das situações, é mais seguro semear em solo úmido que fazê-lo em solo seco na esperança de chuvas previstas para os dias seguintes. Para que haja garantia de absorção de umidade pela semente, além da adequada umidade no solo, a semeadura deve propiciar o melhor contato possível entre solo e semente.
A temperatura do solo adequada para germinação e emergência da soja, vai de 20oC a 30oC, sendo 25oC a ideal para uma emergência rápida e uniforme.
Semeadura em solo com temperatura média inferior a 18oC pode resultar em drástica redução nos índices de germinação e de emergência, além de tornar mais lento esse processo.
Mecanismos da semeadora
A qualidade da semeadura é função, entre outros fatores, do tipo de máquina semeadora, especialmente o tipo de dosador de semente, do limitador de profundidade e do compactador de sulco. Esses mecanismos devem garantir uma boa uniformidade de distribuição e profundidade das sementes ao longo da linha de semeadura, bem como uma boa cobertura e contato do solo com as mesmas. Efetuar a semeadura a uma profundidade de 3 a 5 cm. Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos arenosos, sujeitos a assoreamento, ou onde ocorre compactação superficial do solo. A velocidade de deslocamento da semeadora influi na uniformidade de distribuição e nos danos provocados às sementes, especialmente nos dosadores mecânicos (não pneumáticos). A velocidade de deslocamento indicada é de 4 km/h e 6 km/h, dependendo da uniformidade da superfície do solo.
Época de semeadura
A época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam no porte das plantas e no rendimento da soja. Trata-se de uma espécie termo e fotossensível, sujeita a alterações fisiológicas e morfológicas, quando as suas exigências, nesse sentido, não são satisfeitas. A época de semeadura determina a exposição da soja à variação dos fatores climáticos. Assim, semeaduras em épocas fora do período mais indicado podem afetar o porte, o ciclo e o rendimento das plantas e podem contribuir para aumentar as perdas na colheita. A altura das plantas está, também, relacionada com a população de plantas, com a cultivar utilizada e com a fertilidade do solo.Região Centro-Sul. A época de semeadura indicada, para a maioria das cultivares, estende-se de 15/10 a 15/12. Os melhores resultados, para rendimento e altura de plantas, na maioria dos anos e para a maioria das cultivares, são obtidos nas semeaduras realizadas de final de outubro a final de novembro. De modo geral, as semeaduras da segunda quinzena de outubro apresentam menor porte e maior rendimento do que as da primeira quinzena de dezembro. A semeadura de cultivares precoces em outubro pode resultar em plantas baixas e não fechar bem as entre linhas, havendo maior competição das plantas daninhas, inclusive no final do ciclo, e dificultando a colheita. Em áreas onde há solo fértil, disponibilidade de água no solo e não há limitação de temperatura, desde início de outubro, é possível a obtenção de plantas de porte adequado e alto rendimento em semeaduras na primeira quinzena de outubro, desde que sejam utilizadas cultivares de porte mais alto. As cultivares de soja são diferentes quanto à sensibilidade à época de semeadura. Isto será mais acentuado em anos com ocorrência de veranico durante o período de crescimento. Nos casos em que se planeja semear mais cedo uma cultivar precoce, para fazer safrinha de milho após a soja, deve-se dar preferência para cultivares de hábito de crescimento indeterminado ou que apresentam período juvenil lomgo. Sugere-se buscar informações sobre cultivares mais indicada a essa condição junta à assistência técnica, às instituições detentoras das cultivares e em suas publicações.
Região Centro-Oeste e demais áreas de cerrado
De modo geral, o período preferencial para a semeadura da soja vai de meados de outubro e 10 de dezembro. Entretanto, na maioria dos anos, em semeaduras de outubro até meados de novembro é que se obtém as maiores produtividades e altura de planta adequada. Em algumas regiões, em áreas bem fertilizadas, pode-se conseguir boa produção em semeaduras realizadas até 20 de dezembro, mas são maiores os riscos com a ocorrência de veranicos no período reprodutivo, especialmente para cultivares de ciclo mais longo. Na maioria dos casos, semeaduras de final de dezembro e de janeiro podem ocasionar reduções de rendimento de até 50%, em relação a novembro. Para viabilizar a sucessão de culturas, recomenda-se a utilização de cultivares precoces. Estas informações são válidas, também, para Rondônia e sul de Tocantins. Com o aumento da área de safrinha de milho e a entrada da ferrugem asiática no país, tem aumentado o interesse em antecipar a semeadura para início de outubro, onde não há limitação de temperatura e há disponibilidade hídrica nessa época. Essa prática tem sido comum no sul de Goiás e na região centro-norte do Mato Grosso, viabilizada com a utilização de cultivares precoces de hábito de crescimento indeterminado. Indica-se não adotar essa prática em toda a área da propriedade, pois pode tanto ocorrer déficit hídrico no início do ciclo da cultura como excesso de chuvas por ocasião da colheita, com riscos de perdas significativas.
Regiões Norte e Nordeste
Em função dos períodos de ocorrência das chuvas serem diferentes, a época mais indicada para semeadura da soja, varia de estado para estado e dentro de um mesmo estado, conforme Tabela 1.
Tabela 1 - Épocas preferenciais de semeadura para soja, por estado e região, nas regiões norte e nordeste.
Fonte: TECNOLOGIAS de produção de soja - região central do Brasil 2009 e 2010. Londrina: Embrapa Soja, 2008. 261 p. (Embrapa Soja. Sistemas de Produção, 13).
População de plantas e espaçamento
Em função de avanços nas máquinas de semeadura (maior precisão), de cultivares mais adaptadas, de melhoria da capacidade produtiva dos solos e da semeadura direta, entre outros fatores, a população padrão de plantas de soja foi reduzida gradativamente, nos dois últimos anos, de 400 mil para, aproximadamente, 320 mil plantas por hectare, porque as condições acima permitem melhor crescimento e maior rendimento por planta. Esse número de plantas pode variar, ainda, em função da cultivar, do regime de chuvas da região (volume e distribuição) no período de implantação e de crescimento das plantas e da data de semeadura. Em áreas mais úmidas e/ou em solos mais férteis (fertilidade natural ou construída), onde, com frequência, ocorre acamamento das plantas, a população pode ser reduzida de 20%-25% (ficando em torno de 240-260 mil plantas), quando em semeadura de novembro, para evitar acamamento e possibilitar maior rendimento. Em semeaduras de outubro e de dezembro, é recomendável, na maioria das situações, especialmente em regiões/áreas onde a soja não apresenta porte alto, ou para cultivares que se comportam assim mesmo na melhor época de semeadura, não reduzir a população para menos de 300 mil plantas, para evitar o desenvolvimento de lavouras com plantas de porte muito baixo. Em condições extremas, é aconselhável até aumentar para 350-400 mil plantas/ha. Indica-se espaçamento entre fileiras de 40 a 50 cm. Espaçamentos mais estreitos podem resultar em maior rendimento, fechamento mais rápido da cultura, contribuindo para o controle das plantas daninhas, mas dificultam a realização de operações de cultivo entre fileiras e a penetração das gotas de pulverizações até as folhas da base do dossel das plantas.