Ageitec
Soja
Causas do desenvolvimento
Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021
Autores
Amélio Dall'Agnol - Embrapa Soja
Arnold Barbosa de Oliveira - Embrapa Soja
Joelsio José Lazzarotto - Embrapa Uva e Vinho
Marcelo Hirochi Hirakuri - Embrapa Soja
Muitos fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura, primeiro no sul do Brasil (anos 60 e 70) e, a partir dos anos 80, na região central do País. Entre as causas que contribuíram para o rápido estabelecimento na região Sul, pode-se destacar:
- Semelhança do ecossistema do Sul do Brasil com aquele predominante no Sul dos EUA, favorecendo o sucesso na transferência e adoção de cultivares e outras tecnologias de produção.
- Estabelecimento da “Operação Tatu” (calagem e fertilização dos solos ácidos e inférteis) no estado do RS, em meados dos anos 60, onde se concentrava a quase totalidade da produção brasileira de soja.
- Incentivos fiscais aos produtores de trigo durante os anos 50, 60 e 70, beneficiando igualmente o cultivo da soja, que utilizava, no verão, as mesmas áreas, mão de obra e maquinaria do trigo.
- Mercado internacional em alta, principalmente na primeira metade dos anos 70, como consequência da frustração da colheita de grãos na ex-União Soviética e China, assim como da pesca de anchova no Peru, cujo farelo era amplamente utilizado como componente protéico na fabricação de rações para animais domésticos, passando, os fabricantes de rações, a utilizar o farelo de soja a partir de então.
- Substituição das gorduras animais (banha e manteiga) por óleos vegetais e margarinas, mais saudáveis ao consumo humano.
- Estabelecimento de um importante parque industrial de processamento de soja, de desenvolvimento e produção de máquinas e implementos, assim como de produção de insumos agrícolas (anos 70/80).
- Facilidades de mecanização total da cultura.
- Estabelecimento de um sistema cooperativista dinâmico e eficiente, que apoiou fortemente a produção, o processamento e a comercialização das colheitas.
- Estabelecimento de uma bem articulada rede de pesquisa de soja, envolvendo os poderes públicos federal e estadual, apoiada financeiramente pela indústria privada e,
- Melhorias nas estradas, nos portos e nas comunicações, facilitando e agilizando o transporte e as exportações.
- Construção da nova Capital Federal (Brasília) na região, determinando uma série de melhorias na infraestrutura regional, principalmente vias de acesso, comunicações e urbanização.
- Incentivos fiscais para a abertura de novas áreas de produção agrícola, para a aquisição de máquinas e para a construção de silos e armazéns.
- Incentivos fiscais para o estabelecimento de agroindústrias produtoras e processadoras de grãos e de carnes.
- Valor baixo das terras comparado aos preços então praticados na região Sul, durante as décadas de 1960, 1970 e 1980.
- Desenvolvimento de um bem-sucedido conjunto de tecnologias para a produção de soja em zonas tropicais, com destaque para as novas cultivares adaptadas a condições de baixas latitudes.
- Topografia plana, altamente favorável à mecanização, favorecendo o uso de máquinas e equipamentos de grande porte, o que propicia economia de mão de obra pelo maior rendimento dessas máquinas nas operações de preparo do solo, tratos culturais e colheita.
- Boas condições físicas dos solos da região, facilitando as operações do maquinário agrícola.
- Melhorias no sistema de transporte regional, com o estabelecimento de corredores de exportação (ainda deficientes), utilizando articuladamente rodovias, ferrovias e hidrovias.
- Bom nível econômico e tecnológico dos produtores de soja da região, oriundos, em sua maioria, da região Sul, onde cultivavam soja com sucesso, previamente à sua fixação na região tropical e,
- Regime pluviométrico altamente favorável aos cultivos de verão, em contraste com os frequentes veranicos ocorrentes na região Sul, destacadamente no estado do RS.