Evolução

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Marcelo Hirochi Hirakuri - Embrapa Soja

Joelsio José Lazzarotto - Embrapa Uva e Vinho

Arnold Barbosa de Oliveira - Embrapa Soja

Amélio Dall'Agnol - Embrapa Soja

 

Em 2006, o Brasil comemorou os 126 anos de introdução da soja em seu território, onde ela permaneceu quase esquecida por cerca de 70 anos (1882/1950). Até os anos 50, a pequena produção da oleaginosa era consumida como forragem para bovinos ou como grão para o engorde de suínos nas pequenas unidades produtoras do interior gaúcho. Sua trajetória de crescimento, sem paralelo na história do País, começou na década de 1960 (Figura 1) e em menos de vinte anos se converteu na cultura líder do agronegócio brasileiro. No contexto mundial, o Brasil figura como o segundo produtor (Figura 2), com claras indicações de que será o primeiro, ainda no correr desta década, dadas as limitações de área para expansão nos demais países produtores e pelo domínio tecnológico que o País possui para produzir em regiões tropicais com baixas latitudes.

 

Evolução da Soja no Brasil
 
 

Evolução da Produção de Soja por país

Fonte: USDA

 

A primeira referência de produção comercial de soja no Brasil data de 1941: área cultivada de 640ha, produção de 450t e rendimento de 700 kg/ha, e o primeiro registro internacional do Brasil como produtor de soja data de 1949, com uma produção de 25.000t. Chegou às 100.000t em meados dos anos 50, e na década de 1960, a soja se estabeleceu definitivamente como cultura economicamente importante para o Brasil, passando de 206.000t (1960) para 1.056.000t (1969). Cerca de 98% desse volume era produzido nos três estados da região Sul, em áreas onde prevalecia a combinação: trigo no inverno e soja no verão. Apesar do significativo crescimento da produção ao longo dos anos 60, foi na década seguinte que a produção da soja mais evoluiu e se consolidou como a principal cultura do agronegócio nacional, passando de 1.500.000t, em 1970, para mais de 15.000.000t, em 1979. Esse crescimento se deveu, não apenas ao aumento da área cultivada (1.300.000ha para 8.800.000ha), mas, também, ao expressivo incremento da produtividade (1.140 kg/ha, para 1.730 kg/ha).

No final dos anos 70, mais de 80% da produção brasileira de soja ainda se concentrava nos três estados da região Sul, embora o Cerrado, na região central do País, sinalizasse que participaria como importante ator no processo produtivo da oleaginosa, o que efetivamente ocorreu a partir da década de 1980. Em 1970, menos de 2% da produção nacional foi colhida nessa região, mas concentrada no Estado de Mato Grosso do Sul. Em 1980, essa porcentagem passou para 20%, em 1990 já era superior a 40% e, em 2007, superou os 60%, com tendências a ocupar maior espaço a cada nova safra. A Figura 3 indica o crescimento da produção de soja nos últimos 37 anos na região Sul, comparado ao da região central do País.

 

Evolução Produção Região Sul x Região Central
 

Considerando-se a média dos anos 70, com a produção de 2007, observa-se que a produção da região sul cresceu apenas 2,9 vezes (7.300.000t para 21.300.000t), enquanto que o da região central do Brasil cresceu 73,6 vezes (500.000t para 36.800.000t). Essa transformação promoveu e consolidou o Estado de Mato Grosso como o líder nacional da produção e da produtividade da soja (Figura 4).

 

Evolução da Produção por estados

A Figura 5, por sua vez, indica a localização da produção dentro dos estados produtores, que, com raras exceções, concentra-se em terras altas e planas, no interior do continente (planaltos do RS, SC, PR e o Planalto Central de GO e MG; Chapadas do MS, MT, BA, MA e PI.  Das 10 principais culturas agrícolas brasileiras, a área cultivada com soja foi, destacadamente, a que teve o crescimento mais expressivo (1.300.000 ha, em 1970, para 22.100.000 ha, em 2006 - Figura 6). 

 Densidade da Produção de Soja no Brasil

Brasil - Evolução da área dos principais cultivos