Soja
Custos e rentabilidade
Autores
Marcelo Hirochi Hirakuri - Embrapa Soja
Joelsio José Lazzarotto - Embrapa Uva e Vinho
Arnold Barbosa de Oliveira - Embrapa Soja
Amélio Dall'Agnol - Embrapa Soja
Tomou-se como referência produtividades médias de 2.500kg/ha, 2.900kg/ha e 3.000kg/ha, respectivamente, para as três localidades avaliadas (Palmeira das Missões/RS, Cascavel/PR e Primavera do Leste/MT). Para o período analisado desconsiderou-se problemas de frustração de safra, o que poderia alterar significativamente os resultados econômicos observados.
Para o pleno entendimento dos resultados econômicos apresentados na Tabela 1 abaixo, é necessário definir o que consideramos custos variáveis (corretivos, fertilizantes, defensivos, sementes, mão de obra de operadores, óleo diesel, lubrificantes, transporte da produção, assistência técnica, juros sobre o capital mobilizado, pagamentos de taxas e tributos) e custos fixos (depreciação dos bens de capital, mão de obra permanente, seguro e manutenção de máquinas / equipamentos e pelos juros sobre o capital imobilizado). Partindo dessas observações e analisando de forma sintética os resultados econômicos obtidos nos três municípios estudados, no período 1998/99 e 2005/06, são feitas algumas considerações sobre o comportamento da receita total, dos custos fixos, variáveis e totais da margem bruta e da renda líquida.
TABELA 1. Síntese da evolução dos custos de produção (R$/sc60kg) e da rentabilidade da soja, em Cascavel/PR, Palmeiras das Missões/RS e Primavera do Leste/MT. (1998/99 a 2005/06)
*D.P. = desvio padrão. Fonte: Elaborado pelos autores.
Em relação à receita total por saca, ela tem crescido, em termos reais, a taxas anuais de 2,15%, 2,16% e 2,41%, respectivamente, nos municípios de Cascavel, Palmeiras das Missões e Primavera do Leste.
Para o município de Cascavel, os custos fixos e variáveis corresponderam, respectivamente, a 9,21% e 90,79% dos custos totais e cresceram a taxas de 7,16% e 2,59% ao ano. Para os custos totais, esse crescimento tem sido da ordem 3,01%.
Para o município de Palmeiras das Missões, os custos fixos e variáveis representaram, respectivamente, 9,05% e 90,95% dos custos totais e cresceram a taxas de 7,2% e 2,2% ao ano. Para os custos totais, essa taxa está em torno de 2,66%.
Para Primavera do Leste, os custos fixos e variáveis representaram, respectivamente, 9,6% e 90,4% dos custos totais e cresceram a taxas de 7,45% e 1,69% ao ano. Para os custos totais, esse crescimento é de cerca de 2,25%.
Com relação à rentabilidade da cultura foram feitas análises considerando a margem bruta (receita total, menos os custos fixos) e renda líquida (receita total, menos os custos totais). Para o município de Cascavel haveria uma rentabilidade média, durante o período analisado, de 30,0%. Em termos de renda líquida, cujo crescimento anual tem sido negativo (cerca -4,0%), a rentabilidade média do período seria de 22,9%.
Para o município de Palmeiras das Missões haveria uma rentabilidade média de 22,3%. Em termos de renda líquida, cujo crescimento anual, também, tendeu a ser negativo, a rentabilidade média seria de 14,6%.Para o município de Primavera do Leste haveria uma rentabilidade média de 17,7%. Em termos de renda líquida, cuja taxa de crescimento geométrico, nos últimos anos, tem sido acentuadamente negativa, a rentabilidade média seria de 9,0%.
É importante destacar que, as taxas de crescimento referentes aos custos e à rentabilidade, dadas as grandes variações anuais observadas nas séries históricas analisadas, devem ser tomadas com certo cuidado. Elas servem apenas como indicativo de tendências observadas nos últimos anos. Além disso, os valores médios, sobretudo de rentabilidade, apesar de se mostrarem bastante favoráveis, também devem ser avaliados com cuidado, uma vez que, conforme já destacado, não foram considerados os problemas de frustração de safras.
Realizando a análise global dos resultados econômicos observados para os três municípios tomados como referência, verifica-se que, apesar de os valores médios de rentabilidade do período considerado demonstrarem a viabilidade do cultivo da soja no País, os produtores, nos últimos três anos, têm enfrentado grandes dificuldades econômicas. Isso porque, em termos reais, os custos de produção têm crescido mais do que os preços pagos ao produtor. Essas dificuldades são ainda mais expressivas ao considerar-se os problemas climáticos, ferrugem asiática e falta de uma política de garantia de preço mínimo eficaz, entre outros.