Soja
Tecnologia de Aplicação de Herbicidas
Autores
Elemar Voll - Embrapa Soja
Alexandre Magno Brighenti - Embrapa Gado de Leite
Dionisio Luiz Pisa Gazziero - Embrapa Soja
Fernando Storniolo Adegas - Embrapa Soja
A eficiência da aplicação de um herbicida é obtida através da razão da dose técnica requerida para controle de determinada população de plantas daninhas pela dose real empregada, multiplicada por cem. Portanto, quanto menor for o intervalo destas doses, isto é, quanto mais próxima for a dose utilizada para controle em relação a realmente necessária, maior será a eficiência da aplicação. Para que maior eficiência seja obtida, alguns pontos devem ser levados em consideração, como os relacionados ao aplicador, ao alvo, ao produto, à cobertura de gotas, ao complexo do equipamento utilizado e aos fatores de interferência, especialmente os climáticos.
A experiência do aplicador é fundamental no resultado da operação, pois ele é o responsável direto pela tomada de decisões. Para tanto, deve possuir conhecimento dos equipamentos e produtos utilizados, reconhecer corretamente os alvos a serem atingidos e ter sensibilidade para lidar com os fatores gerais que influenciam na aplicação.
Cabe ao técnico selecionar o alvo, o que será feito baseando-se no histórico da área, no reconhecimento das plantas daninhas e dos respectivos níveis de infestação, no estádio de desenvolvimento, na população e na distribuição na área. Quanto maior precisão houver na escolha do alvo, maior a eficiência da aplicação. O conhecimento das características dos herbicidas é outro ponto importante a considerar, especialmente se o produto tem ação sistêmica ou de contato, pois a necessidade de cobertura de gotas é diferente para cada um destes casos. A formulação do produto também pode influenciar na aplicação, pois as formulações que produzem uma solução de calda “verdadeira”, isto é, homogeinização perfeita entre o produto e o veículo utilizado, em geral a água, tendem a proporcionar maior eficiência na aplicação.
O resultado da aplicação de herbicida é expresso pela quantidade de gotas depositadas sobre o alvo selecionado, geralmente folhagem ou solo. Para um mesmo volume de aplicação, quanto menor for o tamanho das gotas melhor será a cobertura do alvo. No entanto, quanto menor for a gota, maior é a possibilidade de perdas por evaporação e deriva. O tamanho ideal das gotas e a densidade de cobertura na aplicação, expresso pelo número de gotas por cm2, variam principalmente de acordo com o alvo e as características do produto. Em geral, para aplicação de herbicidas em pré-emergência são necessárias gotas maiores de 300 µm, na densidade de 20 a 30 gotas por cm2. Para aplicação de herbicidas em pós-emergência de ação de contato, são necessárias gotas entre 150 e 300 µm, na densidade de 30 a 50 gotas/cm2. Para herbicidas aplicados em pós-emergência de ação sistêmica, são necessárias gotas maiores de 200 µm na densidade de 20 a 30 gotas/cm2.
Grosseiramente, pode-se dividir o pulverizador em três sistemas principais: depósito, bombeamento e pontas. É comum, tanto entre técnicos e, principalmente entre os agricultores, dar maior importância para os sistemas de depósito e bombeamento, que são os principais responsáveis pela potência e capacidade de trabalho do equipamento, em detrimento do sistema de pontas, que é o principal responsável pela qualidade da aplicação, pois são as pontas, mais conhecidas por bicos, que produzem as gotas para a cobertura dos alvos selecionados na aplicação.
Vale ressaltar que a alteração de pressão de trabalho do bico influência diretamente o tamanho da gota. Se for diminuída a pressão, aumenta-se o tamanho das gotas, se for aumentada a pressão, diminui-se o tamanho das gotas. Por isto, um bico que está enquadrado dentro de um determinado grupo de tamanho de gotas, pode produzir gotas maiores ou menores se houver alteração na pressão de trabalho.
Os fatores climáticos são os que mais influenciam na eficiência de aplicação dos herbicidas. Temperaturas acima de 30º C e umidade abaixo de 55 % favorecem a evaporação das gotas de pulverização, além de poder induzir as plantas a estresses, dificultando a absorção e a translocação dos produtos. Ventos superiores a 8 km/h favorecem demasiadamente a deriva das gotas de pulverização.
De maneira geral, as situações climáticas adversas ocorrem a partir da metade da manhã até o inicio do período noturno, sendo, portanto, o pior intervalo para aplicação de herbicidas. Deve-se, contudo, tomar cuidado com aplicação de herbicidas em condições de pós-emergência no período matinal, em condição de orvalho muito intenso, pois pode ocorrer perda de produto por escorrimento na folha.
Visando economizar água e, conseqüentemente, aumentar o rendimento das aplicações pela diminuição dos abastecimentos, sem diminuir a eficiência da aplicação, vários agricultores no país tem utilizado volume de aplicação abaixo de 150 l/ha, o que é possível para a maioria dos herbicidas, especialmente os de ação sistêmica. Para tanto, é aconselhável a utilização de bicos de volume de aplicação igual a 0,2; 0,15 ou 0,1 gal/min, água de ótima qualidade, sistema completo de filtragem (tanque, linha e bico) e aplicação em horários adequados. Equipamentos de proteção individual e tríplice lavagem das embalagens de herbicidas são indispensáveis em qualquer operação de aplicação. A tecnologia de aplicação deve evoluir no sentido de promover a maximização da eficiência destas aplicações, com resultados físicos e, conseqüentemente, biológicos satisfatórios, máximo rendimento econômico e sem afetar o homem e o meio ambiente.