Sob o ponto de vista do manejo do solo, qualquer estratégia para minimizar as perdas de produtividade da soja por seca deve atender a dois requisitos: 1) aumentar o volume de água armazenada no solo, através da redução das perdas por evaporação e do aumento na capacidade de infiltração de água no solo; e 2) proporcionar condições adequadas às plantas para que elas possam desenvolver raízes profundas, de forma que o reservatório de água não fique limitado à camada superficial do solo (0-20 cm).

O sistema de plantio direto (SPD), desde que manejado segundo seus princípios básicos (mínimo revolvimento, cobertura permanente do solo e rotação de culturas), é capaz de atender a esses dois requisitos. No SPD, a manutenção da cobertura do solo diminui as perdas de água por evaporação, devido à barreira física formada e à redução da temperatura do solo, e por escoamento superficial, em virtude do aumento da capacidade de infiltração de água associada à proteção da superfície do solo contra o impacto da gota de chuva, o que evita a formação de crostas superficiais. Do mesmo modo, o aumento do teor de matéria orgânica do solo, associado à menor intensidade de revolvimento, melhora a estrutura do solo, o que favorece o desenvolvimento radicular da soja e, assim, aumenta o tamanho do reservatório de água disponível. Além disso, as melhorias na estrutura do solo, proporcionadas pelo SPD, aumentam a infiltração e retenção de água do solo, favorecendo ainda os fluxos ascendentes de água das camadas mais profundas às mais superficiais, onde se encontra a maior parte das raízes da soja. No Brasil, é comum a ocorrência de chuvas de intensidade superior à capacidade de infiltração de água do solo, mesmo sob SPD. Desse modo, práticas conservacionistas como terraceamento e o cultivo em nível continuam sendo importantes para minimizar as perdas de água por escoamento superficial e, assim, aumentar o volume de água armazenado no solo.