Parasitóides

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Adeney de Freitas Bueno - Embrapa Soja

Beatriz Spalding Corrêa Ferreira - Pesquisadora aposentada

Regiane Cristina Oliveira de Freitas Bueno

 

Os parasitoides são insetos bem pequenos que vivem por pelo menos parte de sua vida dentro de um hospedeiro. Esse hospedeiro é geralmente um outro inseto (normalmente a praga da cultura) que acaba morrendo devido o parasitismo.

Esses parasitoides podem preferir diferentes fases do desenvolvimento das pragas (ovos, larvas, pupas ou adultos), entretanto, os parasitoides de ovos merecem destaque por matar a praga ainda no ovo, uma fase anterior a qualquer tipo de prejuízo que o inseto-praga poderia causar na lavoura. Entre os diferentes parasitoides de ovos, Trissolcus basalis, Telenomus podisi e Trichogramma spp. são os mais estudados na cultura da soja e com maior potencial de controle. Essas “vespinhas” ocorrem naturalmente no campo e também podem ser criadas em laboratório e liberadas massivamente em programas de controle biológico aplicado, entretanto, são bastante sensíveis aos inseticidas, principalmente os de largo espectro de ação como os piretróides e organofosforados que devem ser sempre que possível evitados. Por outro lado, os inseticidas do grupo dos reguladores de crescimento de insetos (os chamados “fisiológicos”) são geralmente seletivos e seu uso na soja pode ser na maioria dos casos compatível com a ação dos parasitoides.

A visualização e o reconhecimento desses parasitoides no campo são muito difíceis, principalmente devido ao tamanho bastante pequeno. A visualização dos ovos das pragas que foram parasitados é, entretanto, um pouco mais fácil. Os ovos parasitados apresentam uma coloração cinza escuro (Figura 1) bem característica que o diferencia dos ovos não parasitados (Figura 2).

Trissolcus basalis e Telenomus podisi são parasitoides de ovos de percevejos e quando multiplicados em laboratório para utilização em campo como agentes de controle biológico, devem ser liberados na forma de adultos (5.000 parasitoides/ha) ou como ovos parasitados em cartelas de papelão (3 cartelas/ha), no final do florescimento da soja quando a população de percevejos ainda é pequena.    


Trichogramma spp. são parasitoides de ovos de lepidópteros em geral sendo bastante eficientes em ovos de Pseudoplusia includens e Anticarsia gemmatalis. Sua população natural no campo deve ser preservada com o uso de inseticidas seletivos. Entretanto, sua liberação massal em programas de controle biológico ainda precisa de mais estudos para se definir principalmente a quantidade e o momento ideal em que os mesmos devam ser liberados.

Outros parasitoides que também ocorrem na cultura da soja são Microcharops sp. (Ichneumonidae) parasitando, preferencialmente, lagartas pequenas, e o díptero Patelloa similis (Tachinidae) lagartas grandes de A. gemmatalis, Copidosoma truncatellus (Encyrtidae) parasitando P. includens, Trichopoda nitens parasitando o percevejo Nezara viridula e Hexacladia smithii (Encyrtidae), comum em populações do percevejo marrom E. heros, sendo observado em maior abundância nas populações de percevejos presentes em dezembro e janeiro.

 Fotos: Jovenil J. da Silva

 ovos parasitados  ovos não parasitados
Figura 1 - Ovos parasitados Figura 2 - Ovos não parasitados