Soja
Complexo de percevejos sugadores de grãos
Do complexo de percevejos que atacam a soja, as espécies Nezara viridula (percevejo- verde) (Figura 1), Piezodorus guildinii (percevejo-verde-pequeno) (Figura 2) e Euschistus heros (percevejo-marrom) (Figura 3) se destacam pelos danos que podem causar. Outras espécies de percevejos são encontradas atacando a soja, porém em menor abundância. Dentre elas, estão Dichelops furcatus (percevejo barriga-verde), D. melacanthus (percevejo-barriga-verde) (Figura 4), Edessa meditabunda (percevejo-edessa), Chinavia spp. (percevejo-acrosterno) e Thyanta perditor (percevejo-pardo). Esses percevejos, isoladamente, não chegam a formar populações que ameacem a produtividade e a qualidade da soja, porém seus danos acumulam-se aos das espécies principais (E. heros, N. viridula e P. guildinii).
Os percevejos estão presentes na soja desde o período vegetativo, quando iniciam a colonização dos campos. Entretanto é no período reprodutivo da soja, a partir do aparecimento das vagens (R3) que as populações desses insetos aumentam, podendo atingir níveis elevados entre o final do desenvolvimento das vagens (R4) e início do enchimento dos grãos (R5), quando a soja é mais suscetível ao ataque. A população cresce até o final do enchimento dos grãos (R6), atingindo o pico populacional máximo, normalmente, próximo à maturação fisiológica (R7). Os percevejos adultos são mais facilmente identificáveis na cultura da soja, mas, em geral, durante o período reprodutivo das plantas (floração à maturação), a maior parte da população é composta por ninfas de terceiro a quinto instares, que causam à soja danos semelhantes aos causados pelos percevejos adultos.
Os percevejos são monitorados através de amostragens realizadas com o pano, batido em um metro de fileira. Em função da agilidade e movimentação dos percevejos, as amostragens devem ser realizadas, preferencialmente, nos períodos mais frescos do dia, registrando-se o número de adultos e formas jovens (ninfas de 3º ao 5º instar), deslocados para o pano. Para os percevejos, a vistoria deve ser realizada, no mínimo, uma vez por semana, a partir do início do desenvolvimento de vagens (fase de canivetinho) até a maturação fisiológica, sendo intensificadas nos períodos mais críticos. Durante o período crítico de ataque dos percevejos, a partir da fase R3, é importante utilizar os níveis de ação indicados em programas de MIP, sendo as medidas de controle realizadas sempre que a população atingir dois percevejos (adultos ou ninfas) em lavoura/grão e um percevejo em lavoura/semente por metro de fileira.
Um dos aspectos que deve ser considerado no desenvolvimento de estratégias de manejo integrado de pragas refere-se ao manejo da biodiversidade vegetal. No caso particular do complexo de percevejos, o manejo adequado das plantas utilizadas como hospedeiras alternativas torna-se fundamental. É importante conhecer as espécies vegetais utilizadas como hospedeiras alternativas pelos percevejos durante o período de entressafra e qual o papel que cumprem na biologia das ninfas e adultos. Além disso, áreas vegetais próximas às áreas de cultivo podem servir de sítios de diapausa e devem ser consideradas no plano de manejo.
Fotos : Jovenil José da Silva
Figura 1 - Percevejo-verde | Figura 2 - | Figura 3 - Percevejo-marrom Euschistus heros | Figura 4 - Percevejo-barriga-verde D. melacanthus |