Ferrugem-da-folha

Conteúdo atualizado em: 10/03/2022

Autores

Márcia Soares Chaves - Embrapa Clima Temperado

Leila Maria Costamilan - Embrapa Trigo

Maria Imaculada Pontes Moreira Lima - Embrapa Trigo

João Leodato Nunes Maciel - Embrapa Trigo

Flávio Martins Santana - Embrapa Trigo

 

 

(Puccinia triticina = P. recondita f. sp. tritici)

Principais características

Ferrugem-da-folha é uma doença fúngica que se caracteriza pelo aparecimento de pústulas com esporos de coloração amarelo-escuro a marrom na superfície das folhas, a partir da emergência até o estádio de maturação, causando perdas na produção de grãos que podem superar 50%, reduzindo a área fotossintética e aumentando a respiração.

Sintomas de ferrugem na espiga.
Foto: Paulo Roberto da Silva (UFRGS)
Sintomas de ferrugem na folha.
Foto: Paulo Roberto da Silva (UFRGS)

 

 

Condições climáticas que favorecem a doença

- Temperaturas entre 15 e 20 °C com alta umidade do ar.

- O fungo necessita de, no mínimo, 3 horas de umidade contínua. Entretanto, o período de molhamento foliar é dependente da temperatura. Se a temperatura for de 20 °C o tempo de molhamento é de 3 horas, já a 10 °C o molhamento varia de 10 a 12 horas continuas.

Controle preventivo

Cultivares resistentes.

Controle químico

Deve ser iniciado no surgimento e no reaparecimento das primeiras pústulas visíveis. Deve ser dada preferência aos triazóis sistêmicos e estrobilurinas, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por apresentarem boa eficiência, maior fungitoxicidade, maior espectro de ação e maior poder residual.

Não se deve fazer a aplicação no estádio de grão leitoso, porque o grão já está praticamente formado, reduzindo eficácia e resíduos do fungicida ficarão no grão inviabilizando sua utilização como alimento.

Resistência de planta adulta à ferrugem-da-folha

A Resistência de Planta Adulta (RPA) caracteriza-se pelo progresso lento da doença, embora a reação seja de suscetibilidade. Embora haja infecção na folha bandeira, o nível de suscetibilidade não provoca o desfolhamento precoce devido à ferrugem como em cultivares suscetíveis, em que as folhas secam enquanto as espigas ainda estão verdes. No campo, as cultivares com RPA tendem a ser menos infectadas após o espigamento. O nível dessa resistência pode variar de um genótipo para outro.

Para cultivares com RPA, é necessário que o produtor acompanhe o desenvolvimento da infecção. Em anos de condições de ambiente muito favoráveis, em que a ferrugem tenha surgido muito cedo, pode haver a necessidade de aplicação de fungicidas, se o aumento de severidade for muito rápido na fase de crescimento vegetativo. Se a suscetibilidade, em nível que necessite controle, ocorrer em estádios adiantados de desenvolvimento, provavelmente, a aplicação de fungicida não será economicamente vantajosa. Na maioria dos anos, em cultivares com RPA, o nível de ferrugem só aumenta quando os grãos já estão formados, dispensando o uso de fungicidas.

Ainda é preciso que haja familiarização de técnicos e produtores com a RPA, mas somente se esta característica for priorizada no momento da escolha da cultivar, a ferrugem da folha poderá deixar de ser um fator limitante à produção de trigo.

São reconhecidamente portadoras de RPA as tradicionais cultivares Frontana, BR 23 e BR 35.

 

Informações Complementares

Identificação de marcador isoesterásico associado ao gene Lr24 com resistência à ferrugem da folha em trigo

Foram analisados genótipos de trigo portadores de genes de resistência de plântula à ferrugem da folha, bem como o desenvolvimento de marcadores isoesterásicos.