Pulgões

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

José Roberto Salvadori

Paulo Roberto Valle da Silva Pereira - Embrapa Florestas

 

 

Os pulgões ou afídeos (Hemiptera, Aphididae) são insetos sugadores, que atingiram altas populações na década de 1970, quando severas infestações foram constatadas principalmente das espécies Metopolophium dirhodum (pulgão-da-folha) e Sitobion avenae (pulgão-da-espiga). Além dessas espécies, ocorrem em trigo o pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum), a primeira espécie de pulgão registrada na lavoura de trigo no Brasil, o pulgão-da-aveia (Rhopalosiphum padi), o pulgão-da-raíz (R. rufiabdominale) e o pulgão-do-milho (R. maidis).

R. padi. Foto: Paulo Pereira Sitobion avenae. Foto: Paulo Pereira Schizaphis graminum. Foto: Paulo Pereira

 

Descrição e biologia

Os pulgões são insetos pequenos (1,5 a 3,0 mm), de corpo mole e piriforme, com antenas longas. O aparelho bucal é do tipo picador-sugador e o desenvolvimento paurometabólico. São altamente prolíficos e reproduzem-se por viviparidade e partenogênese telítoca. Vivem sobre a planta em colônias formadas por adultos (fêmeas) alados e ápteros e por ninfas de diferentes tamanhos. As formas de disseminação podem voar centenas de quilômetros com auxílio do vento. Apresentam ciclo de vida muito curto, podendo completar uma geração a cada semana e originar até 10 ninfas/fêmea/dia. Desenvolvem-se e multiplicam-se melhor em temperaturas amenas (18 a 25º C) e em períodos de pouca chuva. O clima frio aumenta a duração do ciclo de vida e diminui a multiplicação.

 

Ocorrência

O pulgão-verde-dos-cereais e o pulgão-da-aveia podem incidir logo após a emergência da cultura e, à medida que a planta vai crescendo, vão se estabelecendo no colmo e nas folhas mais baixas. O pulgão-da-espiga, embora possa ocorrer em baixa densidade no afilhamento, aparece em maior número nas folhas, junto com o pulgão-da-folha, preferindo se instalar nas espigas. O pulgão-verde-dos-cereais ocorre de modo mais intenso em situações de temperatura média mais elevada, podendo atingir níveis de dano em regiões ou em anos de inverno pouco rigoroso. Na região Sul, a incidência do pulgão-verde-dos-cereais e do pulgão-da-aveia tem sido muito freqüente nos meses de outono, em plantios mais precoces e na cultura de aveia. O pulgão-da-folha e o pulgão-da-espiga ocorrem um pouco mais tarde, sendo que, geralmente, apenas em clima seco e de temperaturas amenas (invernos pouco intensos ou na primavera), podem acontecer pequenos surtos destas duas espécies.

 

Danos

Pulgões, tanto jovens (ninfas) quanto adultos, alimentam-se de seiva, causando danos ao trigo desde a emergência das plantas até que os grãos estejam completamente formados (estádio de grão em massa). Os danos dos pulgões podem ser ocasionados diretamente, através da sucção da seiva e de suas conseqüências no rendimento de grãos, como diminuição de tamanho, número e peso de grãos. Um dos principais danos indiretos é a transmissão de um agente fitopatogênico que reduz o potencial de produção do trigo, o Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC). O VNAC sobrevive em diversas espécies hospedeiras e é disseminado de plantas infectadas para sadias, através da saliva do vetor. Em trigo, pode provocar sintomas como nanismo das plantas e folhas de coloração amarela-intensa com bordas arroxeadas, mais curtas e eretas. S. graminum e R. padi provocam um dano adicional, causado pela toxidez da saliva; nos locais picados pelo pulgão ocorrem manchas cloróticas que podem evoluir para necrose do tecido, secamento de folhas e morte de plântulas.

 

Manejo de pulgões
  Informações básicas sobre manejo de pulgões.

 

 

Informações Complementares

Controle biológico de pulgões de trigo : o sucesso que perdura Os pulgões ou afídeos que atacam plantas de trigo são insetos que ao se alimentarem ocasionam danos diretos, devido à sucção da seiva, e danos indiretos, pela transmissão de doenças e pela injeção de toxinas. Os pulgões servem de alimento para grande número de insetos e de substrato para desenvolvimento de doenças causadas por microorganismos.