Sistema Plantio Direto

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

José Eloir Denardin - Embrapa Trigo

Rainoldo Kochhann

 

 

Sistemas de manejo de solo, compatíveis com as características de clima, planta e solo dessa região do país, são imprescindíveis para interromper o processo de desgaste dos solos, permitindo, dessa forma, manter a lavoura economicamente viável. Nesse contexto, o plantio direto constitui, na prática, o sistema de manejo com maior potencial para atender a esses objetivos. No entanto, a consolidação desse sistema é função da contínua produção de elevadas quantidades de biomassa que, por sua vez, proporcionará adequada cobertura vegetal ao solo, bem como de palha após a colheita das culturas. Além de ser mais eficaz para o controle da erosão, o sistema plantio direto proporciona, paulatinamente, melhoria dos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo e redução nos custos de produção.

Sistema Plantio Direto. Foto: Paulo Kurtz

 

O sucesso do sistema plantio direto depende de um conjunto de ações fundamentais para o seu estabelecimento e para a sua manutenção. Dentre essas ações, destacam-se:

 

Sistematização da lavoura

Sulcos e depressões no terreno, decorrentes do processo erosivo, concentram enxurrada, provocam transtornos ao livre tráfego de máquinas na lavoura, promovem focos de infestação de plantas daninhas e constituem manchas de menor fertilidade de solo em relação ao restante da área. Assim, por ocasião do estabelecimento do sistema plantio direto, indica-se a eliminação desses obstáculos, mediante plainas ou motoniveladoras, ou mesmo por meio de escarificações seguidas de gradagem. A execução dessas práticas tem como objetivo evitar a necessidade de mobilização do solo após a adoção do sistema plantio direto.

 

Correção da acidez e da fertilidade do solo

Em solos ácidos e com baixos teores de P e de K a aplicação de calcário e de fertilizantes e a sua incorporação, na camada de 0 a 20 cm de profundidade, é fundamental para viabilizar o sistema plantio direto nos primeiros anos, período em que a reestruturação do solo ainda não manifestou seus efeitos benéficos.

 

Descompactação do solo

Constatada a existência de camada compactada, indica-se abrir pequenas trincheiras (30 cm x 30 cm x 50 cm) visando detectar o limite inferior da camada através do aspecto morfológico da estrutura do solo, da forma e da distribuição do sistema radicular das plantas e/ou da resistência ao toque com instrumento pontiagudo.

Para descompactar o solo, indica-se usar implementos de escarificação contendo hastes com ponteiras estreitas (não superior a 8 cm de largura), reguladas para operar imediatamente abaixo da camada compactada. O espaçamento entre as hastes deve ser de 1,2 a 1,3 vezes a profundidade de trabalho. A descompactação deve ser realizada em condições de solo com baixa umidade. Em seqüência às operações de descompactação do solo, é indicada a semeadura de culturas que apresentem grande produção de massa vegetal em elevada densidade de plantas e de sistema radicular abundante, caso contrário, tal prática mecânica terá efeito de curta duração.

 

Planejamento do sistema de rotação de culturas

A seqüência de espécies a serem cultivadas numa mesma área deve considerar, além do potencial de rentabilidade do sistema, a suscetibilidade de cada cultura à infestação de pragas e de plantas daninhas e à infecção de doenças, a disponibilidade de equipamentos para o manejo das culturas e de seus restos culturais e o histórico e o estado atual da lavoura, atentando para aspectos de fertilidade do solo e de exigência nutricional das plantas. O arranjo das espécies no tempo e no espaço deve ser orientado para o uso de diferentes cultivares a fim de possibilitar o escalonamento da semeadura e da colheita.

No sul do Brasil, um dos sistemas de rotação de culturas compatíveis com a produção de trigo, para um período de dois anos, envolve a seguinte seqüência de espécies: trigo/soja e ervilhaca/milho, e, para um período de três anos: trigo/soja, aveia/soja e ervilhaca/milho.

 

Manejo de restos culturais

Na colheita de grãos das culturas que precedem a semeadura de trigo, é importante que os restos culturais sejam depositados numa faixa equivalente à largura da plataforma de corte da colhedora, independentemente de serem ou não triturados.