Manejo de pulgões

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Paulo Roberto Valle da Silva Pereira - Embrapa Florestas

José Roberto Salvadori

Alfredo do Nascimento Junior - Embrapa Trigo

 

O manejo integrado dos pulgões de cereais de inverno, especialmente em trigo, no extremo sul do Brasil, fundamentado no controle biológico e na racionalização do controle químico, constitui expressivo exemplo de sucesso, em culturas não perenes.

Na década de 1970, os pulgões Metopolophium dirhodum e Sitobion avenae desenvolveram altas populações nos trigais dessa região. Apesar da existência de predadores e de parasitóides, o controle biológico natural não era suficiente para evitar os danos causados pelos pulgões. Em decorrência, passou-se a empregar, generalizadamente, aficidas químicos nas lavouras de trigo. Em média, utilizavam-se duas aplicações de inseticidas em mais de 95% da área tritícola, sendo que em algumas situações, até quatro aplicações eram realizadas.

No final dos anos 70 foi iniciado, pela Embrapa Trigo, o Programa de Controle Biológico dos Pulgões do Trigo no Brasil. No período 1978-1982, foram introduzidas no país 14 espécies de micro-himenópteros parasitóides e duas espécies de joaninhas predadoras. O programa deu ênfase ao controle através dos parasitóides que passaram a ser produzidos massalmente e distribuídos, sem custo, aos agricultores para liberação nas lavouras de trigo. Paralelamente à produção e liberação dos micro-himenópteros, foi desenvolvido um trabalho de conscientização de técnicos e de triticultores para a adoção do manejo integrado dos pulgões com base no controle biológico, no conceito de nível de dano econômico e no uso de inseticidas/doses menos nocivos aos organismos não visados. Assim, não só os inimigos naturais introduzidos, como os que já existiam no ambiente, foram beneficiados pela racionalização do uso do controle químico. As populações de M. dirhodum e de S. avenae e de seus inimigos naturais se equilibraram, e a utilização de inseticidas para o controle dessas espécies reduziu significativamente.

Atualmente, possivelmente em função de práticas agronômicas que estão sendo empregadas nos sistemas de produção, as espécies Schizaphis graminum e Rhopalosiphum padi constituem o principal problema de pulgões em trigo e outros cereais de inverno, como pragas outonais e/ou de início de ciclo da cultura. Tanto pela alimentação como pela transmissão de BYDV, o potencial de danos dos pulgões é maior quando ocorrem nas fases de emergência e de afilhamento da cultura.

Os pulgões são facilmente controlados com inseticidas diluídos em água e aplicados via pulverização da parte aérea das plantas ou com inseticidas sistêmicos, em tratamento de sementes.

No manejo dos pulgões da parte aérea de cereais de inverno recomenda-se utilizar inseticidas em pulverização apenas quando forem atingidos os seguintes níveis populacionais: a) 10% de plantas infestadas, da emergência ao afilhamento; b) 10 pulgões/afilho, do alongamento ao emborrachamento; e c) 10 pulgões/espiga, do espigamento ao grão em massa. O nível de infestação deve ser avaliado através de inspeções semanais da lavoura, amostrando-se aleatoriamente locais na bordadura e no interior das lavouras, que proporcionem um resultado médio representativo da densidade de pulgões.