Água

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Luís Henrique Bassoi - Embrapa Instrumentação

 

O ciclo da videira é caracterizado por um intenso crescimento vegetativo entre a quebra da dormência e o florescimento, que determina o padrão da cobertura vegetal do parreiral em todo o seu ciclo de desenvolvimento. Inicialmente, o consumo de água é pequeno, mas, à medida que a cobertura foliar aumenta, a necessidade de água cresce.


Na quebra da dormência, começa o desenvolvimento dos primórdios florais. O desenvolvimento da inflorescência determina o número de flores, o pegamento do fruto e, consequentemente, o desenvolvimento da baga. A ocorrência de estresse hídrico pode resultar em quebra de dormência irregular, em menor desenvolvimento dos ramos e em menor número de flores. Por sua vez, uma quantidade excessiva de água no solo (encharcamento) causa deficiência de oxigênio no solo, que induz um lento crescimento de ramos e o amarelecimento das folhas.


Os efeitos da deficiência hídrica sobre o desenvolvimento da videira podem ser menores durante o florescimento e o início da maturação, em relação àqueles no período vegetativo. Entretanto, no florescimento, ocorre o primeiro pico de crescimento do sistema radicular, que pode ser inibido por falta ou por excesso de água. Depois do florescimento, a cobertura vegetal desenvolve-se rapidamente, até atingir a sua forma final, e o consumo de água aumenta gradativamente. No período reprodutivo, ocorrem o pegamento do fruto, o crescimento das bagas e a produção de açúcares. O pegamento do fruto e o desenvolvimento inicial das bagas são sensíveis ao estresse hídrico. Quando as bagas entram na fase intermediária de crescimento, o efeito da deficiência de água diminui; no início da terceira e da última fase de crescimento, ocorrem o amolecimento e a alteração da cor (início da maturação). Durante o amadurecimento do fruto, a videira pode suportar maior restrição de água. A redução da irrigação, nesse período, depende da profundidade do sistema radicular, da capacidade de retenção de água do solo, do sistema de irrigação e das condições climáticas locais. Áreas que apresentam solos rasos, com menor capacidade de retenção de água (solos arenosos), e/ou pequena profundidade do sistema radicular e/ou alta evapotranspiração necessitam de irrigações frequentes.