Uva de Mesa
Evapotranspiração
Autores
Antônio Heriberto de Castro Teixeira
Magna Soelma Beserra de Moura - Embrapa Semiárido
Francislene Angelotti - Embrapa Semiárido
O processo físico no qual a água é transferida do dossel (folhagem) da cultura da videira para a atmosfera denomina-se evapotranspiração atual (ETa). Parâmetros agrometeorológicos, características dos parreirais, manejo e aspectos ambientais são fatores que afetam ETa, além da cobertura do solo, da densidade dos plantios, da arquitetura das plantas, do microclima e da umidade do solo. Os sistemas de condução e de irrigação também alteram o microclima nos parreirais e o efeito da umidade do solo se manifesta principalmente pelo déficit hídrico e tipo de solo. Por outro lado, água em excesso pode danificar as raízes e limitar o fluxo hídrico pela inibição da respiração.
A evapotranspiração potencial da cultura da videira (ETp) pode ser estimada multiplicando-se a evapotranspiração de referência (ET0), calculada a partir de uma superfície de referência, pelo coeficiente de cultura (Kc). Este coeficiente é um indicativo do consumo ideal de água, ao longo do ciclo da planta.
Os valores da ETa podem desviar dos valores da ETp, devido à ocorrência de pragas e doenças, salinidade do solo, baixa fertilidade do solo, deficiência ou excesso de água no solo. Os desvios das condições ótimas afetam tanto a produtividade quanto a qualidade das uvas.
Valores médios do Kc para os estádios fenológicos das cultivares Italia e Sugraone, respectivamente, foram relacionadas com os graus-dia – GD, que representa a soma térmica acima da temperatura base (Tb) para o desenvolvimento (para videira, Tb = 10oC), incorporando, assim, os efeitos da temperatura do ar nos diferentes estádios dos ciclos fenológicos. Esta relação torna-se importante na estimativa do consumo hídrico visando o manejo racional da irrigação.
Figura. Variação do coeficiente de cultura da videira (Kc) para as cultivares Italia e Sugraone, em função dos graus-dia (GD, temperatura base de 10oC) na região semiárida do Submédio do Vale do São Francisco.
Observa-se um consumo hídrico diário maior na cv. Sugraone. Entretanto, como a duração do ciclo produtivo da cv. Italia é maior, o consumo total também é mais elevado, o que deve ser levado em consideração em possíveis condições de restrição de água, em que se almeja melhoria na produtividade regional da água.