Viroses

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Beatriz Aguiar Jordão Paranhos - Embrapa Semiárido

 

As viroses são frequentes em áreas vitícolas de todo o mundo, podendo infectar cultivares de copa e de porta-enxerto e causar prejuízos significativos na produtividade, tendo sido relatadas perdas variando de 10-70%. Dentre os principais tipos de vírus que afetam a videira, destacam-se os seguintes:
 

Enrolamento da folha

Esta é a mais disseminada e importante doença causada por vírus que afeta a videira, podendo infectar cultivares copa e porta-enxerto. Nove espécies de vírus (Grapevine leafroll-associated virus 1-9 - GLRaV 1-9) já foram relatadas associadas à doença.
 
Em videiras tintas infectadas, os sintomas são avermelhamento de folhas e apenas o tecido ao longo das nervuras permanece verde, enquanto que em cultivares brancas, as folhas tornam-se cloróticas. Nos dois casos, há enrolamento dos bordos das folhas para baixo, sintoma que originou o nome da doença. As folhas tornam-se espessas e quebradiças devido ao acúmulo de carboidratos, em decorrência da degeneração do floema, resultando em menores teores de sólidos solúveis totais nos frutos.
 

Mal formação infecciosa ou doença dos entrenós curtos

Causada pelo Grapevine fanleaf virus (GFLV), foi uma das primeiras viroses descritas na videira em todo o mundo, podendo afetar os porta-enxertos americanos e outras espécies de Vitis e/ou híbridos. O GFLV é disseminado por nematoides do gênero Xiphinema, destacando-se as espécies X. index e X. italiae, que podem reter o vírus por até oito meses na ausência de plantas hospedeiras.


Os sintomas são diferenciados em mosaico amarelo, folha em leque e faixa das nervuras, dependendo da estirpe do vírus infectando a planta.

 

Mancha das nervuras

Causada pelo Grapevine fleck virus (GFkV), ocorre em diversas áreas vitícolas do mundo. Nas folhas, surgem manchas cloróticas e translúcidas, irregulares, acompanhando a posição das nervuras. Este vírus é disseminado apenas por meio de material propagativo infectado.
 

Lenho rugoso

Lenho rugoso é um termo que compreende quatro doenças caracterizadas por anomalias causadas no lenho. São transmitidas por enxertia e diferenciadas, segundo a expressão de sintomas em cultivares indicadoras de porta-enxerto. A doença intumescimento dos ramos (“Corky bark”) é associada ao Grapevine virus B (GVB); caneluras do tronco do Rupestris (“Rupestris stem pitting”) associada ao Rupestris stem pitting-associated virus (RSPaV); acanaladura do lenho de Kober (“Kober stem grooving”), associada ao Grapevine virus A (GVA) e acanaladura do lenho do LN33 (“LN33 stem grooving”), cujo agente causal ainda é desconhecido. Essas doenças podem ocorrer em infecção mista numa mesma videira, acarretando em severos prejuízos. No Brasil, apenas a acanaladura do lenho de LN33, ainda, não foi detectada. Dentre estes agentes, o GVA e o GVB do gênero Vitivirus são disseminados de maneira semi-persistente por cochonilhas algodonosas da Família Pseudococcidae e de carapaça da Família Coccidae.

 

Necrose das nervuras

Esta doença ocorre em parreirais de todo o mundo, em cultivares de uva europeias e americanas e em alguns porta-enxertos. O sintoma mais característico é a necrose das nervuras, principalmente, naquelas secundárias e terciárias, visíveis na face dorsal da folha. A doença é transmitida por meio de material propagativo infectado e o seu agente etiológico é possivelmente um vírus.
 
A diagnose dessas doenças, com a detecção e a identificação de vírus, é feita com a realização de testes biológicos (enxertia, inoculação mecânica), sorológicos e moleculares.

 

Controle 

Considerando-se que não existem medidas de controle curativas para essas doenças, este deve ser feito preventivamente. Neste caso, a utilização de material propagativo livre de doenças na produção de mudas é de fundamental importância. Os métodos mais importantes e eficientes para o controle de viroses em culturas perenes incluem a seleção sanitária, a obtenção de clones sadios e o controle de insetos vetores, como cochonilhas. O plantio de mudas certificadas, livres de vírus, é de fundamental importância no estabelecimento de novos parreirais. Entre os métodos utilizados na obtenção de plantas sadias a partir de videiras infectadas com vírus inclui-se a termoterapia associada à cultura de tecidos.