Uva de Mesa
Adubação
Autores
José Ribamar Pereira
Teresinha Costa Silveira de Albuquerque - Embrapa Roraima
Clementino Marco Batista Faria
Davi José Silva - Embrapa Semiárido
A adubação visa complementar os teores de nutrientes existentes no solo para a obtenção de produtividades econômicas. Para isto, é necessário que seja feita de maneira correta, pois a sua deficiência ou o excesso pode comprometer a produtividade da videira e a qualidade da uva.
O manejo de adubação da videira envolve três fases: 1) adubação de plantio; 2) adubação de crescimento e 3) adubação de produção.
Adubação de plantio: deve ser realizada com base nos resultados da análise de solo, cuja distribuição dos fertilizantes minerais e orgânicos deve levar em consideração a sua forma de incorporação no solo.
Os fertilizantes minerais e orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra da própria cova, antes do transplantio das mudas. A quantidade de matéria orgânica situa-se em torno de 20 a 40 litros de esterco de curral curtido ou outro similar por cova, enquanto a dos fertilizantes minerais dependerá dos resultados da análise de solo correlacionados com os níveis apresentados na tabela abaixo. No caso de a análise indicar baixos teores de zinco e de boro, deve-se adicionar, ainda, 4,5 g de zinco e 1,0 g de boro por cova.
Tabela1. Adubação de plantio da videira com base nos resultados da análise de solo.
P no solo, mg.dm-3 |
K no solo, cmolc.dm-3 |
||||||
Solo arenoso |
|||||||
<11 |
11-20 |
21-40 |
>40 |
<0,16 |
0,16-0,30 |
0,31-0,45 |
>0,45 |
Solo argiloso |
Kx100/CTC |
||||||
<6 |
6 - 10 |
11- 20 |
>20 |
<5 |
5 - 10 |
11 - 15 |
>15 |
------ kg.ha-1 de P2O5 ------ |
----------- kg.ha-1 de K2O ----------- |
||||||
160 |
120 |
80 |
40 |
30 |
- |
- |
- |
Fonte: Albuquerque et al. (2009)
Adubação de crescimento: constitui-se de aplicações de N e K, utilizando fertilizantes minerais. O N deve ser aplicado a partir de 30 dias após o transplantio das mudas até o oitavo mês de crescimento. As doses de N serão definidas em função do teor de matéria orgânica do solo e das quantidades de esterco de curral aplicadas. Nos solos que apresentam teor de matéria orgânica abaixo de 20 g.kg-1 e que receberam doses de esterco de curral ou material equivalente inferior a 20 m3.ha-1, a dose de N deve ser equivalente a 260 kg.ha-1. Nos solos cuja quantidade de esterco de curral aplicada for superior a 40 m3.ha-1, a dose de N deve ser inferior a 260 kg.ha-1. A adubação potássica pode ser realizada com base nos teores de K disponível ou na saturação de K em relação à CTC. Embora a adubação potássica seja recomendada quando a saturação de K for superior a 15% no solo, não deve ser aplicada, tanto na fase de crescimento, como na fase de produção, se a condutividade elétrica do extrato de saturação estiver acima de 2 dS.m-1.
Tabela 2. Adubação de crescimento da videira com base nos resultados da análise de solo
N |
K no solo, cmolc.dm-3 |
|||
<0,16 |
0,16-0,30 |
0,31-0,45 |
>0,45 |
|
Kx100/CTC |
||||
<5 |
5 - 10 |
11 - 15 |
>15 |
|
kg ha-1 |
----------- kg.ha-1 de K2O ----------- |
|||
260 |
160 |
120 |
80 |
40 |
Fonte: Albuquerque et al. (2009)
Adubação de produção: realizada após a primeira poda de frutificação e a cada ciclo vegetativo, deve fornecer os nutrientes de forma equilibrada, respeitando as necessidades nutricionais de cada fase fenológica. A recomendação de adubação deve ser feita com base na produtividade esperada e nos resultados da análise de solo realizada antes da poda de produção, bem como associada aos resultados da análise foliar e ao desenvolvimento da cultura.
Tabela 3. Adubação de produção da videira, em função da produtividade estimada e da disponibilidade de nutrientes no solo
Produção esperada |
N |
P no solo, mg.dm-3 |
K no solo, cmolc.dm-3 |
|||||||
Solo arenoso |
||||||||||
<11 |
11-20 |
21-40 |
41-80 |
>80 |
<0,16 |
0,16-0,30 |
0,31-0,45 |
>0,45 |
||
Solo argiloso |
Kx100/CTC |
|||||||||
<6 |
6-10 |
11-20 |
20-40 |
>40 |
<5 |
5-10 |
11-15 |
>15 |
||
t ha-1 |
kg ha-1 |
-------------- kg.ha-1 de P2O5 -------------- |
-------------- kg.ha-1de K2O ------------ |
|||||||
< 15 |
60-150 |
120 |
80 |
40 |
20 |
0 |
100 |
75 |
50 |
0 |
15 - 25 |
60-150 |
160 |
120 |
80 |
40 |
0 |
200 |
150 |
75 |
50 |
26 - 35 |
60-150 |
200 |
160 |
120 |
60 |
0 |
300 |
225 |
100 |
75 |
> 35 |
60-150 |
240 |
200 |
160 |
80 |
0 |
400 |
300 |
150 |
100 |
Fonte: Albuquerque et al. (2009)
Em solos com baixo teor de matéria orgânica, o uso de adubo orgânico é imprescindível para o cultivo da videira. As quantidades de N a serem aplicadas na fase de produção dependem do vigor da planta no ciclo anterior e do vigor da copa, variando de 150 kg.ha-1 de N, quando o vigor for baixo, a 60 kg.ha-1 de N, quando alto. A adubação potássica pode ser realizada com base nos teores de K disponível no solo ou na saturação de K em relação a CTC. Quando os teores de Mg e dos micronutrientes B e Zn estiverem abaixo do nível crítico ou em desequilíbrio com outros nutrientes, recomenda-se a sua correção por meio da aplicação de fertilizantes específicos no solo ou via foliar.
Na adubação das cultivares de uva de mesa sem sementes, as doses de nutrientes recomendadas para as fases de transplantio das mudas e de crescimento das plantas são as mesmas recomendadas para videiras com sementes, contudo, com intervalos menores, para aquelas com ciclo fenológico mais curto.
Na adubação de produção, as doses dos fertilizantes fosfatados são recomendadas da mesma forma que para as cultivares de uvas com sementes, enquanto as adubações nitrogenadas e potássicas são diferentes. Nas cultivares de uva sem sementes, as doses de N estão relacionadas com o vigor da planta no ciclo anterior, que, por sua vez, também está relacionado com o vigor do porta-enxerto utilizado, variando de 0 (enxerto e porta-enxerto muito vigorosos) a 90 kg.ha-1 de N (enxerto e porta-enxerto de baixo vigor). Na prática, tem-se observado que as cultivares de uvas sem sementes são menos exigentes em N e mais exigentes em K que as uvas com sementes. Assim, as doses de K recomendadas devem ser aumentadas em cerca de 30% naquelas cultivares.