Tripes

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

José Eudes de Morais Oliveira - Embrapa Semiárido

Beatriz Aguiar Jordão Paranhos - Embrapa Semiárido

Andréa Nunes Moreira

 

A ocorrência de tripes em videiras é comum. As espécies Retithrips syriacus (Mayet., 1890) (Thysanoptera: Thripidae), Selenothrips rubrocinctus (Giard., 1901) (Thysanoptera: Thripidae) e Frankliniella sp. (Thysanoptera: Thripidae) têm sido constatadas em todos os parreirais instalados no Submédio do Vale do São Francisco, sendo considerada, no momento, uma das pragas que mais compromete o sucesso da viticultura desta região.

 

Retithrips syriacus (Mayet., 1890) (Thysanoptera: Thripidae)

O adulto de Retithrips syriacus apresenta coloração preta com listras amareladas em seu dorso e mede cerca de 1 a 1,2 mm de comprimento. A fêmea introduz os ovos sob a epiderme da folha, cobrindo-os com uma secreção que se torna escura ao secar. As ninfas têm coloração avermelhada e carregam, entre os pelos terminais do abdome, uma pequena bola de excremento líquido. Esta espécie ocorre nas duas faces das folhas, de preferência nas proximidades das nervuras. Em função do ataque, surge o aparecimento de manchas amarelas cloróticas que evoluem para a cor marrom. Quando o ataque é intenso, ocorre a “queima” da folha e, consequentemente, a sua queda, podendo provocar um desfolhamento parcial ou total da planta.

Fotos: Flávia R. B. Moreira.

Figura 1. Retithrips syriacus: adulto (A) e ninfas (B).

 

Fotos: José Eudes de M. Oliveira.

Figura 2. Sintomas do ataque de Retithrips syaricus em folha de videira: face dorsal (A); face ventral (B); evolução dos sintomas do ataque em folhas de videira (C).

 

Selenothrips rubrocinctus (Giard., 1901) (Thysanoptera: Thripidae)

O adulto mede cerca de 1,4 mm de comprimento e possui coloração geral preta. Seu nome deriva do aspecto das formas jovens, que possuem coloração amarelada, com uma cinta ou faixa vermelha, ocupando, principalmente, o segundo e terceiro segmentos abdominais. As ninfas são ativas, mantendo-se agrupadas, e carregam, entre os pelos terminais do abdome, uma pequena gota de excremento líquido

 

Foto: Diniz C. Alves.

Figura 3. Inseto adulto de Selenothrips rubrocinctus.

 

 

As formas jovem e adulta atacam folhas, inflorescências e frutos. Nas folhas, o ataque ocorre principalmente na face dorsal, próximo à nervura central, causando necrose com coloração ferruginosa e, posteriormente, queda de folhas.

 

Frankliniella sp. (Thysanoptera: Thripidae)

Os adultos e as ninfas de Frankliniella sp. apresentam coloração variando do amarelo-claro ao marrom-escuro e medem em torno de 1 a 2 mm de comprimento. A fêmea põe em torno de 40 a 90 ovos, na face dorsal da folha, nos pedúnculos florais e na ráquis do cacho. No caso da uva de mesa, os níveis populacionais mais elevados e os maiores danos ocasionados podem ser observados durante a fase de floração da videira. Nos frutos, ocorrem secamento e morte das células no local de postura, apresentando inicialmente, manchas esbranquiçadas.

 

Fotos: José Eudes de M. Oliveira (A) e Diniz C. Alves (B).

Figura 4. Ninfa e adulto de Frankliniella sp: ninfa (A) e inseto adulto (B).

 

Nível de ação: ≥  20% ou mais de folhas estiverem infestadas e/ou ≥  20% das inflorescências e/ou cachos estiverem com, pelo menos, dois tripes.

 

Controle:

  • Cultural: eliminação dos restos da poda seca e erradicação de plantas hospedeiras destas espécies de tripes, como, por exemplo, sabiá ou sansão-do-campo utilizada como quebra-vento,

  • Químico: apesar da importância dessa praga, ainda não existe inseticida registrado para o seu controle na cultura da videira.