Ageitec
Uva para Processamento
Indicações geográficas
Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021
Autores
Jorge Tonietto - Embrapa Uva e Vinho
Mauro Celso Zanus - Embrapa Uva e Vinho
Desde a Antiguidade, muitas regiões do mundo se notabilizaram pela qualidade e originalidade dos vinhos produzidos, utilizando o nome da região para identificar a proveniência dos vinhos junto aos mercados consumidores. Mas foi no século XX que a proteção industrial ganhou força, protegendo a origem e as qualidades os vinhos de diferentes regiões, através da indicações de procedência e das denominações de origem. Por décadas os maiores usuários destes sistemas de proteção foram os produtores de diversos países europeus. Mas, a partir das ações que se desenvolveram no âmbito de atuação da Organização Mundial do Comércio – OMC, hoje inúmeros países do mundo protegem vinhos e outros produtos agrícolas e agro-industriais através das chamadas indicações geográficas (IG), que é a indicação utilizada para identificar um produto como sendo originário do território de um Membro, ou de uma região ou localidade deste território, quando uma qualidade, reputação ou outra determinada característica do produto possa ser atribuída essencialmente a esta origem geográfica.
No Brasil, a legislação em vigor define duas espécies de indicações geográficas: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem.
O desenvolvimento de indicações geográficas de vinhos no Brasil passou a ser incentivado pela Embrapa Uva e Vinho no início dos anos 1990. O primeiro trabalho com o setor privado foi desenvolvido com um grupo de vitivinicultures que formaram, em 1995, a Aprovale – Associação dos Produtores de Vinhos do Vale dos Vinhedos. Através de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para as quais trabalharam intensamente a Aprovale, a Embrapa Uva e Vinho, em cooperação com a Embrapa Clima Temperado, a Embrapa Florestas e Universidade de Caxias do Sul, em 2002 foi reconhecida a primeira indicação geográfica brasileira: a Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos, para vinhos brancos, vinhos tintos e espumantes.
Atualmente diversos projetos buscam o reconhecimento de novas indicações geográficas de vinhos finos por intermédio das respectivas associações de produtores: Pinto Bandeira (Asprovinho), Monte Belo (Aprobelo), Farroupilha (Afavin), Altos Montes (Apromontes), dentre outras.
Além de servir como motor para a organização da produção vitivinícola para vinhos de qualidade com origem controlada, as indicações geográficas tem contribuído para demonstrar ao mercado consumidor a qualidade e originalidade dos vinhos brasileiros.
O trabalho da Embrapa Uva e Vinho nestes projetos, em cooperação com as instituições parceiras, tem possibilitado realizar o diagnóstico das potencialidades das regiões, realizar o zoneamento vitivinícola para identificar os melhores climas e solos, bem como para focar nas variedades mais adaptadas de região, delimitar a área de produção de cada indicação geográfica, definir padrões específicos de qualidade da uva e dos vinhos para cada indicação geográfica, aprimorar os sistemas de produção para a melhoria da qualidade da uva e dos vinhos e institucionalizar sistemas de controle da qualidade dos vinhos e de sua rastreabilidade.
Como resultado perceptível verifica-se uma melhoria da qualidade dos produtos, uma competitividade diferencial para os produtores de vinhos com IG e um maior desenvolvimento territorial na área delimitada. Normalmente as IG também incorporam programas de desenvolvimento do enoturismo e enogastronomia, o que fortalece o próprio desenvolvimento da IG.