Aspectos econômicos

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho

 

 

A agroindústria do vinho tem sofrido forte pressão do mercado externo no segmento de vinhos finos e, em decorrência desta ameaça constante, tem introduzido novas cultivares, investido na melhoria da qualidade de seus produtos e vem se organizando para obtenção de diversas Indicações Geográficas a exemplo da IG do Vale dos Vinhedos. Também tem investido no mercado externo através do projeto Wines of Brazil. Apesar do todo esforço empreendido, a agroindústria ligada ao vinho fino tem perdido espaço no mercado interno, ocupado por vinhos importados provenientes do Chile, Argentina, Itália, França entre outros países.

No Rio Grande do Sul, que produz mais de 90% do total de vinhos e sucos do país, dos 473,60 milhões de litros de vinhos produzidos (média 2006/2009), 54% referem-se a vinhos de mesa, 9,18% a vinhos finos de mesa, 25,70% a suco de uvas e 11,05% a outros derivados (espumantes, mosto de uva, mistelas, licorosos, jeropiga, ...). Há predominância de vinhos tintos, sendo 82,44% dos vinhos de mesa, 55,12% dos vinhos finos de mesa e quase a totalidade do suco de uvas produzido.

Dada a existência de estoques elevados de vinhos finos, em 2008 e 2009 foram criados mecanismos, via PEP (Prêmio de Escoamento da Produção do Governo Federal), para impulsionar a comercialização desse produto. Em 2008, quase 5 milhões de vinhos finos foram comercializados como vinho de mesa e, em 2009, o escoamento, via PEP, se deu através das exportações.

Os vinhos espumantes, cujo mercado tem absorvido toda produção gaúcha, pelas características e elevada qualidade, vêm apresentando uma trajetória ascendente. Os espumantes moscatéis, de sabor e leveza atraentes, especialmente para os consumidores do sexo feminino, obtiveram uma maior aumento no consumo (Tabela 1).

O suco de uva que também apresenta trajetória de consumo crescente, sendo que o suco de uva integral vem se destacando com aumento bastante significativo.

Tabela 1. Comercialização de Vinhos e Suco de Uva provenientes do Rio Grande do Sul, 2006/2009.

 

Ano

Produtos

2006

2007

2008

2009

Vinho de mesa1

245.072.881

225.958.849

199.319.9435

234.524.979

Tinto

208.951.066

194.641.1165

171.043.313

193.004.182

Rosado

3.064.392

2.249.330

1.820.106

2.307.580

Branco

33.057.424

29.068.403

26.456.524

39.213.217

Vinho especial²

172.174

106.333

65

113

Vinho fino de mesa³

22.085.322

21.411.466

21.119.622

33.080.270

Tinto

13.590.710

13.814.078

12.490.521

19.576.295

Rosado

307.188

413.939

153.562

213.835

Branco

8.187.423

7.183.449

8.475.539

13.290.140

Espumantes

7.482.727

7.005.453

7.630.835

8.742.660

Espumante moscatel

1.277.312

1.582.512

1.902.482

2.500.230

Suco de uvas integral

15.481.706

18.494.875

21.554.644

29.131.455

Suco de uvas concentrado4

115.846.680

128.017.940

139.402.325

159.309.285

Total

406.141.490

400.994.916

390.929.916

467.288.992

¹elaborado com uvas americanas e híbridas; ²corte de vinho de mesa e vinho fino de mesa; 3elaborado a partir de cultivares Vitis vinifera; 4Valores convertidos em suco simples; 5Inclui 4.808.616 litros do PEP. Fonte: UVIBRA e IBRAVIN. Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello.

 

No cenário internacional a vitivinicultura brasileira ocupou em 2007, o 17º lugar em área cultivada com uvas e 19º em produção, segundo dados da FAO. No que se refere às transações internacionais, dados da mesma fonte revelam que o Brasil foi o 11º colocado em quantidade de uvas exportadas, o 7º em valor das exportações de uvas e o 10º maior exportador de suco de uvas em quantidade e em valor.

Em 2009, o balanço dos produtos vitivinícolas foi bastante desfavorável para o país. Isso porque houve redução das exportações dos produtos de maior importância (uva de mesa e suco de uvas) e ocorreu aumento nas importações de uvas frescas, uvas passas e vinho de mesa. O déficit comercial, que em 2008 era de 41,59 milhões de dólares, passou para 117,78 milhões de dólares em 2009. Enquanto as exportações mostraram redução de 194,29 para 132,43 milhões de dólares, as importações passaram de 235,88 para 250,27 milhões de dólares (Tabela 2).

 

Tabela 2. Balanço das exportações e importações de uvas, sucos de uvas, vinhos e derivados: Valor em U$ 1,000.00 (FOB) - BRASIL - 2006/2007.

 

Ano

Discriminação

2007

2008

2009

Quantidade

Valor

Quantidade

Valor

Quantidade

Valor

Exportações

Uvas Frescas (t)

79.081

169.696

82.242

171.456

54.560

110.574

Suco de uva (t)

6.622

12.208

6.623

15.174

5.860

12.621

Vinhos de mesa (1.000 L))

3.281

3.685

10.346

7.118

25.514

8.941

Vinhos Espumantes (1.000 L)

51

193

355

548

190

347

Total

 

185.782

 

194.296

 

132.483

Importações

Uvas Frescas (t)

15.550

14.961

12.565

14.849

18.655

21.697

Uvas Passas (t)

18.895

24.447

20.146

34.973

22.656

32.648

Vinhos de Mesa (1.000 L)

57.629

153.893

54.410

165.692

55.927

176.396

Vinhos Espumantes (1.000 L)

3.245

18.324

3.502

20.144

3.200

19.473

Suco de Uva (t)

1.540

1.403

185

227

43

52

Total

 

213.028

 

23.885

 

250.266

BALANÇO

 

-27.246

 

-41.589

 

-117.783

Fonte: MDIC - Exportações de espumantes estimadas pelo autor.Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello.

Na tabela 3 apresenta-se uma síntese do mercado de vinhos finos no país, considerando os vinhos nacionais e os importados. Em 2009, foram importados 55,93 milhões de litros de vinhos finos, o que representa 70,84 % do vinho fino comercializado no Brasil.

 

Tabela 3. Participação das importações de vinhos em relação aos vinhos de viníferas comercializados no Brasil , em 1.000 litros, 2005/2009.  
 

Ano

Produto

2005

2006

2007

2008

2009

Nacional

24.843

25.085

23.130

23.120

23.019

Importado

37.495

46.371

57.629

54.410

55.927

Total Viníferas

62.338

71.456

80.759

77.530

78.946

Importado/Total(%)

60,15

64,89

71,36

70,18

70,84

Fonte: UVIBRA; IBRAVIN e MDIC.Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello.

 Foram estimados 3 milhões de litros de vinhos finos, para os estados de Pernambuco e Santa Catarina, para o ano 2005 e 5 milhões de litros para os anos 2006 a 2009.