Uva para Processamento
Custos e rentabilidade
Autor
Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho
Num mercado perfeito não há diferença entre os custos de produção e a eficiência de pequenas e grandes propriedades. No entanto, esta não é a realidade. Os pequenos produtores têm restrições ao acesso de assistência técnica de qualidade, restrições ao acesso ao crédito, compram insumos mais caros, têm menos acesso à informação e maior dificuldade no escoamento da produção.
Considerando-se que a maior parte dos produtores de uva é de pequenos produtores de agricultura familiar, a Embrapa Uva e Vinho tem direcionado seus trabalhos no atendimento à demanda de tecnologias para produção de uvas para processamento para esse grupo de produtores.
Os custos de produção de uvas variam de acordo com o sistema de condução, a densidade de plantio, o solo, o valor da mão de obra, os preços dos insumos e a tecnologia empregada, entre outros.
No caso das uvas para processamento em regiões tropicais há a particularidade de se fazer dois ciclos de produção anual, portanto os gastos com insumos são muito superiores aos das regiões de produção tradicionais do país.
Algumas agroindústrias possuem produção própria da matéria prima, como é o caso do Nordeste, em que agroindústria do vinho produz a matéria prima, e alguns grandes empreendimentos no Rio Grande do Sul, em regiões não tradicionais de cultivo da uva, e nestes casos o que importa é o resultado final com a venda do vinho, e portanto as variáveis a serem analisadas são distintas daquelas dos produtores de uvas.
Segundo alguns autores, é preciso fazer uma distinção entre o empreendedor e o capitalista, ao calcular custos e rentabilidade. Embora na maioria das vezes o Empreendedor e o Capitalista seja a mesma pessoa, o empreendedor é aquele que produz e o capitalista é o detentor dos recursos de capital (terra, máquinas, equipamentos,...). Por esta razão é que, ao se calcular os custos de produção e a rentabilidade da produção de uvas, são utilizados todos os custos de implantação dos vinhedos, custos de manutenção, custos de mão de obra incluindo o da mão de obra familiar, custos de comercialização, juros do capital e depreciação. Assim,
Renda Líquida = Renda Bruta – Dispêndio Total.
A renda bruta é o valor de toda a produção e não somente da comercializada. O dispêndio total inclui todos os insumos gastos no ano para a produção da uva, os aluguéis pagos, a mão de obra contratada, a mão de obra familiar, o seguro e os juros sobre o capital empregado.
A renda líquida familiar do Empreendedor oriunda do estabelecimento é igual a renda líquida + trabalho familiar. É desta forma que os produtores de uvas das pequenas propriedades familiares vem se mantendo ao longo dos anos.
A renda do capitalista, que no caso do produtor de uvas em pequenas propriedades se confunde com o empreendedor é igual aos aluguéis recebidos mais o juro sobre o capital.
Os custos de produção publicados, nem sempre seguem a lógica apresentada e além disto referem-se a uma média esperada com base em experiências passadas, portanto cada produtor deve usar as informações, adequando-as a sua situação particular.
É de extrema importância que o produtor anote todos os seus gastos, inclusive a mão de obra utilizada na produção e, ao final do ciclo, faça sua contabilidade e avalie a remuneração obtida no ano para o planejamento do ano seguinte.