Pragas da parte aérea

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Marcos Botton - Embrapa Uva e Vinho

José Eudes de Morais Oliveira - Embrapa Semiárido

 

As pragas da parte aérea da videira pode causar danos nas folhas, nos ramos e nas bagas. Os danos causados por insetos-praga nas bagas, resultam no extravasamento do suco sobre o qual proliferam bactérias e fungos causadores de podridões que, por sua vez, depreciam os cachos na comercialização e reduzem a qualidade dos derivados, em especial dos vinhos. Dentre os insetos-praga que causam estas injúrias destacam-se o gorgulho-do-milho, as lagartas e a mosca das frutas.

O monitoramento do gorgulho pode ser feito com armadilhas contendo milho como atrativo, enquanto que as traças-dos-cachos são monitoradas utilizando-se armadilhas contendo feromônio sexual sintético. O controle do gorgulho do milho deve ser direcionado aos paióis que armazenam o cereal próximo a propriedade, enquanto que a traça–dos-cachos é controlada com a aplicação de inseticidas no vinhedo.

O ataque da mosca-das-frutas em videira pode causar a queda de bagas verdes ou a destruição dos cachos pelo desenvolvimento das larvas, principalmente nas uvas de película branca. O monitoramento dos adultos pode ser feito com armadilhas McPhail contendo atrativo alimentar a base de proteína hidrolisada e o controle utilizando iscas tóxicas.

 

 Foto: Marcos Botton
 
 Figura 1. Dano de mosca das frutas em bagas da cultivar Italia.

 

Vespas e abelhas são insetos benéficos ao homem, porém, com a escassez de alimentos, acabam indo buscá-lo nos cachos de uva em maturação. As vespas ou marimbondos possuem mandíbulas desenvolvidas e rompem a película das bagas para sugar o suco que, ao extravasar, atrai grande quantidade de abelhas, as quais não são capazes de romper as bagas íntegras. Além do dano às bagas, estes insetos também picam os trabalhadores podendo causar alergias. O controle das vespas e abelhas deve ser feito de modo criterioso, pois as vespas são valiosos auxiliares na predação de pragas  e as abelhas na polinização de flores das plantas do vinhedo. Por este motivo, o emprego de repelentes, como o nim ou o extrato pirolenhoso livre de alcatrão, pode ser uma estratégia para reduzir as infestações. O plantio de plantas que servem de fonte de pólen e néctar, próximo aos vinhedos, também é recomendado.

 

 Foto: Augusto Jobin Benedetti
  
 Figura 2. Marinbondo danificando bagas de uva.

 

Os tripes são insetos pequenos, cujos indivíduos adultos medem de 0,5 mm a 15 mm de comprimento, possuem asas franjadas e aparelho bucal picador sugador. Os tripes se deslocam para a cultura no período da floração causando o dano conhecido como mancha areolada, facilmente visualizado nas bagas de uvas finas de mesa. O monitoramento é realizado batendo-se as inflorescências sobre uma superfície branca (papel ou bandeja plástica), realizando-se o controle quando for observado altas infestações.

 

 Foto: Marcos Botton
  
 Figura 3. Dano de tripes em baga de uva 'Itália'.

 

As cochonilhas da parte aérea infestam a cultura de forma agregada e, ao se alimentarem, reduzem o desenvolvimento das plantas, podendo provocar a morte das mesmas. Geralmente, essas pragas são bastante atacadas por inimigos naturais (predadores e parasitoides) que mantém a sua população em níveis reduzidos nos vinhedos. De forma geral, a poda de inverno ajuda a eliminar os insetos dos ramos atacados. A limpeza da casca com calda sulfocálcica, no período de entressafra, expondo as cochonilhas aos tratamentos é uma medida que auxilia a reduzir a infestação. Quando necessário, o controle químico deve ser realizado, mas direcionado somente às plantas infestadas.

 

 Foto: Marcos Botton
 
 Figura 4. Cochonilha do tronco em videira.

 

Cochonilhas farinhentas (Planococcus e Pseudococcus) também são comuns em vinhedos, normalmente ocorrem associadas a formigas doceiras, as quais auxiliam na dispersão da praga, além de protegê-las do ataque de inimigos naturais. O ataque dessas cochonilhas causa danos diretos, principalmente em uvas de mesa, onde alojam-se entre os cachos provocando o aparecimento da fumagina, a qual deprecia os frutos para comercialização. Estas cochonilhas também são vetoras de vírus na cultura.

 

 Foto: Marcos Botton
  
 Figura 5. Dano de cochonilha farinhenta em uva de mesa.

 

Os ácaros que atacam a videira são mais prejudiciais em regiões tropicais onde o clima é seco, o qual favorece sua multiplicação. Nos últimos anos, também tem sido observado uma maior incidência de ácaros fitófagos causando prejuízos na região sul. Os principais ácaros que ocorrem nos vinhedos são o ácaro branco-restrito às folhas novas e causador do encurtamento dos ramos e deformações, os ácaros rajado e vermelho e o calepitrimerus, comuns em folhas velhas. O ataque do ácaro branco pode ser confundido com a fitotoxicidade de herbicidas, em virtude das deformações causadas nas folhas, sendo importante principalmente no período de crescimento das plantas. O ácaro-rajado, vermelho e o calepitrimerus, causam desfolhamento quando ocorrem em elevadas infestações. Altas infestações são favorecidas por adubações nitrogenadas em excesso, aplicação de inseticidas de amplo espectro (fosforados e piretroides), os quais eliminam os inimigos naturais. O controle é realizado com acaricidas específicos.

 

 Foto: Getulio Stefanello Jr
  
 Figura 6. Ácaro rajado em videira.

 

Os besouros desfolhadores que ocorrrem na videira são polífagos, ocorrendo também outras espécies. Na região Sul do Brasil, o período de ataque dos adultos vai de outubro a janeiro, com picos em dezembro onde se alimentam das folhas e do pedicelo, causando a queda prematura das bagas O controle é realizado, normalmente, com a aplicação de inseticidas.

 

 Foto: Marcos Botton
  
 Figura 7. Dano de besouros desfolhadores em videira.