Processos de gênese e evolução de voçorocas

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

René Boulet (in memoriam) - Institut de Recherche pour le Développement

Marco Antonio Ferreira Gomes - Embrapa Meio Ambiente

Heloisa Ferreira Filizola - Embrapa Meio Ambiente

 

Na grande maioria dos casos, nas áreas agrícolas, as voçorocas começam com a formação de sulcos que evoluem para ravinas na parte final das vertentes, devido a uma concentração de fluxos superficiais das águas de escoamento, geralmente provocada por desmatamento, trilhas de gado, construção de cercas, estradas ou caminhos mal posicionados ou de qualquer outra obra que interfira diretamente no regime hidrológico. Se o processo não for interrompido, a ravina aprofunda-se e progride longitudinalmente para montante.

 

Figura 1.

Quando a ravina, aprofundando-se,  atinge o lençol freático torna-se voçoroca, seu aprofundamento diminui, pois o lençol torna-se seu nível de base. A dinâmica da erosão muda por causa da intervenção das exportações de matéria sólida pela saída do lençol na base das paredes da voçoroca (piping). Estas exportações desestabilizam as paredes que caem em grandes blocos provocados por escorregamentos rotacionais, favorecidos pelos altos gradientes hidráulicos nos taludes. A voçoroca alarga-se e seu recuo, por erosão remontante, progride até que seu novo ponto de equilíbrio seja encontrado.

O trabalho erosivo das águas superficiais persiste. Na borda das voçorocas, como das ravinas profundas, aparecem rachaduras paralelas a esta em conseqüência da descompressão do solo ligada à presença da parede (tension crack). A água de escoamento superficial, penetrando nestas rachaduras, provoca a queda dos blocos correspondentes.

Existem também voçorocas que se abrem de maneira abrupta por uma corrida de lama, como é o caso de duas voçorocas existentes próximas às nascentes do Rio Araguaia.

Foto: Heloisa Filizola

Figura 2. Deslizamentos nas paredes da voçoroca Granada.