Plantas aromáticas

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Maria Lúcia Saito - Consultora autônoma

Shirlei Scramin - Consultora autônoma

 

São inúmeras as pesquisas que têm como objetivo encontrar alternativas, que não sejam agressivas ao meio ambiente, para o controle de pragas e doenças na agricultura, pois os estudos têm comprovado que, a longo prazo, os métodos clássicos de controle de pragas e doenças acabam sendo prejudiciais ao próprio agricultor que os utiliza. Os agroquímicos, por serem mais persistentes no ambiente e menos seletivos, causam maiores problemas ao ecossistema, provocando alterações na biodiversidade do local e nas vizinhanças, intoxicando trabalhadores e contaminando o produto final. Uma das alternativas que vem sendo estudada para o controle de pragas é a utilização de produtos de fontes naturais, como plantas, microrganismos e até animais.

Foto: IBPM 

Figura 1. Capim-santo

 

Em áreas preservadas, ou seja, sem a intervenção humana, existem interações entre os organismos e plantas, entre microrganismos e animais, cada um se adaptando ao longo do tempo, para garantir a sua sobrevivência. É cada vez mais evidente que a diversidade química nas plantas é fruto dessa intensa interação com os outros organismos e até com as próprias plantas. Essa capacidade de produzir diferentes compostos químicos é que tem garantido a sobrevivência das plantas por tanto tempo, dominando extensas áreas do planeta. Se as plantas têm se defendido por tanto tempo de seus agressores, apenas com recurso de produzir substâncias que afastam seus predadores, deve-se utilizar estas plantas com a finalidade de obter uma forma de atacar apenas o organismo que esteja prejudicando a planta, com a vantagem de não poluir o ambiente.

Foto: IBPM 

Figura 2.Eucalipto

 

No processo de interação planta-predador, a vantagem de sobrevivência é daquele que conseguir produzir defesa mais eficiente e específica, ou seja, afastar apenas o predador, sem afetar os organismos úteis, como os polinizadores ou dispersores das sementes, no caso das plantas.

Os compostos produzidos pelas plantas podem ser inibidores alimentares, repelentes, tóxicos, semelhantes aos diversos hormônios de insetos, antimicrobianos e até inibidores da germinação e do crescimento de outras plantas.

Um tipo de componente das plantas que tem sido utilizado durante anos, nas áreas médica, cosmética, alimentar e mais recentemente, no controle de insetos e microrganismos, chama-se óleo essencial, produzido por algumas plantas, não se tratando de um componente apenas, mas de uma mistura complexa de substâncias. 

Foto: IBPM 

  

Figura 3. Hortelã

 

Em estudos realizados com plantas do Pantanal (ecossistema com poucos estudos envolvendo química de plantas) têm-se exemplos de plantas aromáticas com atividade biológica, como é o caso da Hortelã-brava (Hyptis crenata) e do Capim-limão. A primeira apresenta ação vermífuga e ação para problemas respiratórios e tem como principal componente a cânfora e pinenos (terpenóides).  A segunda, o óleo essencial tem como principal componente o Citral, que embora seja um capim, não é apropriado para alimentação do gado-leiteiro, visto que um princípio contido nessa planta transmite um sabor amargo ao leite. Entretanto, ele é usado para rebrotamento de outras plantas de pastagem.