Bioma Caatinga
Apícolas
Autor
Lúcia Helena Piedade Kiill - Embrapa Semiárido
A criação de abelhas na Caatinga está diretamente associada à presença de flora apícola que possa fornecer recursos para a alimentação e a manutenção dos ninhos. O conjunto de plantas dessa flora que fornece esses recursos para abelhas varia de um local para outro em função de vários fatores: a diversidade de espécies, o número de indivíduos de cada espécie, diferenças no fornecimento de recursos alimentares, como a concentração de açúcares no néctar e/ou proteínas no pólen, entre outros. Dessa forma, o pasto apícola pode ser influenciado pela quantidade, diversidade e distribuição das plantas, como também pelo tipo de recurso oferecido e pelo período de sua floração. Como uma determinada espécie vegetal pode apresentar características diferenciadas no fornecimento de recursos florais (pólen, néctar, resina, óleo) para as abelhas, conforme as, condições de solo e clima em que se encontra, o inventário da flora apícola deve ser regional, pois uma espécie considerada excelente produtora de algum destes recursos em uma região pode não o ser em outra.
Nesse sentido, a flora da Caatinga vem sendo inventariada de forma quantitativa e qualitativa, com o objetivo de incrementar a produtividade das abelhas. Estudos realizados já identificaram cerca de 120 plantas visitadas por abelhas melíferas (Apis mellifera), entre árvores, arbustos, herbáceas e cipós (Figura 1a,1b), fornecendo néctar e/ou pólen como recompensa floral.
Entre as árvores destacam o juazeiro (Ziziphus joazeiro), a aroeira (Myracrodruon urundeuva), a baraúna (Schinopsis brasiliensis), a umburana de cheiro (Amburana cearensis) e a quixabeira (Sideroxylon obtusifolium). Todas elas, por apresentarem floração durante o período seco, são importantes fontes de alimento para as abelhas no período em que a Caatinga apresenta pouca oferta de recursos florais.
Entre os arbustos, encontram-se as juremas (Mimosa spp.), os marmeleiros (Croton spp.) e as embiras que florescem no período chuvoso e por um período de tempo curto, cerca de 15 dias.
Entre as herbáceas estão as malvas (Sida spp.), as poais (Richardia spp.) , os ervanços (Borreria sp.), enquanto que entre os cipós estão as jetiranas (Ipomoea spp.) e os maracujás (Passiflora spp.), cuja floração está associada à ocorrência de chuvas. Assim, a composição do estrato herbáceo pode variar de anos chuvosos para anos secos.
Foto:Ana Rosa Carvalho ,2007 Foto:Paloma Pereira ,2007
Figura 1 : Plantas visitadas por abelhas melíferas. (a) - marmeleiro (Croton sonderianus – Euphorbiaceae), (b) quixabeira (Sideroxylon obtusifolium -– Sapotaceae).
O conhecimento da flora de uma região é uma etapa importante para a exploração racional e programas de conservação das abelhas. Ele facilita as operações de manejo, assim como a identificação, a preservação e a multiplicação das espécies vegetais que tenham esta finalidade.
Para a apicultura fixa, a flora é uma fonte imprescindível que garante a sobrevivência das abelhas. Desta forma, o desequilíbrio ecológico e o desmatamento afetam a criação de abelhas, ao alterar ou diminuir a oferta de alimento para esses animais. É fundamental o incentivo aos apicultores para preservar a vegetação nativa e manejá-la de forma adequada à formação de pasto apícola.