Bioma Cerrado
Mata Ciliar
Autores
José Felipe Ribeiro - Embrapa Cerrados
Bruno Machado Teles Walter - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
FORMAÇÃO FLORESTAL
MATA CILIAR
Foto: Bruno Machado Teles Walter
Vista geral do tipo tipo de vegetação florestal Mata Ciliar
Ocorrência | Acompanha os rios de médio e grande porte da região do Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias. Em geral essa Mata é relativamente estreita, dificilmente ultrapassando 100 metros de largura em cada margem. É comum a largura em cada margem ser proporcional à do leito do rio, embora em áreas planas a largura possa ser maior. Porém, a Mata Ciliar ocorre geralmente sobre terrenos acidentados, podendo haver uma transição nem sempre evidente para outras fisionomias florestais como a Mata Seca e o Cerradão. Diferencia-se da Mata de Galeria pela forma de queda das folhas e pela composição florística. Na Mata Ciliar há diferentes graus de queda das folhas na estação seca enquanto que na Mata de Galeria as plantas nunca perdem inteiramente as folhas. Floristicamente é mais similar à Mata Seca, diferenciando-se desta pela associação ao curso de água e pela estrutura, que em geral é mais densa e mais alta, com elementos florísticos específicos no trecho de contato com o leito do rio. |
Características Gerais | As árvores, predominantemente eretas, variam em altura de 20 a 25 metros, com alguns poucos indivíduos emergentes alcançando 30 metros ou mais. As espécies típicas são predominantemente do tipo que perdem as folhas (caducifólias), com algumas sempre-verdes, conferindo à Mata Ciliar um aspecto semidecíduo. Ao longo do ano as árvores fornecem uma cobertura arbórea variável de 50 a 90%. Na estação chuvosa a cobertura chega a 90%, dificilmente ultrapassando este valor, ao passo que na estação seca pode até mesmo ser inferior a 50% em alguns trechos. |
Principais Espécies | Como espécies arbóreas freqüentes podem ser citadas: Anadenanthera spp. (angicos), Apeiba tibourbou (pau-de-jangada, pente-de-macaco), Aspidosperma spp. (perobas), Casearia spp. (guaçatongas, cambroé), Cecropia pachystachya (embaúba), Celtis iguanaea (grão-de-galo), Enterolobium contortisiliquum (tamboril), Inga spp. (ingás), Lonchocarpus cultratus (folha-larga), Sterculia striata (chichá), Tabebuia spp. (ipês), Tapirira guianensis (pau-pombo, pombeiro), Trema micrantha (crindiúva), Trichilia pallida (catiguá) e Triplaris gardneriana (pajeú). Também pode ser comum a presença das palmeiras Syagrus romanzoffiana (jerivá) em pequenos agrupamentos, e Attalea speciosa (babaçu) em locais abertos (clareiras), geralmente de origem antrópica. O número de espécies de Orchidaceae epífitas é baixo, embora as espécies Encyclia conchaechila ( = E. linearifolioides ), Oncidium cebolleta, O. fuscopetalum, O. macropetalum e Lockhartia goyazensis sejam freqüentes na comunidade, tal qual ocorre nas Matas Secas que perdem parcialmente as folhas (Semidecíduas) e aquelas que perdem totalmente as folhas (Decíduas). Diferentes trechos ao longo de uma Mata Ciliar podem apresentar composição florística bastante variável, havendo faixas que podem ser dominadas por poucas espécies. |
Ilustração
Ilustração: Wellington Cavalcanti
Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Mata Ciliar representando uma faixa de 80 m de comprimento por 4 m de largura nos períodos seco (maio a setembro) e chuvoso (outubro a abril).