Mercado Local

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Claudenor Pinho de Sá - Consultor autônomo

Francisco de Assis Correa Silva - Embrapa Rondônia

 

O principal produto a ser enfocado é a madeira manejada e certificada com o selo FSC, da sigla em inglês Forest Stewardship Council, e em português Conselho de Manejo Florestal. Considerando que este selo foi obtido em outubro de 2003, o produto das explorações dos anos anteriores foi comercializado no mercado local como madeira manejada. Neste aspecto, a madeira comercializada teve uma concorrência com a madeira obtida de forma ilegal, muitas vezes predatória, o que representa uma concorrência desleal, pois esta última detém menor custo de exploração.

A capacidade de exploração florestal anual prevista oscila entre 400 e 800 m3 de madeira em tora, dependendo do Plano Operativo Anual (POA). Esses volumes referem-se à capacidade de produção individual que é de 5 a 10 m3 por propriedade/ano, explorados na área total de cada talhão, com tamanho de 4 ha cada. Historicamente, a exploração média foi de 10 m3 por propriedade/ano, descartando os produtores que nada exploraram.

A exploração refere-se a uma área manejada de aproximadamente 800 ha. No inventário do Plano de Manejo, relativo ao talhão de 2003 em exploração no ano de 2004, foram registradas 132 espécies madeireiras. No entanto, considerando somente as espécies com possibilidade de comercialização, tem-se um volume de madeira bruta em torno de 584 m3. Depois de processada são obtidos 292 m3 de madeira beneficiada, o que corresponde a uma produção média de 15,39 m3 por propriedade.

Desde o início do projeto, a comercialização da madeira proveniente do manejo ocorreu de forma fragmentada e dispersa no mercado local, compreendendo pequenas marcenarias e movelarias (blocos e pranchões), ou diretamente para a construção civil (peças, longarinas, ripas, tábuas, etc.), porém em pequenas quantidades (máximo 3 m3  por lote de cada produtor). Desta forma, não se identificam compradores que tenham se destacado pelo volume adquirido. Ainda assim, em diagnóstico realizado com os produtores foi possível agrupar a destinação da produção de acordo com o público comprador.

Como reflexo da prática de comercialização individual e da concorrência com a madeira clandestina, os produtores sem nenhum poder de barganha, em função dos baixos volumes, eram obrigados a aceitar os baixos preços impostos pelos compradores. Com isto, alguns produtores percebiam a atividade como inviável e eram obrigados a conviver também com a inadimplência dos compradores. 

Vale registrar que o mercado local não reconhecia a madeira manejada como um produto diferenciado, fato que teve grande reflexo no preço da madeira recebida pelos manejadores. Neste aspecto, no histórico das vendas no mercado local (1997-2003), os madeireiros/atravessadores que atuam na ilegalidade, explorando a floresta de forma predatória e ofertando no mercado madeira clandestina são vistos como concorrentes.

A atuação no mercado ocorre com a prática de preços inferiores ao da madeira manejada, atendendo a serrarias e depósitos normalmente irregulares no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Além disso, durante o verão ocorrem desmatamentos em áreas de até 3 ha sem grandes entraves burocráticos. Essa produção abastece o mercado local de pequenas movelarias e marcenarias.