Sistema Plantio Direto
Características do Sistema Santanna
Autores
Nilvo Altmann - Consultor autônomo
Aurélio Pavinato - Consultor autônomo
Mário Penteado - Consultor autônomo
Alceu Richetti - Embrapa Agropecuária Oeste
Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos
Para que este modelo de produção seja adotado é fundamental que o agricultor já tenha ultrapassado todas as etapas de implantação do Sistema Plantio Direto (SPD) descritas no item Fazendo Certo. Isso significa que o manejo conservacionista do estabelecimento agrícola, já está estabilizado e consolidado, o que, em alguns casos, pode levar de 4 a 6 anos. Nessa fase, os efeitos benéficos do SPD na qualidade do ambiente e na situação socioeconômica do estabelecimento rural agrícola estão claramente expostos. Além disso, considera-se, também, que todas as limitações e dificuldades já tenham sido ultrapassadas e devidamente adequadas.
O Sistema Santanna tem as seguintes características gerais:
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uso de alto nível de manejo tecnológico, definido pela aplicação das técnicas oficialmente recomendadas para as diferentes culturas bem como das boas práticas agrícolas conservacionistas;
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a escala de produção é de média a alta, sendo de 400 ha a área mínima recomendada, embora possa ser adotado por unidades menores desde que se tenha alternativa de terceirização de algumas atividades;
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tratam-se, a princípio, de aplicações tecnológicas da chamada agricultura moderna convencional (alto uso de insumos externos), mas pode, ao longo do tempo, ser convertido para sistemas orgânicos ou com menor uso de insumos;
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é altamente mecanizado, exigindo, em certos casos, investimentos iniciais e para manutenção do parque de máquinas e equipamentos, relativamente altos;
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as atividades produtivas se desenvolvem durante o ano todo, portanto, não se trata de sistema de produção para uma determinada época do ano;
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os cultivos são de sequeiro, dependem, portanto, do melhor uso do período e da distribuição das chuvas, ao longo do ano;
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é composto por sub-sistemas: 1. Algodão - constituído pela sequência nabo forrageiro - milheto - algodão, 2. Soja - que abrange apenas a cultura da soja e, 3. Milho – composto pela sequência nabo forrageiro - milho (Figura 1);
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os objetivos principais são a produção de grãos de soja e de milho e de fibras (pluma e caroço) de algodão. Secundariamente, podem ser incluídas, as alternativas de produção de grãos de nabo forrageiro e, também, de possíveis substitutos à esta cultura, como a colza ou o crambe (óleo para biodiesel). O milheto visa à cobertura do solo;
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é específico para a região Sudoeste do Brasil Central ou para condições de solo e de clima semelhantes aos dessa região.
Figura 1. O Sistema Santanna: as culturas e as épocas de semeadura. |
A região Sudoeste do Brasil Central é, aqui considerada, a delimitada pelo quadrilátero definido pelas coordenadas 54°45’ W – 49°15’ W e 16°30’ S - 19°30’ S, excetuando-se a área da depressão do Pantanal (Bacia do Alto Rio Taquari). Também chamada de "Berço das Águas" (Fig. 2) apresenta algumas das principais nascentes dos rios Araguaia, Paraná e Paraguai. Nela predominam as áreas de Chapadas ocupando planaltos com altitudes entre 300 e 900 m, com Latossolos Vermelhos argilosos, clima tropical Aw (estação chuvosa no verão e estação seca no inverno) e Cerrado como cobertura vegetal original dominante.
Figura 2. A Região Sudoeste do Brasil Central. |
A área do estabelecimento rural deverá ser de, no mínimo, 400 ha, pois, ao se subtrair 20% do total para a reserva legal, cerca de 3% (estima-se) para as áreas de proteção permanente, cerca de 1,5% para estradas, represas, etc. e, 0,5% para as construções e sede, restariam aproximadamente 300 ha de área útil para a condução do sistema de produção.