Sistema Plantio Direto
Semeadura
Autores
Luiz Alberto Staut - Consultor autônomo
Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos
Para a semeadura do algodoeiro recomendam-se as semeadoras-adubadoras, que trabalham em linhas, colocando as sementes no solo, em densidade, espaçamento e profundidade recomendados para o algodoeiro e, ao mesmo tempo, deposita o adubo na profundidade e doses indicados. O uso dessas máquinas facilita os tratos culturais e o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
O dimensionamento das máquinas interfere na qualidade do processo produtivo e, principalmente, na qualidade e quantidade da produção final. Máquinas menores e em menor número do que o necessário para a área a ser semeada, demandam maior velocidade de trabalho para que a semeadura se dê na época adequada, aumentando a chance de falhas ou alteração do estande, dificultando o controle de plantas daninhas e diminuindo a produtividade. Deve-se considerar que a semeadora-adubadora trabalhando a 5,5 km/hora, semeia de 25 a 35 ha, a cada oito horas de trabalho.
A semeadura deve ser feita em nível, o que diminui a erosão e evita, ao máximo, os arremates. Estes, além de diminuírem o rendimento da operação de semeadura, podem promover remontes de linhas aumentando o gasto de semente e dificultando os tratos culturais durante o ciclo da cultura.
A uniformidade de distribuição das plantas dentro da linha de cultivo é tão importante quanto a população de plantas (n° de plantas m-2). Falhas na distribuição de sementes levam a perdas por baixo estande ou por competição intraespecifica (entre as plantas). A qualidade da semeadura é definida no momento em que as sementes são adquiridas, pois semente de boa qualidade implica em regulagens mais simples, precisas e satisfatórias. Por isso as sementes devem ser de alta qualidade, puras, padronizadas e com alto poder germinativo. Sementes com a qualidade requerida e semeadora bem regulada induzem a distribuição ideal, não havendo necessidade de raleação (arranquio de plântulas para que o n° de plantas/m2 fique próximo ao ideal).
Durante a semeadura, a regulagem da semeadora pode sofrer modificações, devido a variações na superfície do terreno, na umidade e no teor de argila do solo. Portanto, recomenda-se aferir periodicamente essa regulagem.
A semente deve ser depositada entre 2,5 a 3,0 cm de profundidade no solo e, o fertilizante deve ficar no mínimo 5 centímetros ao lado e abaixo da semente. Quanto maior o índice salino ou ácido do adubo mais distante este deve ficar da semente.
Para a semeadura, a umidade do solo deve estar próxima da capacidade de campo (nesse caso, ao se apertar um punhado de terra entre os dedos, a terra adquire a forma de um cilindro, por ex., sem produzir excesso de água que escorreria entre os dedos). Isso permitirá boa geminação e favorecerá a emergência uniforme. A germinação ocorre entre 18 e 24 horas após a reidratação da semente e, a emergência, de quatro a dez dias após a semeadura. No chamado "plantio no seco", a semente permanecerá viável (considerando que as sementes são previamente tratadas) no solo, germinando após as primeiras chuvas.
A temperatura ótima do solo para a germinação das sementes do algodoeiro é de 25°C a 30°C. Temperaturas baixas (~ 11°C) ou elevadas (>40°C) prejudicam a germinação do algodoeiro. Quando a umidade do solo é excessiva o teor de oxigênio disponível é muito reduzido fazendo com que o crescimento inicial das raízes seja paralisado. A germinação pode ainda não ocorrer devido a casos de impermeabilidade do tegumento, a substâncias inibidoras (acido abscísico) produzidas pela própria semente e a teores elevados de alúminio (Al+3) no solo (fato este que não se espera que ocorra no SPD pois, entre outras ações, antes da implantação aplicou-se corretivos e, a cada dois anos, novas aplicações de calcário devem ter sido realizadas).
A população de plantas por unidade de área tem forte relação com a produtividade final. Recomenda-se que haja de 80 mil a 120 mil plantas ha-1 para o espaçamento entre fileiras de 0,80 a 0,90 m, com 8 a 12 plantas m-1 de linha. Qualquer alteração no espaçamento e na densidade de plantas deve ser feita com muito critério, uma vez que, pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento do algodoeiro e, neste caso, sugere-se manter de 8 a 12 plantas m-2.
Deve-se cuidar para que o espaçamento entre fileiras obedeça ao espaçamento das linhas da colheitadora. Nesse sentido, a semeadora deve ter o mesmo numero de linhas da colheitadora ou pelo menos, obedecer a seus múltiplos. Além disso, o espaçamento entre fileiras pode se constituir em excelente forma de controle de plantas daninhas, pois tanto o início, quanto a duração do período critico da competição planta daninha x algodoeiro, dependem do espaçamento dessa cultura.
A semeadura do algodoeiro ocorre, em geral, na segunda quinzena de dezembro na região Sudoeste do Brasil Central. A cultivar pode ser a Delta Opal (verificar sugestões de cultivares em Sistema de Produção para o Brasil Central – Informações Complementares), semeada no espaçamento de 91 cm entre linhas, perfaz a quantidade de 11 kg ha-1 de sementes.
No tratamento das sementes (atenção: verificar quais os tratamentos que foram realizados pelo fornecedor de sementes) aplicam-se fungicidas e inseticidas, numa mesma operação, com equipamentos específicos. Os fungicidas e doses são: tolifluanida (16,8 g ha-1 ou 300 g do produto comercial/100 kg de sementes) + pencicurom (4,9 g ha-1 ou 150 g do produto comercial/100 kg de sementes) + triadimenol (3,9 g ha-1 ou 200 g do produto comercial/100 kg de sementes). Os inseticidas e doses são: tiametoxam (2,7 g ha-1 ou 300 g do produto comercial/100 kg de sementes) + dietolato (protetor contra fitotoxidez do herbicida clomazone) na dose de 108 g ha-1 de pc (produto comercial).
A adubação feita na linha de semeadura deve conter nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, zinco, boro, cobre e manganês. Trinta e cinco porcento do potássio são aplicados na linha e, o restante, em cobertura.